segunda-feira, 21 de março de 2011

Tradução: À espera do outono

Publicado originalmente por Alessandro Atanes na Revista Pauta e retirado em 21/03/2011 do endereço:

http://revistapausa.blogspot.com/2011/03/traducao-espera-do-outono.html

Nos próximos dias, em homenagem à chegada do outono, publico alguns poemas de À espera do outono, de Javier Heraud (foto, 1942-1963), poeta e guerrilheiro peruano morto por soldados quando navegava em uma canoa pelo Rio Madre de Dios, na selva amazônica, de quem já havia traduzido algumas de suas Viagens imaginárias.
O poemário À espera do outono faz parte do livroEstación Reunida, de 1961, ainda inédito em livro no Brasil. O professor Antonio Miranda trauduziu alguns dos poemas do livro em sua
página de poesia íbero-americana.  Ao primeiro poema da série, então:

Destruição do verão e início do outono entre sombras
Ainda não morreu a face da estação
em que tivemos de permanecer dormindo.
Nada é semelhante aos rios,
nada comparável ao mar, ao sul,
às estepes, às montanhas,
aos vales, aos campos
cobertos pela sede e pela chuva!
Oh, tempo do amor e da esperança,
o que vamos fazer além de falar um tanto
dos rostos, o que fazer além de gritar
um pouco para as montanhas,
o que fazer além de escutar e escutar
sem cessar o eco das sombras!
Como soam bem os acordes
da música
quando tudo cai
irremediavelmente no vazio das horas!
Como dá para ficar bem sob o sol
ou cantando estendido entre a relva!
(Cantando aos sons,
nos admirando das mudanças
acontecidas entre o raio e a rocha
ou entre o canto calado
e o canto silenciado.)
Agora devemos cortar as sombras
e jogá-las
no fogo do outono!

A seguir, o original em espanhol:

Destrucción del verano e inicio del otoño entre sonrisas
Aún no ha muerto la faz de la estación
en que hubimos de permanecer dormidos.
¡Nada es semejante a los ríos,
nada comparables al mar, al sur,
a las estepas, a las montañas,
a los valles, a los campos
cubiertos por la sed y por la lluvia!
¡Oh tiempo del amor y la esperanza,
qué vamos hacer sino callar
un poco,
qué hacer sino gritar
un poco a las montañas,
qué hacer sino escuchar y escuchar
sin cesar el eco de las sombras!
¡Qué bien suenan los acordes
de la música
cuando todo cae
irremediablemente al vacío de las horas!
¡Qué bien se está bajo el sol
o cantando tendido entre la hierba!
(Cantando a los sonidos,
admirándonos de los cambios
sucedidos entre rayo y roca,
o entre canto callado
y canto silenciado.)
¡Ya debemos cortar las sombras
y arrojarlas
al fuego del otoño!

Referência:
Javier Heraud. Destrucción del verano e inicio del otoño entre sonrisas. In:Estación Reunida. In: Poesía Reunida. Lima, Peru: Peisa, 2010.

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