Enviado por Daianne Prates
Retirado do Cultura e Mercado em 07/02/13 do endereço:
Por Raul Perez
Dividir o tempo entre o trabalho como produtor cultural e outras atividades para conseguir complementar a renda é uma realidade para 63% dos profissionais da área, segundo dados do Panorama Setorial da Cultura Brasileira, pesquisa patrocinada pela Vale e Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. O estudo indica que 77% destes produtores obtêm mais da metade da renda por meio dessas outras atividades.
A variação entre os valores recebidos pode ser um dos fatores que influenciam a estatística. Mais de 70% dos entrevistados pela pesquisa declararam que sua remuneração oscila de acordo com o trabalho realizado. Na atividade de produtores de audiovisual, essa porcentagem chega a 86%.
Em alguns casos, o dinheiro arrecadado é o suficiente apenas para pagar o trabalho empreendido, sem margem de lucro. “Oscila bastante, tem produção que paga as minhas contas, mas tem produção que coloco do bolso de outros freelas”, afirma a produtora cultural Adriana Barbosa.
Ela é uma das criadoras da Feira Preta, em São Paulo, evento que reúne uma série de produtos e serviços voltados à cultura negra. Apesar de já ter chegado a pensar em investir em outras áreas quando as contas no fim do mês não batiam, Adriana diz que nos últimos cinco anos, todo o sustento tem sido tirado do trabalho como produtora.
“Optei pela profissão, no início, por necessidade. Precisava me sustentar e a área de produção era algo que eu já fazia como assalariada e, depois, a produção cultural virou uma oportunidade, a ponto de eu trilhar um caminho de formação na área [ela é pós-graduada em Gestão Cultural pela Universidade de São Paulo]”, conta.
De acordo com a pesquisa, a renda média para um produtor cultural no Brasil gira entre R$ 5 mil e R$ 8 mil, faixa em que se encontram 38,8% dos entrevistados – o salário médio mensal de um profissional com ensino superior no Brasil é de R$ 3,6 mil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Experiência – O produtor brasileiro está envolvido, em média, há 14,5 anos com a profissão. Mais da metade dos entrevistados (54%) tem mais de 11 anos de experiência em produção cultural. Flávio Passos é um desses casos.
Formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e músico profissional há mais de duas décadas, ele acabou se tornando produtor cultural por causa do contexto, assim como é o caso de 47% dos entrevistados pela pesquisa. “Quando essa atividade [música] começou a se tornar profissão, havia no mercado uma carência muito grande de profissionais especializados em produção cultural”, explica.
“A demanda era bem maior que a oferta. Comecei produzindo meu próprio trabalho musical, a coisa foi evoluindo e a profissão de produtor cultural se sobrepôs à de músico”. Desde 2000, ele comanda a Central de Bandas, empresa que criou para fazer a produção de artistas da região Sul do país. Atualmente, são mais de 20 grupos no casting da agência.
Como empreendedor, a remuneração depende de como os negócios se comportam, mas ele afirma que consegue o sustento com o valor que recebe. “Optei por trabalhar com música, algo que amo e me satisfaz. Tenho o privilégio de viver e pagar minhas contas fazendo aquilo que gosto”, declara, colocando-se em um lugar diferente de grande parte daqueles que atuam como produtores culturais.
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