sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

RELATÓRIO


 

Um fórum que discutisse a Política Cultural em Teófilo Otoni é consoante à missão de promover a cultura do vale do Mucuri compartilhada pela Associação Histórico Cultural Mucury, UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucury), Associação Cultural Teófilo Otoni e Rádio Teófilo Otoni, sendo esta, portanto uma oportunidade de ampla discussão e apresentação de idéias acerca dos rumos de nossas instituições culturais, artistas, o papel do terceiro setor nesta temática e o próprio Poder Público.

        Os temas levantados para este primeiro encontro foram: Terceiro Setor, Política Cultural e A Importância da Secretaria de Cultura em Teófilo Otoni.

        O objetivo deste encontro foi começarmos a definir os rumos das ações destinadas à Política Cultural de Teófilo Otoni, além de ratificar a importância da implantação de uma Secretaria de Cultura em nossa cidade. E mais, a formação de um FÓRUM PERMANENTE DE POLÍTICA CULTURAL, dando maior representatividade ao setor.    

A estrutura do evento foi: a apresentação e exposição de debatedores ligados à Classe Artística, Terceiro Setor, Casas de Espetáculo, e Imprensa de Teófilo Otoni.            

Posteriormente foi formado um grupo para discussão dos temas apresentados e posterior apresentação de propostas.

O caráter político deste evento é mostrar que a cultura local deve ser tratada com seriedade e profissionalismo, tanto por parte dos artistas, produtores, instituições e Poder Público.

O evento foi aberto pelo orador, Wilson Colares que também representava a Academia de Letras de Teófilo Otoni, dando início às atividades do Fórum.

Deixando a palavra a seguir com um dos organizadores, Bruno Dias Bento representante da Associação Mucury, o qual abriu oficialmente o evento agradecendo os presentes e já de pronto esclarecendo e se desculpando em nome dos organizadores do Fórum por problemas ocorridos na mobilização da comunidade para a participação no evento, principalmente no que se refere ao material de divulgação impresso que não ficou pronto a tempo. Entretanto, o convite via e-mail e o chamado "boca a boca" e ainda justificou o envio de cartas-convites às instituições culturais cadastradas na Prefeitura de Teófilo Otoni. Bruno ainda se comprometeu a sanar estes problemas para que o próximo Fórum ocorra na mais perfeita ordem.

    A seguir está por tema um sumário das explanações dos convidados a compor a mesa:

    

"Maior evento artístico-teatral do vale do Mucuri" – A Paixão de Cristo

    O convidado Élbio Pechir não pôde comparecer ao evento, mandando um representante, o Marco Antônio que é membro da direção da Associação Cultural Teófilo Otoni, organizadora do evento "A Paixão de Cristo".

    Relatou os desafios e dificuldades em organizar e viabilizar um espetáculo de tão grandes proporções com um público que varia entre 10 e 20 mil espectadores. O grande número de atores envolvidos e a dificuldade em conseguir apoio e a escassez de recursos financeiros disponíveis para eventos de natureza cultural em Teófilo Otoni. Salientou ainda que esta encenação tem quase quatro décadas de existência, portanto, é o evento cultural mais tradicional da cidade e região.

Terceiro Setor e Política Cultural

A explanação do Diretor-Geral da Associação Mucury, Bruno Dias Bento, inicia-se por meio da conceituação do Terceiro Setor e Política Cultural e a caracterização do Primeiro, Segundo e Terceiro Setores. Tratou também das perspectivas acerca da Política cultural nos diferentes níveis governamentais, tanto o federal, estadual e municipal, suas prerrogativas e papeis em contraposição à crescente necessidade de atuação por parte da sociedade civil organizada em associações, ONGs, cooperativas, etc..

Levantou ainda a urgência na organização deste Terceiro Setor a fim de que este possa apropriar-se de seu papel nas diversas políticas públicas e além de ser fiscalizador do poder público.

A Política Cultural de Teófilo Otoni    

Por outros compromissos de trabalho, a debatedora Beatriz Farias – Chefe da Divisão de Cultura não pôde comparecer ao Fórum, entretanto mandou seu representante, Alexandre Farias – Presidente do Conselho Municipal de Patrimônio.

Alexandre representando o Poder Público municipal fez uma explanação primeira acerca dos projetos, iniciativas e ações na área cultural de Teófilo Otoni, dentre outros: Festival do Bicentenário, Festival de Inverno, Oficinas de Arte e Cultura, o Simpósio de Artesanato (a ser realizado na semana seguinte ao Fórum, juntamente com o NART – Núcleo de Artesãos de Teófilo Otoni). Justificou ainda o motivo pela não realização do II Festival de Cultura, sendo o primeiro o do Bicentenário no ano de 2007, o motivo foi o adiamento por causa do período eleitoral.

A partir de uma digressão da legislação referente à cultura do município, dos acertos e erros, os problemas de leis inócuas criadas e que por isso inviabilizam sua implementação e execução. Mas salientou o esforço por parte da Prefeitura Municipal no fomento à cultura em Teófilo Otoni, cobrando a apresentação de projetos à Divisão de Cultura para a efetivação deste apoio.

Comprometeu-se em nome da Divisão de Cultura e da Prefeitura Municipal de Teófilo Otoni em contribuir para o Fórum, disponibilizando o livre acesso às informações acerca da produção cultural da cidade, cadastros e outras informações imprescindíveis à elaboração de projetos, ações, programas e política cultural.

O Teatro Vitória para a arte em Teófilo Otoni

Fazendo um breve histórico do Teatro Vitória, João José Ribeiro – Johnny – o atual administrador da casa, indo rapidamente desde a fundação na década de 1940, os principais momentos, como os programas de auditório realizados pela Rádio Teófilo Otoni ainda "nos tempos de Seu Lourival Pechir", o compromisso com a cultura estadunidense por meio do cinema hollywoodiano. Ressaltou de mesma forma a relação entre a vocação para o Teatro e para o Cinema da casa.

A dificuldade em se manter uma casa de espetáculo do porte do Vitória, com capacidade para cerca de 820 espectadores, a falta de uma política para o incentivo municipal à cultura através de isenções fiscais, como o IPTU, por exemplo.

    

Projeto de Implantação da Secretaria de Cultura

    Infelizmente este tema não pôde ser abordado adequadamente, na medida em que o vereador Taquinha, debatedor convidado, por motivo de força maior não compareceu e não indicou substituto, inviabilizando ainda este tema o fato da organização do evento não ter sido comunicada em tempo hábil para a substituição. Outros debatedores trataram do tema de forma esparsa em suas explanações, todavia mais na importância de uma política geral para a cultura do que da implantação da secretaria em si.

Juventude e Compromisso Cultural

    O atual presidente do Conselho da Juventude e vereador eleito Thalles Contão dissertou acerca das ações de projetos relacionados ao referido conselho e a atual situação de políticas públicas voltadas à juventude.

    Por fim colocou seu mandato como vereador do município à disposição do Fórum e das iniciativas culturais.

Teatro como Veículo de Transformação Social

O debatedor Arlindo Matias do Rêgo – Diretor Teatral iniciou sua explanação cobrando do poder público uma maior iniciativa no fomento às atividades teatrais. Destacou ainda a necessidade de democratização dos dados referentes à produção cultural sob responsabilidade do município.

Também salientou a significativa produção teatral da cidade e seu desenvolvimento dos três últimos anos.

Movimentos Culturais no Mucuri e Jequitinhonha

O poeta e escritor João Evangelista Rodrigues também chamou atenção sobre a diferenciação e caracterização dos três setores os quais compõem a sociedade, o 1º setor, sendo o poder público em todas suas instâncias, 2º a iniciativa privada e o 3º com as organizações da sociedade civil (ONGs, associações, entre outras).

Relatando sua experiência como produtor e militante cultural e na superintendência da Secretaria do Estado de Cultura de Minas Gerais destacou a importância do planejamento, e não só municipal, mas regional para o desenvolvimento de um "plano diretor" para a cultura do vale do Mucuri.

Defendeu ainda a elaboração de um "Mapa Cultural", de um diagnóstico cultural, pois é a partir deste conhecimento da realidade cultural do município se pode pensar e trabalhar no planejamento. Lança ainda uma série de princípio e fundamentos a partir dos quais é possível a reflexão e ação cultural, além de apresentar os "Passos de Um Planejamento Estratégico" no que se refere à política cultural.

Demonstra a necessidade de produção de memória dos movimentos culturais como contribuição à formação identitária regional. Para isso relata sua experiência como militante cultural no vale do Jequitinhonha e atualmente seu trabalho com Pereira da Viola, um dos principais nomes da cultura do Mucuri.

    

Cultura Afro-Brasileira

O Professor Benjamin Xavier de Paula - UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI – e coordenador do NEAB – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros criticou a supervalorização da contribuição européia, em especial alemã, na construção da cidade de Teófilo Otoni em detrimento da contribuição africana. Lembrando do projeto de "embraquecimento" da população brasileira no século XIX, e da importância da valoração e resgate do papel do negro na construção sócio-cultural e econômica desta região.

Alertou ainda para o que chamou de "invisibilidade" da cultura afro-brasileira existente nos vários quilombos reminiscentes, nas periferias, não identificando uma apropriação desta influência por parte da sociedade teófilo-otonense. Além de chamar a atenção para a "confusão" demonstrada pela presença de nomes tipicamente europeus e principalmente alemães em afrodescendentes, e o não reconhecimento enquanto tal destas pessoas.

    Já no segundo momento, à tarde, foi organizado um grande grupo com os participantes onde foram retomados os assuntos listados acima.

    O papel do terceiro setor na política pública voltada à cultura, as dificuldades em promover a cultura na cidade e a falta de incentivo para tal empreitada, culminou na conclusão de que há uma necessidade premente de atuação mais efetiva e enérgica por parte do poder público, como a criação de um Fundo Municipal de Cultura, na elaboração de uma política e legislação claras, além de financiamento para o desenvolvimento destas propostas.

    

Outras questões levantadas foram:

  • a necessidade de consultoria para a elaboração e gestão de projetos culturais;
  • a capacitação de agentes, produtores e gestores culturais para a sua adequação aos atuais moldes de produção e gestão cultural;
  • necessidade de sensibilização e mobilização dos empresários e contabilistas de Teófilo Otoni para a apresentação do papel da iniciativa privada no desenvolvimento cultural do município, no que se refere à responsabilidade social, marketing cultural, renúncia fiscal, fomento e patrício à cultura.

Como primeira fase da implantação do FÓRUM PERMANENTE DE POLÍTICA CULTURAL PARA O TERCEIRO SETOR EM TEÓFILO OTONI, foi definido um grupo de trabalho encarregado de produzir este relatório, na elaboração e futura execução o DIAGNÓSTICO CULTURAL DE TEÓFILO OTONI em parceria com outras instituições que se interessarem e finalmente traçar as metas para o II FÓRUM DE POLÍTICA CULTURAL PARA O TERCEIRO SETOR EM TEÓFILO OTONI.


 

O evento contou com a participação de cerca de 25 pessoas representando 11 instituições da cidade em sua maioria envolvidas com produção cultural. E como está relatado, foi bastante produtivo no que se refere à reflexão e apresentação de pospostas acerca da política cultural de Teófilo Otoni.

Conclui-se, portanto da necessidade de busca de conhecimento acerca da realidade sócio-cultural da cidade e da urgência do planejamento, para o fim precípuo de valoração e promoção da cultura da cidade de Teófilo Otoni.

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