Do ODC
Por Priscilla D´Agostini*
Quem atua no meio cultural certamente já se deparou, participou ou ajudou a construir um “projeto”. O projeto simboliza a possibilidade de concretização de ideias de diversos profissionais da área. No entanto, para além do preenchimento de formulários presentes nos distintos mecanismos de financiamento à cultura, o projeto precisa ser entendido como parte de um processo que requer um planejamento contínuo.
Diante da diversidade cultural do nosso País, é importante analisar o contexto no qual o projeto pretende se inserir, de forma a demonstrar a relevância da proposta apresentada. Trata-se de um diagnóstico prévio, de um olhar apurado sobre a realidade que se pretende intervir. Essa etapa é fundamental para a construção de uma proposta que tenha embasamento e pertinência.
A partir dessa análise, parte-se para a elaboração de um documento que pode ser denominado de proposta “matriz”. Essa proposta é constituída por uma parte técnica e outra conceitual que precisam estar equilibradas, de forma a demonstrar a viabilidade do projeto por meio de cronogramas, planilhas e planos de ação, e a sua relevância e pertinência, pela argumentação presente no texto.
O restante do ciclo de um projeto já é conhecido: parte-se para o direcionamento e adaptação do mesmo àsdiversas fontes de recursos, para a procura de parceiros em potencial e, posteriormente, para a execução, finalização e prestação de contas do projeto, sinalizando o seu fim. Com uma boa gestão, o ciclo de vida do projeto é conduzido nas condições propícias e dentro da qualidade esperada.
Retornemos à questão colocada inicialmente. Como o projeto pode ser parte de um processo se ele, por si só, é efêmero? Acredito que esse ponto representa o principal desafio para os gestores, artistas e tantos profissionais da cultura. É preciso um constante questionamento. Em que estágio a minha carreira artística está? O que já construí e o que almejo? Quais são as metas traçadas para a minha empresa? O que pretendo alcançar em dez anos?
Essas são questões fundamentais que, muitas vezes, são deixadas em segundo plano, devido à urgência constante em enviar propostas em tempo hábil, presentes nos diversos editais de financiamento. Em outras palavras: há a necessidade de inserir os projetos em uma perspectiva mais ampla de planejamento. Para além de traçar a justificativa, o objetivo e as etapas, os cronogramas e tantos outros itens que fazem parte de um projeto, é fundamental avaliar e traçar um planejamento prévio sobre os desdobramentos e continuidade almejados em determinada proposta, visando materializá-los em projetos futuros.
Obviamente, nada é engessado, cada percurso é vivo e pulsante. Para isso nos servimos de cada experiência, de cada erro e acerto: para a condução de projetos futuros, dentro de um planejamento macro, de forma que as propostas não se tornem iniciativas pontuais fadadas a um fim, embora promissoras. Aí se engendra a necessidade de monitorar a avaliar constantemente nossas ações. É necessário planejar para replanejar.
*Mestranda em Comunicação Social (Puc Minas) e professora do curso Desenvolvimento e Gestão Cultural do ODC
http://observatoriodadiversidade.org.br/site/o-projeto-como-processo/
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