terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Como os museus podem contribuir com a educação e ampliar o repertório cultural

Do Blog Centro de Referências em Educação Integral/Jornal GGN

Por Ana Basílio e Jéssica Moreira

Os museus são espaços de memória e possibilitam o encontro da educação com a cultura. Além de serem locais de grande contribuição histórica, podem estabelecer diálogos diferenciados entre alunos e professores e diversificar as fontes de aprendizagem, já que contam com a interação de diversos atores, como especialistas, moradores, colecionadores, enfim, pessoas e obras que tenham a dizer sobre uma determinada cultura ou período histórico. Essas características também fazem dos museus locais de pesquisa e de cidadania.

A educação museal valoriza uma aprendizagem que extrapola os muros da escola e interage com a cidade em suas múltiplas dimensões. A ideia converge para o conceito de educação integral que prevê, entre outras coisas, a construção do conhecimento a partir da integração da escola com outros equipamentos públicos, como ONGs e instituições de outras naturezas, que estimulem a aproximação de alunos com atividades extracurriculares.

Nesse contexto, se evidencia o papel formador dos museus e também a demanda de que se estabeleça nesses locais áreas educativas que possibilitem uma maior interação com o público professores e alunos. As visitas e passeios a esses endereços podem render boas reflexões e debates; no entanto, a navegação pelos sites dos museus e a possibilidade de tours virtuais nos estabelecimentos também são uma oportunidade de pesquisa e desenvolvimento.

Aproveite a lista do Mundial de Educação e trabalhe os museus virtuais como ferramenta de aprendizagem entre seus alunos.

No Museu Virtual de Brasilia, em Brasília (DF), é possível ter acesso ao histórico do museu, bem como à sua midiateca, que reúne quatro vídeos da construção de Brasília; é possível planejar a exibição de um filme por aula e fazer um trabalho de pesquisa mais aprofundado sobre cada período a partir de questões: Qual o cenário brasileiro na época da construção de Brasília? Quem foram as primeiras pessoas a morar em Brasília (de quais classes sociais?). Para apoiar o trabalho, utilize os documentos disponíveis para download – é possível baixar documentos do Plano Piloto – e consultar a linha do tempo da cidade. Em um tour virtual, é possível visitar a Catedral, o Catetinho, o Congresso Nacional, o Pontão do Lago Sul, a Ponte JK e a Torre de TV

O Museu Casa de Portinari fica localizado na casa onde Cândido Portinari residiu durante sua infância e juventude, na cidade de Brodowski, interior de São Paulo (SP). O local é um convite ao conhecimento sobre a obra do artista, sua vida e questões ligadas ao seu tempo. Além de inspirar um trabalho de pesquisa, a obra de Portinari pode ser pano de fundo para um trabalho artístico junto aos alunos. A sugestão é que cada aluno identifique um traço marcante de sua obra e a reproduza em uma criação própria – é possível utilizar cartolina, canson ou outro material de sua preferência. No site ainda é possível realizar uma visita virtual, e visualizar algumas dependências do estabelecimento como fachada, entrada, quarto do artista, ateliê, cozinha, entre outras.

O Museu da República, que ocupa o antigo Palácio do Catete, que durante 63 anos foi o coração do Poder Executivo no Brasil, é um convite à retomada histórica no Rio de Janeiro (RJ). Os professores podem explorar o contexto da inauguração do museu, pedindo que os alunos identifiquem pontos econômicos, políticos e sociais do Rio de Janeiro no período. Outra possibilidade é avaliar a arquitetura local, seus traços marcantes, e estabelecer comparativos com as formas arquitetônicas modernas, de forma a explorar as características de cada sociedade. Por meio de um tour virtual, é possível conhecer algumas dependências do museu e colher informações épicas.

É no Museu de Artes e Ofícios – MAO, localizado na Estação central de Belo Horizonte (BH), que está representado o acervo do universo do trabalho, das artes e dos ofícios no Brasil, No espaço é possível encontrar objetos, instrumentos de trabalho e utensílios do período pré-industrial brasileiro. Professor, é possível convidar os alunos a conhecer mais sobre a vida pré indústria para que entendam como era a relação do homem com o trabalho antes da chegada das máquinas; como eram as produções; os custos; a demanda pelos produtos. O acervo do museu foi doado por uma colecionadora e empreendedora cultural Angela Gutierrez; a partir dessa informação, é possível pedir que os alunos pesquisem sobre outros colecionadores da região – o que pesquisam, há quanto tempo, quantas peças têm e qual a contribuição dessas pessoas com a memória e com a história de um território.

Em 2013, a capital do estado do Mato Grosso, Cuiabá, comemorou 294 anos. Em homenagem à cidade, o Núcleo de Documentação e Informação Histórico Regional da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com o Museu da Imagem e do Som (MISC), organizou uma exposição virtual  reunindo 35 imagens históricas sobre o cotidiano da população capital mato-grossense e suas manifestações culturais. Os destaques  foram para as transformações que a cidade sofreu ao longo do tempo, como obras de pavimentação; festa de São Benedito; ou o carnaval cuiabano. A exposição virtual é uma boa pedida para professores que desejam mostrar aos alunos que a história de uma cidade se dá além de monumentos oficiais; que ela se constitui também por meio de manifestações artísticas e urbanas, que ditam o modo de viver de determinada população. Os professores podem pedir aos estudantes que procurem em casa ou bibliotecas de seus bairros ou cidades imagens que demonstrem essa história “não contada” das ruas e moradores locais.

O site do Museu da Bacia do Paraná é uma possibilidade para entrar em contato com a história da região norte do Paraná. O espaço funciona na primeira casa de Maringá, imóvel onde residiu Alfredo Werner Nyffeler e sua família, o primeiro morador da região. No endereço é possível encontrar uma exposição virtual com fotos de personalidades e espaços públicos da cidade. Professor, visite as fotos juntos com os alunos e extraia o máximo de informações da cidade. Você pode pedir que os alunos contem a história de suas vidas, por exemplo, para que eles entendam como as fotografias podem construir uma narrativa ou resgatar memórias.

Em uma linha do tempo de 1920 a 1960, o Museu Virtual do Transporte conta a história de Fortaleza (CE) por meio do transporte urbano. Imagens remontam ao tempo que o transporte ainda era feito por tração animal, inaugurado em 1880, dando início ao transporte de passageiros por bondes em Fortaleza. Depois, esse tipo de transporte deu espaço aos bondes elétricos e, mais tarde, aos ônibus movidos a gasolina, como se conhece nos dias de hoje. São diversas fotos, com as quais os professores podem trabalhar diversas disciplinas, como física e química, para falar sobre a manutenção desses modelos e formas de combustão. Além disso, os professores podem utilizar o museu virtual para explicar a importância do transporte nos espaços urbanos, como ele foi se transformando e fazer também um link com as recentes manifestações acerca do transporte público, que ocorreram em 2013.

A cultura indígena é bastante presente em Manaus (AM). Para evidenciar os hábitos e costumes indígenas e mesmo a contribuição desse povo no território, a sugestão é o site do Museu do Índio (Funai). O site permite pesquisa a partir de um acervo online de documentos. Professor, incentive os alunos a descobrirem quais tribos se encontram em Manaus e em quais regiões especificamente; ajude-os também a verificar o que a cidade modificou na vida dos indígenas; que tipo de adaptação teve de ser feita; quais são as principais necessidades desses povos.

O Museu do Ex-Voto- Casa dos Milagres, localizado no centro histórico da capital do Rio Grande do Norte, Natal, pode ser visualizado também pela internet, em uma página que permite ao usuário visualizar as principais obras de um total de 2.552. São diversas imagens sacras e objetos de santuários do Rio Grande do Norte, com destaque para a religiosidade das populações nordestinas. A mostra serve de resgate, valorização e preservação da cultura brasileira por meio de obras religiosas. O professor pode utilizar o tour para mostrar aos estudantes as peculiaridades da região nordestina, assim como trazer o artesanato e arte regional para dentro da sala de aula. É uma boa pedida também para fazer uma linha do tempo da história brasileira e das diversas manifestações religiosas existentes no país. Os professores podem pedir aos estudantes que façam desenhos sobre as principais formas de fé em suas cidades.

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) é uma referência em Porto Alegre (RS) no que diz respeito ao estudo, conservação e divulgação da arte, compondo um panorama abrangente de quase todos os movimentos artísticos que se desenvolveram na região desde meados do século XIX até a contemporaneidade. O endereço reúne obras e expressões de artistas gaúchos essencialmente na pintura, como Maristany de Trias, Leopoldo Gotuzzo, Libindo Ferras, João Fahrion, Edgar Koetz, Carlos Petrucci, e outros representantes de diversas gerações. Professor, é possível organizar os alunos para que pesquisem sobre a arte predominante na região, as diversas gerações da pintura e suas características marcantes e seus principais representantes. É possível organizar uma mostra no colégio sobre cada um dos artistas pesquisados, para que os alunos saibam da contribuição estética de cada um deles. Em paralelo, é possível estudar quais movimentos compunham a cena artística da Europa, América, explorando os nomes mais importantes.

Para quem ainda não conhece a capital pernambucana Recife (PE), vale a pena visitar o site Recife Virtual, do Governo Estadual Pernambucano, que possui uma página onde o internauta pode realizar um tour virtual pelos principais pontos turísticos do local: museus, teatros, parques, praças, entre outros. Aos professores, o site pode facilitar a localização de pontos históricos da cidade e também inspirá-los a realizar atividades que também resgatem os principais teatros, museus, praças e parques que estão em volta de cada unidade escolar.

Em Salvador (BA) a sugestão é o site da Fundação Casa de Jorge Amado. No endereço é possível encontrar a biografia do escritor e conhecer grande parte de suas publicações, além dos diversos prêmios que elas renderam. No mesmo endereço também está disponível a biografia de sua mulher e também escritora Zélia Gattai e algumas de suas publicações. Na área acervo estão disponíveis vídeos, fotografias e trabalhos acadêmicos realizados sobre Jorge Amado e suas principais características. Professor, o material pode servir de base para um trabalho de pesquisa sobre o escritor para que os alunos entendam as características marcantes de sua literatura; procure levantar as temáticas mais conduzidas por Jorge Amado e também explorar com os alunos como Salvador era retratado pelo escritor em suas obras.

Retirado em 14/01/14, daqui.

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