terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Rouanet em queda?

Mais um artigo para pensarmos sobre o financiamento ao setor cultural.

Do Cultura e Mercado

Por Patrícia Lima

Foto: FutUndBeidlO valor total captado via Lei Rouanet em 2013 não fugiu à regra dos últimos dois anos. O número de projetos apresentados e aprovados aumentou, mas o patrocínio diminuiu. Importantes captadores de recursos já previam essa redução do valor em relação aos anos anteriores e creditam a queda principalmente à diminuição dos investimentos da Petrobras, principal empresa patrocinadora e que, em 2013, encontrou um dos seus piores anos, perdendo cerca de R$ 40 bilhões em valor de mercado.

“Todas as outras empresas patrocinadoras também tiveram um resultado pior em relação ao ano passado”, afirma Sérgio Ajzenberg, da Divina Comédia. Para ele, isso gera insegurança por parte das empresas neste tipo de investimento. Além disso, ele acredita que a competição com as Copas das Confederações e do Mundo atrapalharam os investimentos em cultura no geral. De acordo com Ajzenberg, em 2013, a Divina Comédia diminuiu os resultados da Rouanet em 40%.

O responsável pelo projeto Fronteiras do Pensamento, Pedro Longhi, diz que está curioso para ver a captação final. “Para mim esse ano foi o mais difícil. Tive de trabalhar mais para captar menos”, relata. Ele afirma que o Fronteiras do Pensamento captou cerca de 15% a menos em 2013. As empresas que Longhi visitou tiveram uma margem lucro menor no ano. “A Petrobras é um grande exemplo. Acredito que por causa dela muitos projetos devem estar em situações trágicas”.

Renata Rödel, da Base 7, diz que apesar de sentir um “apertar do cinto”, era difícil afirmar se a captação foi menor porque a estratégia em relação à Rouanet, tanto por parte dos captadores como dos patrocinadores, é diferente hoje. “As empresas vieram nos dizer que preferem aportar a verba no começo de 2014, porque a maioria dos nossos projetos está marcada para o segundo semestre. E nós também temos que segurar um pouco os projetos aprovados. Antes era possível escrever um grande número de projetos e depois ir atrás de patrocinadores. Hoje não é mais assim. Temos que encontrar local e patrocinador primeiro.”

Perspectivas – Para Ajzenberg, 2014 será um ano melhor para a cultura devido ao esgotamento do investimento em esporte e ao fechamento de empresas como a GEO. Ele prevê um aumento de 10% a 12% no investimento cultural, com ou sem Rouanet.

Já Longui está preocupado. “Se a captação diminuir na mesma proporção em 2014, os produtores vão ter que repensar seus produtos. Parece haver uma nova realidade no mercado cultural – ou o foco das empresas está em projetos diferentes do meu, ou é uma mudança de quantidade de verba disponível no mercado mesmo”, afirma.

Para ele, a Copa do Mundo vai influenciar negativamente a cultura. “Tirei quatro eventos do calendário para não concorrer com os jogos, por exemplo. E tive uma reunião recentemente com um banco que me explicou que só vai investir em projetos que tenham alguma relação com a Copa”.

Renata Rödel confirma as impressões de Longui: “ A gente tem tido muita procura de mostras voltadas para a Copa.

Veja a comparação anual dos números da Rouanet abaixo:

tabela rouanet

*Matéria atualizada em 14/1, após informação de que a IMX não teve suas atividades encerradas, conforme havia sido dito por um de nossos entrevistados.

Retirado em 14/01, daqui.

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