Um novo momento para a Cultura de Uberlândia.

Retirado do Overmundo em 16/01/01 do endereço:

http://www.overmundo.com.br/overblog/um-novo-momento-para-a-cultura-de-uberlandia

Por Talles Lopes · Belo Horizonte, MG

Nesta última semana, mais precisamente no dia 10 de Janeiro, o novo secretário municipal de cultura Gilberto Neves, convidou a classe artística de Uberlândia para um primeiro Encontro. Esta iniciativa, reuniu mais de 200 pessoas de todo o segmento cultural da cidade para um debate que contou também com as presenças do prefeito Gilmar Machado, o deputado estadual e presidente da Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, Elismar Prado, o deputado federal Weliton Prado e o lider do prefeito na Camara dos Vereadores, Neivaldo Silva.

O primeiro ponto que este encontro deixou claro é a força da diversidade cultural da cidade de Uberlândia e como esta força esteve repressada nos últimos anos. Ao primeiro convite para a participação, toda movimento cultural se colocou a disposição e compareceu, ouviu, aplaudiu e se posicionou frente a convocação. É indiscutível como a cultura da cidade é um dos seus maiores ativos, e como isso pode e deve ser agora conectado a imagem progressista que a cidade construiu nas últimas décadas. Responder a convocação do Secretario de forma tão qualificada e expressiva coloca o setor cultural diante de um novo desafio: articular e construir ambientes reflexivos e de articulação para a construção de novas politicas públicas e para a promoção de novas formas de organização social e modelos de negócio.

Chegou o momento de Uberlândia efetivamente se conectar ao século XXI e a uma nova narrativa de novo mundo e uma nova politica. Os últimos 10 anos de governo do Partido dos Trabalhadores colocaram o Brasil diante de um processo antropológico muito forte de ressignificação. A mudança simbólica com a chegada de um operário ao poder foi acompanhada por uma mudança estrutural que fez emergir uma nova classe média, e incluiu milhões de brasileiros no universo do consumo, fazendo a inclusão ao mercado. Contudo, este projeto politico necessita de um duplo de inclusão cultural para que os verdadeiros desafios e obstáculos para a criação de uma nova sociedade brasileira sejam superados. Precisamos construir um grande ambiente de inclusão cultural que complemente a econômica e que possa ser a referência de um novo cidadão, que não se perca nos limites do individualismo e do consumismo, e possa estar pronto para uma nova sociedade em rede, solidária e colaborativa, preparada para uma efetiva gestão social do Comum.

A cidade de Uberlândia tem hoje um cenário muito interessante e propício para se colocar como um grande laboratório a serviço destas transformações. A sua riqueza e diversidade cultural, somada a presença de grandes instituições culturais públicas e privadas, e um grande mercado consumidor dão as condições necessárias para a construção de um grande Pacto pela Cultura e pela Cidade. Chegou a hora do setor cultural abandonar pautas especificas e interesses setorizados e entender que podemos ser pioneiros em pensar qual a cidade que queremos tendo a cultura como principal ferramenta para a sua construção.

Neste sentido, vejo como muito acertada a primeira meta estabelecida pela gestão Gilmar Machado na Cultura. Realizar a Conferência Municipal de Cultura e aprovar o Plano Municipal da Cultura é uma iniciativa imprescindível para que os dois principais desafios atuais sejam superados:

1) organização do setor e articulação de campos de conexão entre os agentes culturais locais.

2) criação de ambientes favoráveis para a reflexão e elaboração de propostas coletivas de politicas públilcas.

Este é o momento de unirmos forças (Governo Municipal, Universidades, Sistema S, ACIUB, empresários, associações culturais, artistas e produtores, escolas de samba, terreiros, ternos e folias), para a construção de uma grande Conferência Municipal de Cultura. A Conferência pode ser um marco e um excelente momento para que toda a riqueza de nossa diversidade cultural se expresse, de forma democrática e participativa. Um grande movimento nacional das culturas emergiu nesta última década e Uberlândia deve assumir seu papel de protagonismo e referência deste processo em nosso estado. Bora Berlândia!