Recomendado por Guilardo Veloso.
Retirado do site d’OTEMPO em 05/02/13 do endereço:
Por Lygia Calil
Especial para O Tempo
No Carnaval do Recife, a festa só começa depois que os maracatus vão para a rua. Como lá, entre ritmo, dança e tradição, o grupo belo-horizontino Maracatu Lua Nova antecipa o Carnaval mineiro e lança hoje, na Funarte, seu primeiro CD, que resgata as origens e memórias desta manifestação folclórica. É o anúncio do Carnaval na cidade e também a comemoração de 10 anos do grupo.
Os convidados da festa são a Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Rosário, a Guarda de Moçambique Divino Espírito Santo e o grupo Ensaios - Samba do Seu Marcelo. A programação conta também com exposição de fotos do grupo.
"Maracatus do Recife" é a primeira gravação das 22 músicas escritas ao final do livro homônimo, do compositor e pesquisador carioca César Guerra-Peixe (1914-1993). As composições, de autoria desconhecida e domínio público, datam da virada do século XIX para o século XX. "O livro é a maior referência sobre o maracatu, muito usado por quem pesquisa e se interessa pelo assunto. Nesse guia, as músicas foram detalhadas, não só com as partituras, mas também em seus rituais. E foi isso que gravamos: um material que quase se perdeu no tempo", diz o fundador do grupo, André Salles-Coelho.
Além da comemoração da primeira década de história, o Maracatu Lua Nova também vai inaugurar um novo jogo de uniformes e adereços, nas cores oficiais, azul e laranja. Ainda segundo Salles-Coelho, quem for à Funarte pode esperar a antecipação do Carnaval, um pedacinho do Recife em Belo Horizonte.
Para a exposição, o grupo reviu o seu arquivo de mais de 3.000 fotos. Entre elas, foram selecionadas cerca de cem de momentos marcantes, como a primeira apresentação, a primeira visita à sede, além de viagens, apresentações, ensaios e gravações.
Particularidades.O maracatu mineiro, de acordo com o fundador do grupo, tem suas particularidades. Comparado ao original pernambucano, o gingado de Minas Gerais é mais contido, quase tímido. E o Maracatu Lua Nova surgiu de uma vontade de tentar diminuir os quase 2.100 km de distância até o Recife. "Não é fácil ir até lá, ver ao vivo, então nos viramos por aqui mesmo", explica.
A história que começou com o grupo musical se desdobrou por várias outras atividades, em uma associação cultural sem fins lucrativos, que também oferece aulas e oficinas culturais.
A partir do Lua Nova, foram criados outros grupos que também têm na identidade o resgate de ritmos tradicionais brasileiros, como o grupo de coco Ouricuri, o de chorinho Caxinha de Phósphoro, o de música barroca Arandela e a Orquestra 415. "Foi um sonho que tomou caminhos que nunca imaginei. Quando o Lua Nova começou, achava que o máximo que iria acontecer seria tocarmos no Recife, o que nunca aconteceu. Mas nasceu tanta coisa legal que hoje nem penso mais na viagem", conta.
Mais de 600 pessoas já passaram pelas oficinas, aulas e ensaios do Lua Nova, nos quais aprenderam as noções básicas do ritmo, da dança e do ritual do maracatu. Hoje, são cerca de 60 integrantes. "Nunca é um número fixo, porque eventualmente as pessoas entram e saem do grupo e é sempre muita gente tocando junto. As nossas portas estão sempre abertas, entra quem quiser". Todos os sábados, o grupo realiza apresentações abertas ao público, sempre a partir das 16h, na sede na rua Dona Clara, no bairro Aparecida.
Agenda
Lançamento do CD "Maracatus do Recife", do grupo Maracatu Lua Nova
Quando:Hoje, às 19h
Onde: Funarte (Rua Januária, 68, Floresta)
Quanto: Entrada Franca
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente