terça-feira, 2 de outubro de 2012

Aline de Lima e sua turnê brasileira

Enviado por Samira Lima.

Retirado do site da SL Produtora em 02/10/12 do endereço:

http://slprodutoraentrevista.blogspot.com.br/2012/10/aline-de-lima.html?spref=fb

Acontece...

Por Rudã Macedo (*)

Em 1928, Alexander Fleming saiu de férias e esqueceu algumas placas com culturas de microrganismos em seu laboratório no Hospital St. Mary em Londres. Ao voltar, reparou que uma de suas culturas tinha sido contaminada por um bolor e à sua volta não haviam mais bactérias. Após alguns anos de estudo, foi concluída a descoberta da Penicilina, talvez o antibacteriano mais famoso da história. Dizem que as descobertas são feitas ao acaso, mas como dizia Pasteur: o acaso só favorece aos espíritos preparados e não prescinde da observação. E graças a essa curiosidade de tentar algo novo, ainda não experimentado, é que podemos contar hoje com uma das artistas mais autênticas no mundo da música. Aline de Lima, francesa de vivência e brasileira de nascimento e alma. Simples, humilde, direta e talentosa. Com o intuito de se formar em design, foi aos 19 anos pra Europa, porém a manifestação da música em sua alma lhe abriu portas por onde jamais esperaria poder passar. Possui três discos lançados e mais um em produção e está no Brasil, onde concedeu uma entrevista exclusiva a SL Produtora...

SL Produtora: Qual foi o teu primeiro contato com a música?

Aline: O primeiro é o da escuta, né? Aqui no Brasil a gente tem uma influência muito forte, muito rica, da MPB... Meu pai escutava muito samba, minha mãe gostava muito de Chico Buarque, Maria Bethânia, depois eu descobri Elis Regina, João Gilberto, Tom Jobim e, ainda, tive minha época de bandinhas de “7 de setembro”. Na minha escola, eles faziam um ensaio para o desfile do feriado, eu devia ter uns seis anos... E fomos eu e meu irmão. Foi o primeiro contato com a música que a gente teve. Pegamos umas latas velhas em casa e ficamos batendo, atrás da banda. E cantar, sempre cantei, mas nunca com consciência do que tava fazendo...

SL Produtora: E qual a lembrança mais especial na tua carreira?

Aline: Foi a gravação do meu primeiro disco, em Nova Iorque, em 2005. Gravei com o Paulo Braga. Eram composições minhas e eu fiz uma música inspirada no som da Elis Regina, de repente eu tava cantando e realizei: “meu Deus, é o Paulo Braga que tá tocando, aqui...” Isso foi bem especial, porque foi toda minha paixão da adolescência, acontecendo na minha frente... Na hora eu fiquei pasma, quase que eu não cantei. Foi muito especial.

SL Produtora: O Que te levou a cantar no exterior?

Aline: Na verdade eu não fui com essa intenção de cantar. Eu fui pra lá com o intuito de fazer ‘design’, nem cantava ainda. Comecei a cantar em 2002, só. O fato de estar no exterior, por outro lado, me empurrou. Ele me deu uma força. Talvez se eu morasse no Brasil, eu não fosse fazer música e tivesse continuado no desenho industrial porque era uma época de crise muito forte. Morando fora, você tá livre de pressão, então tem mais coragem de agir. Tentei pra ver o que rolava. O exterior ajudou com que eu me decidisse pela música. Foi sem querer...

SL Produtora: Como foi a vida por lá, nos primeiros anos?

Aline: Olha, eu tive uma sorte muito grande. Porque eu comecei, e três anos depois já estava em gravação, com contrato. Aconteceu muito rápido. Ficava com uma dor de barriga horrorosa, de ansiedade. Mas fiz com muita determinação, acho que foi isso que fez com que desse certo. Fazia barzinho, festivais pela França, piano bar... Fiquei um mês na Argélia, tocando 4h por dia, toda noite, sem folga... Cantei para o príncipe do Marrocos, semi amadora ainda. Tinha 1500 pessoas nesse dia, eu fui na cara de pau. Repertório de Jorge Bem, Mariza Monte, Trio Mocotó, bem animado. Dei sorte também, por ter como cantar um repertório tão bom, como esse. Além do que o pessoal lá valoriza muito as composições. Acham importante o artista ter o universo dele através da composição, isso me ajudou a progredir.

SL Produtora: Como o público respondeu à tua música?

Aline: Na verdade isso passou no primeiro disco. Tava com um repertório bem avançado, algumas demos... Quando caiu na mão da gravadora, eles gostaram bastante. Foi a mesma gravadora que fez o lançamento do Seu Jorge, lá. E já saiu o negócio bombando... Todo mundo superanimado, teve um trabalho de marketing excelente... Claro que ainda tinha a coisa do palco, tava ainda muito crua... Tinham cartazes enormes meus no metrô, foi um sonho. E o pessoal deu muito valor, o retorno foi muito bom. Tanto de público quanto de imprensa, foi impressionante. Nos dois primeiros discos eu rodei uns 12 países. Sempre bem recebida, e tudo que eu fiz por lá foi super bem programado, profissional. Reações muito positivas. Foi fundamental para o andamento da minha carreira.

SL Produtora: Você notou alguma diferença no cenário musical durante esse tempo que passou fora?

Aline: Sim. Quando eu toquei no Maranhão em 2010, até em Fortaleza. Na época que eu morava aqui ninguém ia ver um artista de composição que não tinha nenhuma música conhecida tocando em rádio. Ninguém fazia isso. Eu sinto que o povo brasileiro ta curtindo coisa diferente. Acho que é uma consequência da internet. Essa geração da internet faz com que as pessoas busquem coisas novas e descubram o que a mídia não vai mostrar de imediato.

SL Produtora: O que motivou a sua volta ao Brasil?

Aline: Eu saí muito novinha, daqui. Toda minha vida de adulta foi desenvolvida fora, com outros códigos, outra maneira de pensar... A questão do Brasil é uma necessidade pessoal. Sinto que pro meu equilibro pessoal é importante. Aqui, musicalmente falando, a generosidade é muito grande e você sente essa energia. Na França, é mais difícil você entrar nos grupos. É muito cada um por si, também. Eu gosto muito de músico, instrumentista. Fui até casada com um. Gosto da coisa de banda, gosto de estar com os caras e aqui é muito legal isso. Tem muita gente aqui que vale a pena, não que lá não valha, mas você acaba se adaptando ao pessoal de fora e fica vivendo como eles. Eu quero Brasil, quero voltar mesmo.

SL Produtora: O que mais te atrai no mundo da música, hoje?

Aline: O que mais me atrai hoje é essa interatividade. Quando eu era mais nova eu sonhava em poder falar com artistas, gente que eu gostava. Hoje em dia, você vai num Twitter da vida, e já pode ter esse contato. Pode ver os bastidores mais de perto, mesmo. Essa coisa da interatividade só faz ganhar. Tem menos intermediários, e eu adoro. Acho que tem trabalha com a arte tem um apelo pelo ser humano muito grande. Eu gosto muito de gente, acho o mais interessante essa coisa da interação. Além de poder experimentar as coisas e a liberdade que se tem pra isso.

SL Produtora: De onde vem a tua inspiração pra compor?

Aline: Ela vem do momento de bobeira, mesmo. Quando eu tô na correria não consigo compor, não. Tenho que saber que eu tô sozinha um pouquinho, que tô tranquila. Pro meu primeiro disco, eu acampei na casa de uma amiga minha. Fiquei dois meses compondo. Era a Disneylândia pra mim. Disco de vinil, CDs.. o processo criativo toma muito da sua cabeça. É até irritante responder telefonema, não quer que ninguém te incomode. Entre julho e agosto, que é o período de férias e lá na França fica vazio, Paris fica vazia... Esse peso já sai das suas costas, aí você começa a experimentar coisas... Além das fases da vida também e as influências, é claro. Eu gosto muito de música africana, e esse disco ‘Marítima’ junta tudo isso, as coisas do Atlântico, virando um pouco do que eu gosto de ouvir e ser.

SL Produtora: Sobre o que fala o teu novo disco?

Aline: Ele nem tem nome ainda (risos). Antes eu escrevia muito sobre a beleza e o modo brejeiro de quem vive no interior, e esse novo álbum diz mais sobre a vida na cidade, com sonoridade mais cosmopolita, mais urbana, coisas que eu nunca tinha composto antes.

SL Produtora: Qual a tua expectativa para o lançamento do novo disco?

Aline: Na verdade isso aqui, mais do que um lançamento de disco, é um lançamento de carreira. Eu tô fazendo o processo ao contrário, agora. Eu comecei uma turnê, pra depois gravar o disco. Eu acho que aqui é uma questão de lançar um artista além de um disco. Em termos de carreira, começou a marcar presença.

SL Produtora: O que o público pode esperar do novo trabalho?

Aline: Eles podem esperar coisas novas, pessoais e ao mesmo tempo podem ser compartilhadas. Eu tenho um chamego muito grande pra melodia, eu acho que pra quem compõe é uma vantagem ter a capacidade de criar melodias diferentes. Então tem cores diferentes de timbres, explorando mesmo a parte dos vocais, além de melodias diferentes.

SL Produtora: Qual o grau de influência que o seu trabalho tem sobre a sua vida e a tua vida tem sobre o trabalho?

Aline: São inerentes. Não tem como separar um do outro. Eu acho que sou louca por música desde sempre, sou muito fã de artistas. Voz de homem, de mulher... Sou apaixonada por músicas que me tocam... O fato de eu gostar de música influencia no trabalho, as pessoas com quem eu convivo, o lugar onde eu estou, influenciam também. Além do trabalho administrativo, que eu gosto muito também. O trabalho em si, te ensina a ter mais foco, o que ajuda a fazer evoluir o teu projeto. Estão sempre interligados.

(*) Rudã Macedo é  cantor, compositor, escritor e publicitário em potencial (ainda em fase de estudos) nasceu em 1994, no Rio de Janeiro. Por volta dos 3 anos de idade descobriu-se capaz de ler e escrever e hoje contribui para a SL Produtora como o responsável pela elaboração de textos de apresentação, releases e entrevistas.

Assista aqui ao vídeo da música "Upaon Açu", de Aline de Lima:

Turnê  2012: Brasil

Algumas capitais e municípios brasileiros receberão pela primeira vez o trabalho e o talento da artista Aline de Lima, cuja carreira foi primeiramente lançada na Europa em 2006, com seu bem sucedido CD de estreia, "Arrebol", produzido por Vinicius Cantuaria em Nova Iorque.

​A turnê brasileira recebera shows solo da artista, voz e violão, em sua maioria, onde apresenta suas belas composições. No Rio de Janeiro o show será completo, com banda, um quarteto formado com músicos locais, uma "vitrine" para a maranhense radicada em Paris, na França que sempre sonhou em se apresentar para os seus compatriotas.

AGENDA

21/09/12 - 20h : Solo au Bairro Alto (Paris)

30/10/12 - Teatro Cenotécnico Carlos B - Timon-MA (BR)

31/10/12 - Teatro do Boi - Teresina-PI (BR)

07/11/12 – Teófilo Otoni-MG (BR)

08/11/12 - João Monlevade-MG (BR)

09/11/12 - Belo Horizonte-MG (BR)

10/11/12 - Belo Horizonte-MG (BR)

23/11/12 - Cais do Oriente - Rio de Janeiro-RJ (BR)​​​

13/12/12 - Cité de la Musique (Marseille, FR)

22/12/12 - Maison Natura (Paris)​

15/04/13 - Espace Carpeaux (Courbevoie, FR)

Saiba e ouça mais Aline de Lima, aqui.

Confira a página no Facebook do Show em Teófilo Otoni.

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