sexta-feira, 27 de abril de 2012

Cine PE 2012: Em novo formato de exibição, curtas da primeira noite agradaram a platéia


Retirado da Revista O Grito em 27/04/12 do endereço: 

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CURTAS AGRADARAM NA PRIMEIRA NOITE
Uma trama taran­ti­nesca, uma ani­ma­ção noir e o coti­di­ano de um casal sep­tu­a­ge­ná­rio abri­ram a mos­tra competitiva

Por Alexandre Figueirôa
Editor da Revista O Grito!

O espaço para os cur­tas ofe­re­cido pelo CinePE tam­bém sofreu alte­ra­ções com a nova grade de pro­gra­ma­ção implan­tada pela orga­ni­za­ção do fes­ti­val a par­tir deste ano. Se até a edi­ção ante­rior uma média de seis a sete cur­tas eram exi­bi­dos por noite, agora ape­nas três pro­du­ções a cada dia che­gam na tela do Teatro Guararapes, além dos cur­tas sele­ci­o­na­dos para a Mostra Pernambuco que serão mos­tra­dos nas tar­des de sábado e domingo. A mudança, se é boa por um lado por tor­nar mais con­for­tá­vel para o público a mara­tona fíl­mica (lem­brando que tam­bém só um longa é exi­bido a cada noite) e esta­be­le­cer uma suposta melho­ria da qua­li­dade dos fil­mes — já que, a prin­ci­pio, a peneira da sele­ção deve estar mais rigo­rosa -, por outro, fica­mos pri­va­dos do pano­rama da pro­du­ção con­tem­po­râ­nea de cur­tas naci­o­nais que o for­mato ante­rior permitia.
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Contudo, temos que con­cor­dar o quanto o novo for­mato da pro­gra­ma­ção está mais diges­tivo. E os três cur­tas exi­bi­dos na pri­meira noite dei­xa­ram uma boa impres­são no público. Foram aplau­di­dos calo­ro­sa­mente e com jus­tiça. Os fil­mes, todos de fic­ção, sendo um deles em ani­ma­ção, mos­tra­ram apuro téc­nico e nar­ra­ti­vas bem cons­truí­das, refor­çando a ideia de como os cur­tas metra­gens, quando bem rea­li­za­dos, cons­ti­tuem um espaço expres­sivo inte­res­sante com vida pró­pria e tão impor­tante para a arte cine­ma­to­grá­fica quanto os fil­mes em longa metragem.
O pri­meiro filme a ser exi­bido ontem foi Depois da Queda, de , do Mato Grosso. Nele temos uma trama intri­cada de con­tor­nos a la Tarantino em que uma suces­são de epi­só­dios trá­gi­cos e vio­len­tos movi­men­tam a vida de qua­tro per­so­na­gens. Apesar de apa­ren­te­mente des­co­nec­ta­das as ações mos­tra­das vão aos pou­cos se encai­xando e a roleta de sexo, amor e dinheiro, a par­tir de uma série de coin­ci­dên­cias, levam a his­tó­ria a um final diver­tido e ines­pe­rado. O que pare­cia encaminhar-se para um des­fe­cho som­brio transforma-se num happy end alto astral e bacana.
Cena do curta Depois da Queda: taran­ti­nesco (Foto: Divulgação)
Já a ani­ma­ção O Descarte dos para­na­en­ses e , segundo curta da noite, esban­jou bossa nos recur­sos grá­fi­cos para con­tar em clima de filme noir uma trama de vin­gança. Embora o roteiro, mesmo bem escrito, não sur­pre­enda, não se pode dei­xar de res­sal­tar o esmero da pro­du­ção pelo seu visual arro­jado o que mos­tra o quanto os fil­mes de ani­ma­ção bra­si­lei­ros vem atin­gido um pata­mar de sofis­ti­ca­ção remarcável.
Por fim tive­mos o que foi, sem dúvi­das, o melhor curta do pri­meiro dia: Qual o Queijo que Você Quer?, da cata­ri­nense . Este é um daque­les cur­tas que nos sur­pre­en­dem pela sim­pli­ci­dade e cuja força nar­ra­tiva está em saber apro­vei­tar uma boa ideia dando a ela um texto enxuto e direto e colocando-a em cena com pre­ci­são. O filme resume-se a uma con­versa entre um casal de ido­sos na sala de um apar­ta­mento. Com uma dupla de exce­len­tes ato­res e uma mise-en-scène ade­quada ao pro­pó­sito da trama, vemos desenrolar-se diante dos nos­sos olhos uma explo­são dra­má­tica de sen­ti­men­tos repri­mi­dos que colo­cam em che­que as nos­sas pró­prias exis­tên­cias, fada­das quase sem­pre a rotina e a uma velhice sem graça, em que ape­nas os peque­nos ges­tos do coti­di­ano e uma cum­pli­ci­dade acu­mu­lada no decor­rer dos anos é o que per­mite a um casal sep­tu­a­ge­ná­rio ir levando a vida.
A ani­ma­ção noir “O Descarte” (Foto: Divulgação)
Se nos dias a seguir a pro­gra­ma­ção dos cur­tas no CinePE man­ti­ver o bom nível da noite de aber­tura do fes­ti­val, com cer­teza valerá a pena ir ao Centro de Convenções. Esperamos tam­bém que o som no Teatro Guararapes esteja mais ajus­tado a par­tir de hoje, pois ontem ele não estava bem cali­brado e atra­pa­lhou um pouco o desem­pe­nho de áudio dos fil­mes exibidos.

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