O comércio de bens e serviços criativos totalizou montante recorde de US$ 624 bilhões no mundo em 2011 e mais do que dobrou entre 2002 e 2011. Ao mesmo tempo, a criatividade e a cultura também tiveram um significativo valor não-monetário que contribuiu para a inclusão social e o desenvolvimento, o diálogo e o entendimento entre os povos.
Essas são as principais conclusões da edição especial do Relatório de Economia Criativa da Organização das Nações Unidas “Ampliando os caminhos do desenvolvimento local”, lançado na última semana durante a conferência geral da UNESCO em Paris (França). Segundo o levantamento, entre 2002 e 2011, países em desenvolvimento aumentaram em média 12,1% seu crescimento anual na exportação de bens criativos.
“Enquanto cria vagas de emprego, a economia criativa contribui para o bem-estar das comunidades, auto-estima dos indivíduos e a qualidade de vida, alcançando assim o desenvolvimento inclusivo e sustentável. Num momento em que o mundo está a formulando uma nova agenda de desenvolvimento global pós-2015, devemos reconhecer a importância e o poder dos setores culturais e criativos como motores desse desenvolvimento “, afirmou Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO.
“[A cultura] capacita pessoas a tomar posse de seu próprio desenvolvimento e estimula a inovação e a criatividade que podem impulsionar o crescimento inclusivo e sustentável “, declarou Helen Clark, gestora do PNUD.
O relatório citou alguns exemplos de como a economia criativa pode melhorar os modelos de subsistência em países em desenvolvimento. Na Argentina, os setores da economia criativa empregam cerca de 300 mil pessoas e representam 3,5% do PIB. Em Marrocos, o setor de editoração emprega 1,8% da força de trabalho, com um volume de negócios de mais de US$ 370 milhões. O mercado de música superou os US$ 54 milhões em 2009 e tem crescido desde então. Em Bangkok (Tailândia), existem mais de 20 mil empresas na indústria da moda, enquanto em toda a região, jovens estão ganhando a vida como designers de pequena escala.
Na cidade de Pikine, em Senegal, a associação Africulturban criou a “Akademy Hip Hop”, que capacita jovens locais no em design gráfico e digital, produção de música e vídeo, gestão de promoção e marketing, aulas de DJ e inglês. O programa visa ajudar jovens profissionais da economia criativa a performar de forma mais efetiva nos mercados local e global que está em constante revolução artística e tecnológica.
Brasil – Quando se refere ao país, o estudo cita a criação da Secretaria da Economia Criativa, em 2012, e dos desafios enumerados pela primeira gestão do órgão. O relatório também ressalta iniciativas como o programa Rio Criativo, o road-show feito pelas secretarias da Cultura e do Turismo do Paraná em municípios do estado com foco em economia criativa e desenvolvimento local, além de diversas programas do Sebrae para fomentar esses segmentos.
No quesito financiamento, o estudo fala sobre a Lei Rouanet e a possibilidade que ela abre para que indivíduos e corporações possam investir no setor cultural e sobre o BNDES. “O Banco Nacional de Desenvolvimento tem concedido empréstimos para as indústrias do audiovisual, música, mídia e video-games desde 2006″, diz o texto.
O documento também utiliza a organização não governamental Vídeo nas Aldeias, que promove oficinas de cinema para comunidades indígenas, como um dos exemplos de “empoderamento de indivíduos e grupos sociais “que a economia criativa tem impulsionado.
Em artigo para o relatório, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, defende a transformação da cidade um hub econômico nas áreas de arte e cultura. Ele fez referência ao potencial turístico da capital paulista, ao carnaval de rua e afirma ter interesse em tornar São Paulo num espaço mais atrativo para cineasta nacionais e internacionais. “A cidadania cultural está na fundação da coexistência, e particularmente de um coexistência mais harmoniosa, e não o contrário. Esse é o caminho que São Paulo está tomando hoje, investindo todas suas forças na cultura e na cidadania”, afirmou no artigo.
O relatório chega a citar o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil sobre seu ponto de vista acerca da cultura como eixo de desenvolvimento. “[As políticas culturais atualmente são vistas como] um instrumento de emancipação, articulação global e liberdade humana no século XXI”.
A íntegra do relatório está disponível para download aqui.
*Com informações do site da UNESCO
Retirado do site Empreendedores Criativos em 20/11/13, daqui.
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