sexta-feira, 5 de abril de 2013

Olhares privados, públicos e híbridos no incentivo à cultura

Por Mariana Carvalho

Do Cultura e Mercado

Agentes envolvidos na cadeia produtiva da cultura têm visões bem diferentes no que se refere aos investimentos na área. O Panorama Setorial da Cultura Brasileira, pesquisa patrocinada pela Vale e Ministério da Cultura por meio da Lei Rouanet, convidou uma das classe desses agentes, os patrocinadores, para expor suas dificuldades quanto ao maior mecanismo de incentivo à cultura no país.

O levantamento dividiu os investidores em três grupos: privado, que faz aportes em projetos, não necessariamente utilizando recursos públicos, mas se valendo da lógica reguladora do mercado e da livre iniciativa; público, que trabalha com recursos provenientes da arrecadação de impostos; e híbrido, que se utiliza dos dois recursos anteriores, focam em interesses que revertem em maior perspectiva de mercado, tendo como resultado a produção de valor, formação de conexões entre pessoas e um bom investimento para visibilidade.

A utilização de projetos incentivados é entendida como fonte relevante de relacionamento com comunidades locais, facilitando a comunicação e proporcionando à empresa melhor imagem. Esses são os pontos de maior importância para o Grupo Privado, que defende ainda que investimentos em cultura têm o poder de transformar a sociedade pela reflexão e difusão de conhecimento.

Esse grupo demonstrou pouco conhecimento sobre políticas públicas na área, o que, segundo o estudo, pode ocasionar uma escassez de diversidade nos investimentos, que tendem a acolher um único público.

Um dos pontos mais questionados pela análise é a forte influência do eixo “Rio-SP” na preferência de investimentos privados. O grupo se justifica alegando que, grande parte dos projetos que estão disponíveis para serem incentivados é da região, que apresenta também maior público e melhor estruturação de projeto. Esses fatores aumentariam a chance de retorno, segundo os incentivadores.

Trabalho em conjunto dos atores envolvidos nos processos de incentivo cultural, e maior diálogo ente as partes envolvidas, auxiliaria na descentralização de capital no país, segundo o Grupo Híbrido. O grupo acredita que a dinamização de execução dos projetos e um maior diálogo de incentivadores com as três esferas de poder, são peças fundamentais para descentralizar os investimentos em cultura. Incentivadores híbridos apostam na variedade de investimento, participações e de manifestações culturais pelo país.

O Grupo Público, que tem uma visão embasada no reconhecimento e diversificação de segmentos culturais, questiona também a concentração de investimentos no Sul e Sudeste do país. “Esta questão sugere que os diversos elementos que contribuem para a produção cultural – a cadeia produtiva da cultura – precisam ser entendidos também regionalmente para se estimular o desenvolvimento nacional e integrado”, concordam Gisele Jordão e Renata Allucci, responsáveis pelo Panorama.

O Grupo Público acredita que as leis de incentivo fiscal são uma maneira forte e benéfica de estabelecer um canal de comunicação entre público e privado, estreitando relações com população em prol do sucesso de cada um.

O Procultura, projeto que poderá substituir a Lei Rouanet, apresenta medidas que visam o avanço na questão da descentralização de investimento. Uma das ideias é fortalecer o Fundo Nacional de Cultura (FNC), que permite investimentos diretos do Ministério da Cultura em projetos.

Estudiosos e trabalhadores da cultura se reunirão em São Paulo, em maio, para a discussão do futuro do financiamento à cultura no II Seminário ProCultura. O encontro visa a reflexão de novos caminhos e tendências para o financiamento à cultura no Brasil.

Clique aqui para saber mais sobre o evento.

Retirado do Cultura e Mercado em 05/04/do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/panoramadacultura/olhares-privados-publicos-e-hibridos-no-incentivo-a-cultura/

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