Retirado da página do Facebook de Victor Maciel em 06/08/12.
Por Tarcísio Ribeiro Júnior
Numa ação espetacular com caminhão de bombeiros, mais de duas dezenas de carros oficiais entre defesa civil, polícia militar, bombeiros, vigilância sanitária, mais de 70 efetivos policiais e da defesa civil e duas emissoras de TV foi interditado e lacrado na ultima sexta-feira dia 03 de agosto de 2012 o Mercado das Borboletas- Incubadora de Artes. A fiscalização foi digna dos mais espetaculares filmes de Hollywood com direito a cães farejadores aguçando a curiosidade de toda a população que transitava naquele momento pelo centro de BH. Será um traficante famoso ou mais uma edição da novela Cachoeira? Não é apenas um movimento cultural que vem revitalizando o Mercado Novo há mais de 18 meses e o crime cometido é de promover a arte e cultura da capital mineira órfã de uma política cultural do poder público. O show foi digno do pensador e filósofo contemporâneo francês, Gui Debord, autor de “A Sociedade do Espetáculo”.
Quando chegamos ao Mercado Novo, há quase dois anos, encontramos no terceiro andar do prédio uma situação no mínimo insólita: 9000 m2 abandonados no hipercentro da capital. Se por um lado isso parece um absurdo, por outro nos pareceu uma dádiva divina pois seria o lugar ideal para montarmos nossa tão sonhada Incubadora de Artes e o Mercado de Arte, Cultura e Tecnologias Sócio-ambientais (projeto vencedor do concurso público para ocupação do Mercado de Santa Tereza).
Incubadora de Empresas é uma expressão utilizada para denominar empreendimentos de fomento setorial que buscam o surgimento e a capacitação de novas empresas, através da utilização de ferramentas compartilhadas ou consorciadas como a cessão de espaço físico, utilização de infraestrutura básica (inclusive, administrativa), programas de capacitação e assessoria técnica permanente aos incubados.
Tinhamos então finalmente achado o espaço ideal a partir daí nosso desafio passaria a ser sua efetivação e funcionamento pleno. Passadas as dificuldades iniciais e vários contratempos, iniciamos uma série de reuniões com vários coletivos de arte da capital e do interior, além de artistas, produtores, técnicos, enfim, toda a cadeia produtiva da arte. Realmente nosso problema era o mesmo que aborta tantos sonhos: fontes de financiamento, com a urgência que o pagamento de um aluguel mensal de R$ 20 mil nos impunha. Como nosso capital era intelectual e não financeiro, resolvemos nos auto patrocinar com nossa arte a partir da realização de diversos eventos mas principalmente de festas culturais num movimento sem precedentes na capital mineira. Nosso objetivo – O ESPETÁCULO – afinal é disto que o artista vive.
Infelizmente nosso sonho foi protelado pela interdição e lacramento de nossa fonte de financiamento, deixando sem local para trabalhar mais de cem profissionais e duas dúzias de empresas. Não questionamos de forma nenhuma o mérito, se algo em nosso processo estava errado o interesse maior em adequá-lo as normas vigentes é nosso, o que questionamos é a forma. O espetáculo deveria ser o objetivo dos artistas e não do poder público e seus diversos órgãos: polícia militar, bombeiros, polícia civil, defesa civil e vigilância sanitária. Se existe algo colocando em risco a população ou importunando seu sossego bastaria para tanto nos demonstrar quais são que seriam imediatamente sanados como serão ainda nesta segunda-feira. O que não conseguimos entender é a forma por isso fazemos algumas questões:
· É assim que o poder público agiria se fosse uma igreja?
· É assim que o poder público agiria se fosse uma indústria?
· É assim que o poder público agiria se fosse centro comercial?
· É assim que o poder público deveria agir?
Certamente não, pois dos quase 300 estabelecimentos comerciais que existem no prédio do Mercado Novo, o único a ser interditado foi o Mercado das Borboletas – Incubadora de Artes. O auto de autuação que publicamos em anexo, usa como argumento: “(...) em virtude de terem sido constatadas irregularidades no sistema de segurança contra incêndio e pânico da edificação em questão, (...) fica a edificação qualificada nesse REDS parcialmente interditada (...) “. O interessante é que dos 36 mil m2 da edificação em questão somente os 1300 m2 ocupados pelo Mercado das Borboletas foi interditado!!!!!!
Será que o direito ao trabalho é constitucionalmente diferente para profissionais da arte e do entretenimento ou será que a nossa atividade é mais nociva à saúde e segurança das pessoas?
Queridos parceiros, amigos, clientes e funcionários, a única coisa que posso dizer a vocês é que só vou parar de lutar morto. Portanto o possível e o impossível será feito para que o Borboletas volte a funcionar o quanto antes. Segundo palavras da Marina Silva neste sábado na CBN, com as quais concordo, “ Somente Deus faz o impossível, o possível tem que ser feito por nós.” Conto com a ajuda de todos vocês e Dele para ultrapassarmos mais este obstáculo.
Muito obrigado pelas inúmeras manifestações de solidariedade e apoio, um grande abraço com muito carinho,
Belo Horizonte, 04 de agosto de 2012
Tarcísio Ribeiro Júnior, idealizador do Mercado das Borboletas
E SE O TAL MERCADO DAS BORBOLETAS PEGA FOGO, IGUAL AO CANECÃO MINEIRO? QUEM SERIA O CULPADO? PARA UMA CASA DE SHOW TEM QUE TER O FAMOSO EIV, ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA... E ISSO TAMBEM NÃO FOI FEITO...
ResponderExcluirA SOCIEDADE TEM REGRAS...
Caríssimo,
ExcluirÉ justamente por esta preocupação que nós da Mucury Cultural ainda não nos arvoramos em uma iniciativa como estas. Aqui em Teófilo Otoni, no interior do Estado, há uma grande e corretíssima exigência dos órgãos fiscalizadores destes empreendimentos, e só faremos algo neste sentido, quando pudermos cumprir todos os requisitos.
A grande questão é, para além do planejamento, a forma como o caso Mercado das Borboletas fora tratado, com requintes policiais hollywoodianos, o mérito da ação é indiscutível, o povo segurança e sossego, como também cultura, não é?
Obrigado pela leitura do artigo e volte sempre em nosso blog!
Grande abraço.
Vamos ponderar os exageros do texto ok? Eu estava no prédio do Mercado Novo na hora do ocorrido e a coisa não foi bem assim não.
ExcluirEm primeiro lugar o caminhão do Corpo de Bombeiros foi chamado pela Defesa Civil, primeiro órgão fiscalizador a chegar no local na manhã daquela sexta-feira. E esse caminhão foi solicitado, bem como o fechamento imediato e temporário de todos os acessos ao prédio, porque havia uma telha pendente do telhado do terraço, a pelo menos uns 20 metros de altura. Era uma telha enorme, toda solta e com alto risco de queda pelo vão que dá acesso ao térreo, o que causaria uma tragédia atingindo carros e pessoas que ali transitam a todo momento. Enquanto o Corpo de Bombeiros não tirou essa telha, o prédio não foi reaberto pela Defesa Civil.
Continuando a esclarecer os fatos, não haviam cães farejadores no local, pelo menos não dentro do prédio. Realmente vários órgãos estiveram no prédio, representados por inúmeros funcionários que fiscalizaram não apenas o Mercado das Borboletas, mas TODAS as lojas do Mercado Novo. O próprio chefe do Corpo de Bombeiros presente no local disse que a partir daquele momento teria início uma operação pente fino em TODAS AS LOJAS. Sim, todas! Sem exceção!
Muitos estão questionando por que apenas o Mercado das Borboletas foi fechado. E a resposta está na cara de todos, divulgada pelo próprio Tarcísio/Mercado das Borboletas em seus perfis no Facebook: cópia digitalizada das 4 páginas do B.O. registrado no dia e no local. Quem souber ler verá que a ação partiu do Ministério Público e não do prefeito de Belo Horizonte, como andam dizendo por aí - se tem mesmo o dedo dele nisso é outra história, mas não é o seu nome nem o da Prefeitura que aparece no B.O. Além disso está escrito no B.O. que o Mercado das Borboletas foi interditado por oferecer "risco iminente devido à possibilidade de pânico em caso de deflagração de incêndio". Risco esse que afeta as pessoas que por ali passam (não só os frequentadores do Mercado das Borboletas, mas principalmente milhares de lojistas e clientes que frequentam o prédio todos os dias) e o patrimônio local. E essa ação de interdição imediata está amparada pelo parágrafo 4º do Artigo 4º da Lei 14.130/01 e pelo parágrafo 6º do Artigo 11 do Decreto 44.746/08 (todas informações contidas na imagem 2 do referido B.O.)
Resumo da história: antes de apagar fogo com gasolina, vamos parar pra pensar e refletir. A interdição não foi a toa, quem pensa assim provavelmente sofre de síndrome de perseguição. O prédio está irregular, o local do evento mais ainda por se utilizar de um alvará que não condiz com sua atividade fim (promoção de festas e eventos noturnos). Essa informação também está no B.O. Se o local pega fogo ou desaba, causando uma tragédia que mata várias pessoas ou destrói patrimônios, todo mundo reclama e joga a culpa no Governo, nos órgãos públicos, nos políticos e tudo mais. Aí quando o local é fechado pensando na segurança, a fim de prevenir um acidente que tem grandes chances de acontecer a qualquer momento, o povo reclama também. Ninguém está satisfeito, é sempre assim. Minha sugestão aos órgãos fiscalizadores é a seguinte: deixem o lugar voltar a funcionar do jeito que está, como tantos "amigos" do Mercado das Borboletas querem! Aí quando acontecer uma tragédia enorme vocês podem simplesmente dizer: "nós avisamos!"
Caríssimo,
ExcluirMuito obrigado pelo seu comentário e pelos esclarecimentos.
Com sua autorização e identificação, podemos publicar estas informações, o que enriqueceria muito nosso blog e nos honraria muito.
Infelizmente não pude conhecer de perto o Mercado das Borboletas pois nos últimos 2 anos o trabalho aqui está intenso demais, e as idas à capital andam escassas, mas de qualquer forma é uma pena, salvo as 2 versões, o certo é que uma boa ideia foi infeliz, independente do mérito.
Se pudermos publicar estas informações será ótimo, reiteramos.
E como tínhamos dito no comentário ao outro comentário "o povo segurança e sossego, como também cultura, não é?"
Que fique de lição que prudência e canja de galinha (e dinheiro, lembrando o Jorge Ben) não fazem mal a ninguém.
Grande abraço.