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Por Fernanda C. Castro · Belo Horizonte, MG
Durante muitos anos, o carnaval na capital mineira ficou por um fio. Não fosse o empenho das Escolas de Samba para manter os desfiles, a festa, especialmente a de rua, talvez não tivesse vingado, já que em nada lembrava o fuzuê provocado pelos corsos, os desfiles de carros alegóricos que subiam e desciam a Avenida Afonso Pena, logo que a capital foi construída. Nos últimos tempos, porém, Belo Horizonte parece ter se reconciliado com a folia. Neste ano, dezenas de blocos vêm desfilando pelas ruas da cidade, resgatando uma tradição que já foi muito forte. Segundo lembra o compositor Gervásio Horta, os blocos caricatos, que nos primeiros tempos reuniam apenas rapazes, eram formados em vários bairros de Belo Horizonte e organizavam seus ensaios carnavalescos ainda em janeiro.
A lembrança do compositor sobre os antigos blocos de rua faz parte da exposição 'Narrativas do samba e do carnaval em Belo Horizonte'. Organizada no Museu Histórico Abílio Barreto, pelo historiador e documentarista Marcos Maia, a mostra reúne fotos, matérias de jornal, cartazes, panfletos, discos e cd´s, além de depoimentos em vídeo de sambistas e compositores, que dão um panorama da história do carnaval belo-horizontino.
Com a voz embargada, o compositor Jadir Ambrósio conta em vídeo da emoção de ouvir o samba-enredo da “Pedreira Unida”, a primeira escola de samba de Belo Horizonte, fundada em 1937: “Aquilo era uma beleza!”, diz. Depois da “Pedreira Unida”, o carnaval das escolas de samba de Belo Horizonte foi se consolidando até se tornar o segundo mais famoso do Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. No fim da década de 1980, porém, “o carnaval morreu”, conta Gilson Mello, um dos fundadores do projeto “Faculdade do Samba”, que reúne sambistas da Velha Guarda de BH para fazer shows, gravar cd´s, constituir acervos e produzir documentários. Formado por nomes como Wilton Batata e Mestre Conga, o projeto tem conseguido resgatar a história do samba e contribuir para a revitalização do carnaval belo-horizontino, depois daquele período de declínio.
Além do trabalho da “Faculdade do Samba”, projeto que tem destaque na exposição do Museu Abílio Barreto, a mostra indica que a herança deixada pelos antigos foliões de rua de Belo Horizonte vem contaminando as novas gerações. É possível notar diversas semelhanças entre as fotos dos blocos caricatos de outrora e os de hoje. Muitos foliões nas ruas, muita alegria, descontração e a criatividade nas fantasias. Ano após ano, o morador da capital de Minas vai fazendo as pazes com o carnaval de todos os tempos.
Confira:
Exposição 'Narrativas do samba e do carnaval em Belo Horizonte'
Período: até 30/04/2013
Visitação: De terça a domingo, de 10h às 17h; quartas e quintas de 10h às 21h.
Museu Histórico Abílio Barreto: Av. Prudente de Morais, 202 - Cidade Jardim - Belo Horizonte/MG
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