quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Beco das Cultura, você sabe o que é?

Da Comissão de Organização

Em 2011 o Beco das Cultura surgiu do encontro de grupos, artistas e produtores descaradamente inspirados no Beco das Garrafas carioca (clique aqui e aqui e saiba mais), movimento que deu novo impulso à cultura brasileira, além dos diversos festivais do sistema Fora do Eixo e outros projetos coletivos e colaborativos.

É uma espécie de tropicalismo borun-mucuriano, no qual as mais diversas expressões culturais têm sua vez: Hip Hop, Artes Visuais, Artesanato, Fotografia, Teatro, Música, Cinema, Graffitti, Quadrinhos, Performances, tudo quanto há feito no Mucuri ou fora dele: ARTE e CULTURA.
É uma mostra do que é possível e exequível neste nosso Mucuri, e aqui em Teófilo Otoni.

O nome além de ser um bricolage, é nossa variação dialetal, uma brincadeira entre nossa gramática lusitana e tupiniquim, no qual o substantivo não precisa de plurais, costumeiramente nesta terra flexionamos os artigos, como “Os peixe”, “Os Menino”. No caso específico, adicionamos ao artigo a preposição “de” com valor situacional, como nos diria Celso Cunha, ficando “das Cultura”, dizem que isso vem do tupi-guarani, tudo bem que descendemos dos “borun”, mas linguisticamente os ameríndios litorâneos foram mais eficazes.

Em maio deste ano lançamos o Manifesto do Beco das Cultura que resume o que vem por aí, clique aqui e confira.

Nesta edição foram escolhidos coletivamente três conceitos que definem esta proposta:

• Diversidade -  é uma proposta que visa garantir o acesso democrático aos bens culturais através de uma programação ampla, que atenda a pessoas de diferentes idades e com experiências culturais diversas. O objetivo central é promover a integração e o respeito à pluralidade, tão característica de nossa população. Dessa forma, o conceito DIVERSIDADE será tratado como pilar principal, pois refere-se não só à variedade de expressões artísticas e culturais que serão apresentadas, mas também representa a característica central do evento;

• Sustentabilidade – entende-se SUSTENTABILIDADE como um conceito sistêmico relacionado aos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade, significa buscarmos o equilíbrio entre nossas ações e suas consequências em relação ao meio ambiente e à natureza, de modo que consigamos explorar nossos potenciais criativos agindo com pró-eficiência de maneira a respeitar a biodiversidade. É uma proposta inovadora do ponto de vista organizacional e de visão de mundo não pode se furtar no trabalho de conscientização para que produzamos uma sociedade e um mundo melhor e mais justo;

• Liberdade Criativa – visa-se divulgar a cultura local e oferecer uma alternativa cultural para a cidade de Teófilo Otoni. Baseia-se na multiplicidade de formas de ser criativo, reunindo as diferentes expressões artístico-culturais que existem na região e fora dela num processo de intercâmbio cultural e de construção coletiva e compartilhamento de conhecimento.

Esperamos por vocês aqui!

Visitem a página do Beco das Cultura , conheçam o edital e inscrevam-se!

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Câmara aprova PEC que cria SNC–Sistema Nacional de Cultura

Retirado do site do MinC em 28/06/12 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/site/2012/06/26/camara-aprova-pec-que-cria-snc/

Com 326 votos favoráveis, proposta será encaminhada ao Senado Federal

Brasília – Em sessão extraordinária desta terça-feira (26) o plenário da Câmara dos Deputados aprovou a Proposta de Emenda à Constituição nº 416/2005, que institui o Sistema Nacional de Cultura (SNC).

O ministro interino da Cultura, Vitor Ortiz, acompanhou a aprovação no plenário. “Foi uma importante vitória. Obtivemos a aprovação em primeiro e segundo turnos antes do início do recesso parlamentar”.

Vitor Ortiz disse, também, que no segundo semestre, o esforço volta-se para o Senado. “A PEC vai para apreciação dos senadores e nossa expectativa é que ela seja aprovada ainda este ano e, efetivamente, incluída na Constituição brasileira”, explica.

“A previsão da existência do SNC está para o MinC, assim como o SUS está para o Ministério da Saúde e o Sistema Nacional de Educação para o MEC. Ou seja, é a consolidação do espaço institucional das políticas culturais no Brasil”, avaliou o ministro interino Vitor Ortiz.

Ortiz agradeceu o empenho do presidente da Câmara dos Deputados, deputado Marco Maia (PT-RS), em reunir os parlamentares para apreciação da matéria. “A Proposta só teve um voto contrário”, disse.

A proposta é considerada uma importante pauta legislativa do Ministério da Cultura (MinC) e essencial para o desenvolvimento e implementação do Plano Nacional de Cultura (PNC).

O objetivo do sistema é integrar as três instâncias governamentais (federal, estadual e municipal) e a sociedade brasileira em um interesse comum: o investimento na cultura nacional. O SNC também assegura a continuidade das políticas públicas na área cultural.

O SNC será composto por representantes do MinC; do Conselho Nacional da Cultura; dos sistemas de Cultura dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; das instituições públicas e privadas ligadas à promoção, ao financiamento e à realização de atividades culturais; e dos subsistemas complementares, como os sistemas de museus, de bibliotecas, de arquivos, de informações culturais, de fomento e de incentivo à cultura.

Com a aprovação o sistema passa a funcionar regularmente e possibilita a democratização dos processos de tomada de decisões importantes para o meio cultural, tais como a capacitação de pessoal, a formação de uma infraestrutura cultural (construção de bibliotecas, museus, teatros), além do financiamento a projetos em todos os municípios brasileiros.

A proposta foi aprovada em segundo turno e será encaminhada para apreciação, em dois turnos, no Senado Federal.

(Texto: Ascom/MinC)

(Foto: Bruno Spada)

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hoje: Voz, Violão e Arte!

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Circuito Cena Aberta–Proibido Retornar

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Suplemento literário disponibiliza versão on-line de edição sobre jornalismo cultural

Retirado do site da SeC MG em 27/06/12 do endereço:

http://www.cultura.mg.gov.br/imprensa/publicacoes/suplemento-literario#esp-jor-cult-2012

Já está disponível em formato digital a edição especial do Suplemento Literário, revista bimestral do Governo de Minas Gerais, publicada pela Superintendência de Publicações e Suplemento Literário da Secretaria de Estado de Cultura. Com o tema “Reflexões sobre o jornalismo cultural”, a edição traz uma seleção de textos abordando os desafios e perspectivas do jornalismo cultural no século 21. Os interessados podem acessar a versão on-line do periódico e fazer o download pelo site da SEC (www.cultura.mg.gov.br) .

Nesta edição, o Suplemento Literário aborda as diversas questões envolvendo a cobertura da área cultural: seu lado mercadológico, conceitual, o pensar literário e o jornalístico. Nos artigos, são discutidas questões como os diálogos das linguagens jornalística e literária, a importância e os desafios do setor, além dos temas que têm pautado o jornalismo contemporâneo. Assinam os textos grandes nomes da imprensa, do meio acadêmico e da literatura, como Humberto Werneck, José Salvador Faro, José Castello e Geane Alzamora.

Sobre o Suplemento Literário

Criado em 1966, o Suplemento Literário é uma publicação bimestral gratuita, distribuída em todos os municípios mineiros juntamente com o Diário Oficial do Estado – o Minas Gerais, também disponibilizadas em formato digital no site da Secretaria de Estado de Cultura. Com o objetivo de promover e divulgar a produção literária mineira, o Suplemento  Literário é hoje um dos mais respeitados periódicos do gênero no Brasil, trazendo reportagens, entrevistas, ensaios, críticas, poesias e depoimentos a respeito dos mais variados temas.

Clique aqui e acesse todas as edições do Suplemento Literário disponíveis em formato digital

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LUIZ GONZAGA E O PAI EM "JANUÁRIO VAI TOCAR"

Retirado do Overblog em 27/06012 do endereço:

http://www.overmundo.com.br/overblog/luiz-gonzaga-e-o-pai-em-januario-vai-tocar

Memorial Luiz Gonzaga do Recife - Januário e seus filhos em foto de 1952

Por Abílio Neto · Recife, PE

Januário José dos Santos, nascido em 1888, pai de Luiz Gonzaga, é o mais antigo sanfoneiro de que se tem notícias no Nordeste. Antes dele, já existiam alguns sanfoneiros, pois a sanfona chegou ao Brasil com a colonização alemã e alguns anos depois, chegou a Minas Gerais, onde se incorporou ao folclore (calango). Descendo pelo Rio São Francisco, chegou ao sertão pernambucano juntamente com o gênero musical mineiro. Januário era “pajeuzeiro”: para uns, ele havia nascido no município de Floresta, e para outros, no antigo Pajeú das Flores. Mudou-se para o sertão do Araripe em 1909 e logo depois conheceu Ana Batista de Jesus, nascida lá mesmo em 1893, com quem se casou. Era instrumentista e compositor de vários gêneros, inclusive do calango!

Dessa união houve 9 filhos. Luiz Gonzaga foi o segundo. Ele imortalizou seu pai com a música dele e Humberto Teixeira, chamada “Respeita Januário”. Mas Januário era mesmo tido como o maior tocador da região. Em 1952, ele fez uma temporada de shows no Rio de Janeiro para as emissoras de rádio associadas Tupy/Tamoio. Foi "seu Januário" com seus seis filhos artistas: Aloísio, Socorro, Chiquinha, Severino, José e Luiz.

As fitas desses shows podem ser transformadas em CDs através da Collector’s Stúdios, do Rio de Janeiro, a pedido de algum cliente. Mas a verdade é que Luiz Gonzaga não iria deixar o Brasil órfão de gravações em estúdio feitas pelo seu pai com os filhos. Assim sendo, em 1954 e 1955, Januário (e seus filhos) gravaram dois discos de 78 RPM. Januário tocou sanfona de 8 baixos e os filhos fizeram a percussão e o coro, com destaque para o vocal solo de Luiz Gonzaga.

Eu separei para tocar aqui hoje o xote “Januário Vai Tocar”, de autoria do pai de Luiz Gonzaga, o famoso Mestre Januário!

JANUÁRIO VAI TOCAR (Januário José dos Santos)

Ai, ai, sanfona de oito baixo

Do tempo em que eu tocava

Na beira do riacho

Ai, ai, sanfona de oito baixo

A cidade que ache ruim

Mas eu não acho

 

Lá na Taboca, no Baixio, no Granito

Quando um cabra dá o grito

“Januário vai tocar”

Acaba feira, acaba jogo, acaba tudo

Zé Carvaio, carrancudo

Tira a cota pra dançar (Bis)

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Oncologia e cultura

Enviado por Carol Trindade.

Retirado do Cultura e Mercado em 27/06/12 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/oncologia-e-cultura/

Por Fábio de Sá Cesnik

Foi editada no último dia 3 de abril Medida Provisória nº 563, que trata da instituição do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON). O objetivo da criação do programa é o de captar e canalizar recursos para a prevenção e o combate ao câncer. Por ações de prevenção e combate ao câncer entenda-se a promoção da informação, a pesquisa, o diagnóstico, o tratamento, os cuidados paliativos e a reabilitação referentes às neoplasias malignas e afecções correlatas.

Para que se consolide tal apoio a União facultará às pessoas físicas, a partir do ano-calendário de 2012 até o ano-calendário de 2015, e às pessoas jurídicas, a partir do ano-calendário de 2013 até o ano-calendário de 2016, na qualidade de incentivadoras, a opção de deduzirem do imposto sobre a renda os valores correspondentes às doações e aos patrocínios diretamente efetuados em prol de ações e serviços, previamente aprovados pelo Ministério da Saúde por proponentes do setor. O limite de abatimento é de 6% para as pessoas físicas e 4% para as pessoas jurídicas.

E a pergunta do leitor nesse ponto deve ser: o que isso tem a ver com cultura? E aqui o ponto de alerta para toda comunidade cultural: os percentuais criados por esse incentivo à área de saúde CONCORREM com os incentivos da área cultural (Lei Rouanet, Lei do Audiovisual e Funcines). Ou seja, a partir do próximo ano as empresas podem escolher se aplicam 4% na cultura ou em ações de prevenção e combate ao câncer. As pessoas físicas já podem fazê-lo ainda esse ano.

O percentual de abatimento para as pessoas físicas é de 100% para as doações e 80% para os patrocínios. Já para as pessoas jurídicas o limite é de até cinquenta por cento das doações e quarenta por cento dos patrocínios, vedada a dedução como despesa operacional.

As regras para gestão dos projetos serão parecidas com a do setor cultural: projetos aprovados pelo Ministério da Saúde e demais regras disciplinadas em ato do Poder Executivo. Os recursos objeto de doação ou patrocínio deverão ser depositados e movimentados em conta bancária específica e em nome do destinatário. Nenhuma aplicação dos recursos poderá ser efetuada mediante intermediação, não sendo configurado como intermediação o trabalho de elaboração de projetos de ações ou serviços para a obtenção de doação ou patrocínio e a captação de recursos.

Imaginem por um instante a concorrência de patrocínios e doações do setor de saúde com o setor cultural. Isso pode ser bastante impactante para a arrecadação da área de cultura e está próximo de gerar seus efeitos diretos.

Sem qualquer demérito da importância de tal medida provisória para as políticas públicas brasileiras, cabe atenção do meio cultural para que o aporte em segmento tão importante como a saúde não saia totalmente do orçamento até então dotado às atividades culturais. Vale a mobilização de todos – artistas e produtores – para acompanhar a tramitação dessa medida provisória junto ao Congresso Nacional e impedir que tais instrumentos sejam concorrentes, criando-se limite específico para o setor da saúde.

Fábio de Sá Cesnik http://www.cqs.adv.br

Advogado, sócio do escritório Cesnik, Quintino e Salinas Advogados. Autor dos livros “Guia do Incentivo à Cultura” e co-autor de “Globalização da Cultura” e “Projetos Culturais”. Para mais artigos deste autor clique aqui

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terça-feira, 26 de junho de 2012

Plano Nacional de Cultura

Retirado do site do MinC em 26/06/12 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/site/2012/06/25/plano-nacional-de-cultura-37/

MinC lança publicação com as metas para a Cultura até o ano de 2020

Com o objetivo de traduzir as 53 metas do Plano Nacional de Cultura (PNC) para a sociedade brasileira, o Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Políticas Culturais (SPC), produziu uma publicação sobre o tema de forma didática e lúdica.

Neste trabalho, as metas são apresentadas com textos sintéticos e imagens que contribuem para sua compreensão.

Aprovadas em dezembro do ano passado, as metas foram construídas de forma coletiva, envolvendo a sociedade civil e todas as unidades do Sistema MinC.

O lançamento da publicação representa um importante passo na consolidação do Plano Nacional de Cultura. O material será disponibilizado em formato impresso e também em formato digital, para download no site do MinC.

Envio de exemplares

Para que a publicação atinja seus objetivos, serão enviados exemplares a todos os estados e municípios do país, aos conselhos de cultura, universidades, pontões de cultura e aos parlamentares das comissões e frentes de cultura do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e das Assembleias Legislativas.

Ao tornar públicas cada uma das 53 metas, o MinC pretende estimular gestores públicos estaduais, municipais e do Distrito Federal; cidadãos; artistas; representantes de culturas tradicionais e populares; produtores e consumidores da cultura; para que possam se reconhecer nas metas e saber como contribuir com cada uma delas.

O PNC foi escrito por milhares de mãos, por meio de diferentes instâncias e espaços de experimentação e participação. É um plano que reflete o esforço coletivo para assegurar o total exercício dos direitos culturais dos brasileiros e das brasileiras de todas as situações econômicas, localizações, origens étnicas e faixas etárias.

Dimensões

O Plano se estrutura em três dimensões complementares: a cultura como expressão simbólica; como direito de cidadania; e como campo potencial para o desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Essas dimensões, por sua vez, desdobram-se nas metas.

As metas do PNC deverão ser cumpridas até 2020 e concretizam as demandas expressas nas 275 ações do Plano, as quais representam os anseios de milhares de brasileiros e brasileiras, reunidos em múltiplas conferências e fóruns realizados por todo o país desde 2003.

O alcance dessas metas depende da apropriação federativa, ou seja, da participação dos estados e municípios, que devem também criar seus planos de cultura e dar concretude ao Sistema Nacional de Cultura (SNC).

Mais informações: pnc@cultura.gov.br  ou (61) 2024-2026

Conheça a publicação

(Ilustrações: Joana Lira)

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1400, quem dá mais?

Após 5 anos de seu primeiro exemplar, ainda em formato folhetim, a Revista Mucury a cada exemplar ajunta mais leitores e colaboradores.

A apartir do 7º número migramos para o superte digital, o que nos possibilitou ampliar a participação dos colaboradores, tal como o tamanho e profundidade dos textos, além de ampliarmos também o nosso público potencial.

Lançada no Beco das Cultura 2011, nosso nº 8 está recheado de um tanto de coisa boa, garantimos. Ou o dinheiro de volta!

Entre as indas e vindas, desde 2010 lançamos um exemplar por ano e a nº 9 está quase quase…

Ao contrário do que muitos achavam, superamos nossas expectativas com os acessos, já foram quase 1400 leitores! E você, já leu?

Ela é para todos os gostos e tipos de leitores, a Revista Mucury transita entre artigos científicos à poesia, sem crise.

É “tão sortida quanto a feirinha do Veneta”,  tem de tudo: literatura, poesia, cultura popular, antropologia, sociologia e história. E nossa linha editorial só tem um norte: ao menos um texto sobre o Mucuri.

Confira outros números clicando aqui.

Folhei-a:

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Lançamento da Litro Magazine

Enviado por Biblioteca Nacional

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segunda-feira, 25 de junho de 2012

Então, qual é o plano?

E nós achando que isso é coisa do vale do Mucuri…

Retirado do Cultura e Mercado em 25/06/12 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/entao-qual-e-o-plano/

Por Maria Vlachou

Todos os encontros, seminários e conferências a que assisti nos últimos meses tinham as palavras ‘crise’ e ‘desafios’ algures incluídas: no tema, num painel, em algumas comunicações. Poderia ser um sinal positivo. Poderia significar que estamos conscientes da situação crítica com a qual estamos a ser confrontados e queremos lidar com ela, enfrentá-la. Queremos reagir e tomar o futuro nas nossas mãos.

Mas pode também significar… nada. Simplesmente nada. Em todas essas ocasiões foram raras as vezes em que ouvi ideias e propostas concretas. Ouvi críticas (normalmente a decisões do governo); ouvi exigências (normalmente dirigidas ao governo); ouvi as mesmas coisas que temos andado a dizer há anos (normalmente sobre as responsabilidades e obrigações do governo, sobre o quanto somos importantes, quão subfinanciados e negligenciados e subvalorizados pelo governo e pela sociedade, quando ambos deveriam saber melhor…).

O maior desafio não será, afinal, pôr um fim a tudo isto? Às repetições, à nossa miopia, à nossa autocomiseração, à nossa inércia? Porque estamos enganados se pensamos que estamos a agir quando exigimos apenas aos outros, quando nos concentramos apenas nas responsabilidades dos outros, quando procuramos apenas não deixar que as coisas piorem (isto é, que piorem ainda mais, porque, na verdade, nunca estiveram muito bem). Quais as nossas responsabilidades? Qual o nosso papel em tudo isto? Quais as nossas ideias, as nossas prioridades? Em suma, qual o nosso plano?

É nossa responsabilidade, faz parte do nosso papel, controlarmos e criticarmos o governo. Exigir que cumpra as suas obrigações perante os cidadãos (apesar de às vezes parecer que nos esquecemos deles e exigimos apenas por nós e pelas ‘nossas’ instituições). Mas também é fácil, se pretendemos fazer apenas isso. E não leva a lado nenhum. Os governos, os políticos, os ministros poderão não ter necessariamente um plano… Mas nós temos que ter. Não só deveríamos assumir isto como parte do nosso trabalho, como deveria ser esperado de nós.

Em primeiro lugar – de tudo o que vi e ouvi e li nos últimos tempos -, diria que uma das coisas mais preocupantes em que devemos pensar é que estamos ainda muito afastados da sociedade. Confortáveis e altivos e seguros de nós próprios no nosso papel de guardiões, temos ainda dificuldade em entender que as pessoas para as quais é suposto trabalharmos – estou-me a referir aos cidadãos, muitos dos quais, convém que não nos esqueçamos, votaram no partido  que formou o actual governo e que anunciou durante a campanha o fim do Ministério da Cultura -,  essas pessoas, portanto, procuram o diálogo e não sermões; desejam ser nossos parceiros e não receber ordens; querem sentir-se em casa e não em transgressão; querem entender e não lidar com um clube de elites. Ignorar tudo isto significa assinar a nossa sentença de irrelevância.

Um segundo ponto que queria referir é que existe uma necessidade urgente de considerar e começar a trabalhar em fontes alternativas de financiamento. Estarmos dependentes apenas de uma fonte não provou ser boa ideia. Insistirmos que essa fonte continue a fluir sem ao mesmo tempo procurarmos alternativas demonstra, no mínimo, alguma teimosia, pouco produtiva. Ultrapassar a nossa alergia em falar da geração de dinheiro é algo essencial neste processo. As instituições culturais não têm fins lucrativos, mas isto não significa que não devem ter lucro. É esse lucro que poderiam reinvestir na sua actividade e conseguir progredir, fazer mais.

O primeiro e o segundo ponto, intimamente relacionados (isto é, os alicerces da sustentabilidade financeira das instituições culturais têm a sua base também na relação com a sociedade), levam a um terceiro: a necessidade de estes processos serem conduzidos por profissionais adequadamente preparados. Confiaríamos alguma vez a nossa defesa em tribunal a um advogado não-profissional? A nossa saúde a um médico não-profissional? A construção da nossa casa a um engenheiro não-profissional? Com todo o respeito pelos amadores e entusiastas, que são absolutamente fundamentais na nossa área, como é que o sector cultural continua a não procurar os profissionais mais apropriados para cada função? Como é que vamos poder construir confiança e fé nas nossas transacções com outros sectores, essenciais para a nossa sustentabilidade, se não formos adequadamente preparados?

E um último ponto, indispensável: falar a verdade ao poder. O facto de muitos líderes (a maioria?) preferirem ser rodeados de ‘yes-men’ não é um fenómeno exclusivamente português. Há algumas semanas, por ocasião da destituição da Presidente do Arts Council England, Liz Forgan, pelo Secretário de Estado da Cultura, Jeremy Hunt, Dany Louise escrevia no seu blog: “O princípio básico é que se queremos uma boa – ou até excelente – governança, não nos rodeamos de ‘yes-men’ e ‘yes-women’, mas de profissionais capazes e inteligentes e de um ambiente que valoriza e activa estas capacidades. Encorajamo-los a dizer-nos quando estamos equivocados ou quando estamos a tomar uma decisão errada e esperamos que nos apresentem alternativas viáveis. Fazemo-lo porque este é um factor crítico para nos tornarmos em verdadeiramente bons líderes, líderes que tomam as melhores decisões.”

“Crise” em grego significa, em primeiro lugar, um ponto decisivo, um ponto crucial, um ponto de viragem. A crise apresenta-nos com desafios e também oportunidades de mudança. Este é o momento de avaliarmos a situação, definir objectivos, estabelecer prioridades. Muito frequentemente, a distância entre as declarações de intenções e o pôr estas intenções em prática é demasiado grande e raramente percorrida. Este sector precisa de identificar aqueles capazes de cobrir esta distância, de levar as coisas para a frente. Este sector precisa também de identificar aqueles que entendem o significado da palavra accountability*. Os bons líderes deverão procurar os melhores consultores. E aos melhores consultores deverá ser dado espaço para darem a sua opinião. Livremente, objectivamente, responsavelmente.

*Accountability significa que quem desempenha funções de importância na sociedade deve regularmente explicar o que anda a fazer, como faz, por que faz, quanto gasta e o que vai fazer a seguir. Não se trata, portanto, apenas de prestar contas em termos quantitativos, mas de auto-avaliar a obra feita, de dar a conhecer o que se conseguiu e de justificar aquilo em que se falhou. (Fonte: Wikipedia)

**Publicado originalmente em www.musingonculture-pt.blogspot.com (português de Portugal)

Maria Vlachou

Mestre em Museologia (University College London, 1994), com tese sobre a temática do marketing de museus. Diretora de Comunicação do São Luiz Teatro Municipal desde 2006 e Fellow no Kennedy Center for the Performing Arts em Washington. Para mais artigos deste autor clique aqui

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Voz, Violão e Arte nesta quinta

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Vieira e sua cerâmica

Retirado do Mundo das Montanhas em 25/06/12 do endereço:

http://mundodasmontanhas.blogspot.com.br/2012/06/aureo-vieira-rodrigues-40-anos-e.html

Áureo Vieira Rodrigues, 40 anos, é natural de Teófilo Otoni, mas escolheu Ataléia como sua cidade e mora aqui há mais de 21 anos. Ele é um talentoso artesão que procura, antes de tudo, destacar-se pela simplicidade e pela originalidade.

Suas peças de arte impressionam pela graça e rusticidade das formas, e pela diversidade dos temas abordados, o que faz de Vieira um artista versátil e conectado com seu tempo. Além de máscaras e tipos humanos populares, como pescadores, trabalhadores em geral e outros personagens típicos e folclóricos da região, Vieira também molda peças, como potes, moringas e luminárias decorativas para jardins e mesas.

Também faz belas cortinas rústicas com bambu, barbante e pequenas peças de barro. Amante e defensor da natureza, ele constrói pequenas casas-ninho para servir de abrigo a pequenas aves, especialmente garrinchas e canários.

Enfim, esculpe, molda, dá forma a vários objetos de arte que de imediato agradam a quem os vê.

Seu pequeno ateliê localiza-se no fundo de seu quintal, entre hortas e plantas ornamentais, local onde costuma deixar frutas e outros alimentos a fim de atrair as aves, saguis e outros bichos. E assim, tratando e moldando o barro que ele traz de uma região próxima da pedra da Boca, chamada de Garganta do Anjo, no município de Teófilo Otoni, esse escultor vai fazendo sua arte e levando sua vida tranquila na cidade que ele escolheu para viver. Seguem mais fotos de seu trabalho.

Máscaras

Moringa

Assinatura do artista

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

hoje, som no beco: banda driver

O Programa de Ocupação do Papo Café e Mucury Cultural apresentam:
A Cafeteria e Livraria Papo Café ficam ao lado do Restaurante Rua das Flores.
Para maiores informações: 3523 – 8081 ou clique aqui.

Confira a página no Facebook.

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Mostra Múltiplos Brasis leva temas da antropologia para o grande público através do cinema

Retirado do Itaú Cultural em 22/06/12 do endereço:

http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2841&cd_materia=1949

Programação exibe filmes que dialogam com questões da antropologia

Frame do filme Terra Deu, Terra Come

De 2 a 8 de julho, o Itaú Cultural, o Cine Olido, o Cinusp e a Matilha Cultural recebem a mostra Múltiplos Brasis, na qual serão exibidos filmes que tratam de questões atuais da antropologia. A ideia central do evento é colocar o grande público em contato com temas que preocupam tanto cineastas quanto antropólogos, sendo que estes últimos produziram alguns dos filmes selecionados para exibição.

Dividida em cinco eixos temáticos – Cidades, Personagens, Fronteiras, Performance e Outros Brasis –, a curadora Paula Morgado explica que “nesta mostra estão em foco o cotidiano e as experiências que se revelam nas cidades, nos personagens, nas manifestações culturais, no ato performático de si e dos outros, cruzando fronteiras e produzindo um Brasil que vibra e é múltiplo”.

A mostra dialoga com a 28ª Reunião Brasileira de Antropologia, que acontece na PUC/SP de 2 a 5 de julho e colocará em debate várias questões discutidas pelos filmes em cartaz no Itaú Cultural e nas outras três salas participantes. “Julgamos oportuno brindar a cidade com uma semana de antropologia e cinema”, diz Bela Feldman-Bianco, presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), que realiza o evento em parceria com o Itaú Cultural, o Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da Universidade São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura, a Matilha Cultural e o Cinusp Paulo Emílio.

Em cartaz, filmes como Terra Deu, Terra Come, O Voo da Beleza, Jogo de Cena e Serras da Desordem discutem a temática da religião, da transexualidade, do encenamento sobre nós mesmos e dos conflitos entre grupos indígenas e interesses econômicos. Estes são apenas alguns dos assuntos propostos pela mostra, que exibe trabalhos selecionados e/ou premiados em festivais nacionais e internacionais.

Programação no Itaú Cultural

Fronteiras

O programa reúne nove filmes que abordam situações liminares vividas pelo corpo social, cultural e físico: detenção (Deus e o Diabo em Cima da Muralha e Juízo), transexualidade (O Voo da Beleza), deficiência mental (Do Luto à Luta), distúrbios psiquiátricos (Em (Si) Mesma e Passageiros de Segunda Classe), marginalidade social (Estamira), arte marginal (Minami em Close-up. A Boca em Revista). A liminaridade em sua potência máxima está no drama de pais que geram crianças acéfalas (Uma História Severina).

quinta 5

16h Juízo (Maria Augusta Ramos, Brasil, 2007, 90 min) – 10 anos

18h Deus e o Diabo em Cima da Muralha (Tocha Alves e Daniel Lieff, Brasil, 2006, 55 min) – 16 anos

20h Do Luto à Luta (Evaldo Mocarzel, Brasil, 2005, 75 min) – livre

sexta 6

16h Minami em Close-up. A Boca em Revista (Thiago Mendonça, Brasil, 2009, 19 min) – 14 anos

Passageiros de Segunda Classe (Waldir de Pina Barros, Kim-Ir-Sem e Luiz Eduardo Jorge, Brasil, 2001, 21 min) – 12 anos

Uma História Severina (Débora Diniz, Brasil, 2005, 22 min) – 16 anos

Em (Si) Mesma (Andréa Barbosa, Brasil, 2006, 24 min) – 10 anos

18h Estamira (Marcos Prado, Brasil, 2004, 115 min) – 10 anos

20h O Voo da Beleza (Alexandre Fleming Vale, Brasil, 2012, 80 min) – 18 anos [sessão de estreia – contará com a presença do diretor para um bate-papo após a exibição do filme]

Performance

O programa reúne sete filmes que instigam a pensar sobre a encenação que impregna a vida social, seja na paixão pelo samba (Roda), seja na religião (Terra Deu, Terra Come) ou no cotidiano de travestis em São Paulo (Transficção). Essa encenação também se apresenta no contato entre grupos indígenas e a sociedade nacional (Pïrinop, Meu Primeiro Contato) e na tragédia em que essa interação pode resultar (Serras da Desordem). Por fim, esse aspecto está na representação de nós mesmos (Jogo de Cena) e na performance de três personagens que relatam seu cotidiano (O Céu sobre os Ombros).

sábado 7

14h Roda (Carla Maia e Raquel Junqueira, Brasil, 2011, 70 min) – livre

16h Pïrinop, Meu Primeiro Contato (Mari Correa e Kanaré Ikpeng, Brasil, 2007, 83 min) – livre

18h O Céu sobre os Ombros (Sérgio Borges, Brasil, 2011, 72 min) – 16 anos

20h Serras da Desordem (Andrea Tonacci, Brasil, 2006, 135 min) – 10 anos

domingo 8

16h Terra Deu, Terra Come (Rodrigo Siqueira e Pedro Alexina, Brasil, 2010, 88 min) – livre

18h Jogo de Cena (Eduardo Coutinho, Brasil, 2007, 105 min) – livre

20h Transficção (Johannes Sjöberg, Brasil, 2007, 57 min) – 16 anos

sala itaú cultural 247 lugares

[ingresso distribuído com meia hora de antecedência]

Sinopses

Deus e o Diabo em Cima da Muralha

(Tocha Alves e Daniel Lieff, Brasil, 2006, 55 min)

Imagine uma prisão com cerca de 10 mil detentos, muitos perigosos e reincidentes, e, para controlá-los, poucos funcionários desarmados, que se revezam em turnos. Vivem quase como presos, numa rotina de tensão, mas também de humor e emoção. Enquanto existiu, o Carandiru foi o maior presídio da América Latina. O documentário mostra como funcionava a instituição sob a óptica desses funcionários, que relatam o tênue equilíbrio das relações com os detentos e as afinidades entre si.

Do Luto à Luta

(Evaldo Mocarzel, Brasil, 2005, 75 min)

Documentário que focaliza as deficiências, mas também as potencialidades, de portadores da síndrome de Down, problema genético que atinge cerca de 8 mil recém-nascidos por ano no Brasil. A obra procura desmistificar o estigma que ronda a questão e combater ideias preconceituosas.

Em (Si) Mesma

(Andréa Barbosa, Brasil, 2006, 24 min)

Vídeo sobre a relação de uma médica com internas de um hospital psiquiátrico público. Ao fotografar as pacientes, a profissional estabelece um diálogo em um nível emocional profundo e delicado, que auxilia essas mulheres no contato com o mundo.

Estamira

(Marcos Prado, Brasil, 2004, 115 min)

Mulher de 63 anos, que sofre de distúrbios mentais, vive e trabalha há mais de duas décadas no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. Com um discurso eloquente, filosófico e poético, a personagem levanta questões de interesse global, como o destino do lixo e os subterfúgios que a mente humana encontra para superar uma realidade insuportável.

Jogo de Cena

(Eduardo Coutinho, Brasil, 2007, 105 min)

Após ler um anúncio de jornal, 83 mulheres decidem contar suas histórias de vida num estúdio. Em junho de 2006, 23 delas foram selecionadas e filmadas no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro. Em setembro do mesmo ano, atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas pelas personagens escolhidas.

Juízo

(Maria Augusta Ramos, Brasil, 2007, 90 min)

Acompanha a trajetória de meninas e meninos pobres, com menos de 18 anos e infratores, do momento de sua prisão ao julgamento por roubo, tráfico e homicídio. Como sua identificação é vedada por lei, eles são representados no filme por jovens não infratores que vivem em condições sociais similares. Os outros personagens – juízes, promotores, defensores, policiais, familiares – são pessoas reais filmadas em audiências na II Vara da Justiça do Rio de Janeiro e em visitas ao Instituto Padre Severino, local de reclusão dos menores.

Minami em Close-up. A Boca em Revista

(Thiago Mendonça, Brasil, 2009, 19 min)

A trajetória da revista Cinema em Close-up, que nos anos 1970 se tornou um sucesso de vendas, e de seu editor, Minami Keizi, é o ponto de partida para contar a história dos filmes da Boca do Lixo paulistana e de seus personagens.

O Céu sobre os Ombros

(Sérgio Borges, Brasil, 2011, 72 min)

A narrativa acompanha alguns dias da vida de três pessoas/personagens: Everlyn é uma transexual que fez mestrado sobre os diários de um hermafrodita do século XIX e vive entre a prostituição e os cursos de sexualidade que ministra como professora; Murari é hare krishna, líder da torcida organizada do Atlético mineiro; e Lwei é africano descendente de portugueses e escreve vários livros ao mesmo tempo, sem ter chegado à conclusão de nenhum. Apesar de não se conhecer, eles vivem na mesma cidade, trabalham com a escrita, têm cerca de 30 anos e famílias distantes.

O Voo da Beleza

(Alexandre Fleming Vale, Brasil, 2012, 80 min)

Narrativas de viagens compõem a matéria-prima deste documentário sobre a vida de travestis e transexuais brasileiras que vivem na Europa, tidas como “imigrantes desqualificadas”. Para elas, o Velho Mundo é o coroamento de uma experiência marcada pelo cruzamento de fronteiras de gênero, territoriais, sociais e existenciais. Sessão de estreia.

Passageiros de Segunda Classe

(Waldir de Pina Barros, Kim-Ir-Sem e Luiz Eduardo Jorge, Brasil, 2001, 21 min)

Olhar cinematográfico humanizado para um espaço manicomial, no qual pacientes são submetidos a abandono, isolamento, eletrochoques e miséria absoluta.

Pïrinop, Meu Primeiro Contato

(Mari Correa e Kanaré Ikpeng, Brasil, 2007, 83 min)

Em 1964, os índios ikpeng realizam seu primeiro contato com brancos, numa região próxima ao Rio Xingu, em Mato Grosso. Passado, presente, tristeza e alegria se misturam nas narrativas desses indígenas sobre esse contato. Eles também revelam episódios que os brancos e suas câmeras não presenciaram.

Roda

(Carla Maia e Raquel Junqueira, Brasil, 2011, 70 min)

Compositores, intérpretes e instrumentistas da velha guarda do samba de Belo Horizonte fazem roda de samba e lembram de suas histórias.

Serras da Desordem

(Andrea Tonacci, Brasil, 2006, 135 min)

Carapiru é um índio nômade que, após ter seu grupo familiar massacrado num ataque surpresa de fazendeiros, consegue escapar e viver, durante dez anos, perambulando pelas serras do Brasil central. Capturado em novembro de 1988, a 2 mil quilômetros de distância de seu ponto de partida, ele é levado pelo sertanista Sydney Possuelo para Brasília. Sua história ganha as páginas dos jornais, gerando polêmica entre historiadores e antropólogos em relação à sua origem e identidade.

Terra Deu, Terra Come

(Rodrigo Siqueira e Pedro Alexina, Brasil, 2010, 88 min)

Neste filme não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é brasileiro. Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos, comanda, como mestre de cerimônias, o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual ocorre no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais. Ao conduzir o funeral, Pedro desfia histórias carregadas de poesia e significados metafísicos, que põem os espectadores em dúvida todo o tempo. Sua atuação e a de seus familiares diante da câmera provocam, pela dramaturgia espontânea, uma mise-en-scèneinstigante.

Transficção

(Johannes Sjöberg, Brasil, 2007, 57 min)

Filmado como parte do doutorado em artes cênicas do autor, explora a “etnoficção” – gênero de filme etnográfico experimental no qual os participantes colaboram com o cineasta improvisando experiências pessoais ou de outras pessoas. O foco é a identidade e a discriminação no cotidiano de transgêneros brasileiros que vivem em São Paulo.

Uma História Severina

(Débora Diniz, Brasil, 2005, 22 min)

Severina teve seu destino alterado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Grávida de quatro meses de um feto sem cérebro, ela estava internada no hospital na mesma tarde em que o órgão da Justiça cassou a permissão para interromper a gestação. Era 20 de outubro de 2004. Plantadora de brócolis de Chã Grande, Pernambuco, mulher de Rosivaldo e mãe de Walmir, Severina passa a visitar fóruns e maternidades por três meses para pedir que lhe abreviem o sofrimento. O documentário testemunha essa peregrinação.

Programação em outras salas

[segunda 2 a domingo 8 julho 2012]

Cinusp Paulo Emílio [Rua do Anfiteatro, 181 – usp.br/cinusp/]

Segunda 2 a sexta 6

programa Cidades

BH Soul (Tomás Amaral, Brasil, 2010, 93 min)

Número Zero (Claudia Nunes, Brasil, 2010, 67 min)

programa Personagens

A Alma do Osso (Cao Guimarães, Brasil, 2004, 74 min)

Marighella (Isa Grispum Ferraz, Brasil, 2001, 100 min)

programa Outros Brasis

Nas Terras do Bem-Virá (Alexandre Rampazzo, Brasil, 2007, 110 min)

Corumbiara (Vincent Carelli, Brasil, 2009, 117 min)

programa Performance

O Céu sobre os Ombros (Sérgio Borges, Brasil, 2011, 72 min)

Terra Deu, Terra Come (Rodrigo Siqueira e Pedro Alexina, Brasil, 2010, 88 min)

programa Fronteiras

Estamira (Marcos Prado, Brasil, 2004, 115 min)

Juízo (Maria Augusta Ramos, Brasil, 2007, 90 min)

Cine Olido [avenida são João, 473 – galeriaolido.sp.gov.br/]

Terça 3 a domingo 8

programa Cidades

A Arte e a Rua (Carolina Caffé e Rose Satiko Hikiji, Brasil, 2011, 46 min)

BH Soul (Tomás Amaral, Brasil, 2010, 93 min)

Grajaú, Onde São Paulo Começa (João Cláudio de Sena, Brasil, 2011, 28 min)

Luz – Processo de Gentrificação em São Paulo (Coletivo Left Hand Rotation, Brasil, 2011, 25 min)

Minhocão (Raphael Grisey, Brasil, 2011, 31 min)

Número Zero (Claudia Nunes, Brasil, 2010, 67 min)

Sobre Rio e Córregos (Camilo Tavares, Brasil, 2009, 60 min)

Um Lugar ao Sol (Gabriel Mascaro, Brasil, 2009, 66 min)

programa Personagens

A Alma do Osso (Cao Guimarães, Brasil, 2004, 74 min)

Babás (Consuelo Lins, Brasil, 2010, 20 min)

Câmara Viajante (Joe Pimentel, 2007, 20 min)

Diário de Naná (Paschoal Samora, Brasil, 2006, 60 min)

Fala Mulher (Kika Nicolela e Graciela Rodriguez, Brasil, 2005, 80 min)

Marighella (Isa Grispum Ferraz, Brasil, 2001, 100 min)

Onde a Coruja Dorme (Márcia Derraik e Simplicio Neto, Brasil, 2001, 15 min)

Santiago (João Moreira Salles, Brasil, 2007, 80 min)

Vaidade (Fabiano Maciel, Brasil, 2002, 54 min)

Matilha Cultural [rua rego Freitas, 542 – matilhacultural.com.br/]

Quarta 4 a domingo 8

programa Outros Brasis

No Meio do Rio Entre as Árvores (Jorge Bodansky, Brasil, 2009, 70 min)

Corumbiara (Vincent Carelli, Brasil, 2009, 117 min)

Nas Terras do Bem-Virá (Alexandre Rampazzo, Brasil, 2007, 110 min)

Já Me Transformei em Imagem (Zezinho Yube, Brasil, 2008, 32 min)

A Poeira e o Vento (Marcos Pimentel, Brasil, 2010, 18 min)

Luz, Câmera, Pichação (Gustavo Coelho e Marcelo Guerra e Bruna Caetano, Brasil, 2011, 75 min)

Luz – Processo de Gentrificação em São Paulo (Coletivo Left Hand Rotation, Brasil, 2011, 25 min)

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Nova Fotografia: Fragmentos de Simplicidade

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quinta-feira, 21 de junho de 2012

hoje, o X Sarau no Casarão

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Museu Casa Guimarães Rosa realiza a 24ª edição da Semana Roseana

Retirado do site da SeC Minas Gerais em 21/06/12 do endereço:

http://www.cultura.mg.gov.br/component/content/article/192/939-museu-casa-guimaraes-rosa-realiza-a-24o-edicao-da-semana-roseanaCrédito: Sumav

Evento dedicado à vida e à obra de Guimarães Rosa tem como tema a histórica viagem realizada pelo sertão mineiro, em 1952

O Museu Casa Guimarães Rosa, instituição vinculada à Superintendência de Museus e Artes Visuais da Secretaria de Estado de Cultura, promove a 24ª edição da Semana Roseana, evento dedicado à divulgação e estudo da obra do escritor mineiro Guimarães Rosa. Realizada anualmente no município de Cordisburgo, terra natal do escritor, na Região Central do Estado, a Semana Roseana oferece uma programação variada de atividades culturais e oficinas gratuitas, tendo como tema a vida e a literatura produzida por Rosa. Entre as atividades programadas, estão oficinas de produção de texto, bordado, literatura, mesa redonda, debates, palestras, caminhada eco-literária e apresentações de teatro e música.

Este ano, o evento tem como tema “Guimarães Rosa: 60 anos da viagem pelo sertão de Minas”, uma homenagem à histórica viagem realizada por Guimarães Rosa pelo interior de Minas Gerais, em 1952, acompanhando um grupo de tropeiros por 10 dias. A jornada serviu de inspiração para obras-primas da literatura nacional como “Grande Sertão: Veredas”, “Corpo de Baile” e “Tutameia”.

A secretária de Estado de Cultura, Eliane Parreiras, ressalta a importância da Semana Roseana tanto para divulgar a grandiosidade da obra do escritor, como para estreitar os laços entre a comunidade e o Museu Casa Guimarães Rosa. “Ao longo dos anos, o museu se firmou como centro nacional de referência para a literatura de Guimarães Rosa, por meio de seu rico acervo. Com a Semana Roseana, a instituição cumpre a importante missão de democratizar o acesso do público a esse acervo”, explica.

A Semana Roseana é um evento de repercussão nacional, que tem como objetivo promover a divulgação da obra de Guimarães Rosa, considerado um dos maiores escritores do século 20, responsável pela renovação da prosa e do romance brasileiro por meio de experimentos lingüísticos. Além de prestar homenagem ao trabalho do escritor, a Semana Roseana também ajuda a divulgar a cidade de Cordisburgo como destino atraente para turistas nacionais e internacionais, servindo de referência sobre a obra de Guimarães Rosa para intelectuais, artistas, professores e estudantes.

Criada em 1989 pela Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, a ‘Semana Roseana’ é promovida pela Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Superintendência de Museus e Artes Visuais e do Museu Casa Guimarães Rosa, pela Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, pela Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa e pela Prefeitura Municipal de Cordisburgo, com apoio da Câmara Municipal do município.

Crédito: Sumav- Antiga casa de Guimarães Rosa, em Cordisburgo, abriga hoje o museu em sua memória

Sobre o Museu Casa Guimarães Rosa– Inaugurado em 30 de março de 1974, na casa em que Guimarães Rosa nasceu e passou a infância em Cordisburgo, o Museu Casa Guimarães Rosa foi concebido como centro de referência da vida e obra do escritor. O acervo é composto por objetos de uso pessoal, doméstico e profissional, fotografias, edições nacionais e estrangeiras de obras do escritor, além de cerca de 700 documentos pessoais, como originais manuscritos e datilografados, originais do último livro publicado “Tutameia”, e correspondências que ele manteve com seu pai e com um amigo, Pedro Barbosa.

Concebido pela Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Superintendência de Museus e Artes Visuais, a missão do Museu Casa Guimarães Rosa é preservar, pesquisar e difundir a obra de Guimarães Rosa, desenvolvendo projetos de atuação na comunidade e no conjunto de bens culturais e naturais de Cordisburgo e cidades vizinhas. O projeto tem ainda parceria com a Associação de Amigos do Museu, que se envolve diretamente nas ações educativas.

A instituição desempenha, ainda, papel de destaque na dinâmica cultural do Circuito Guimarães Rosa, formado pelos municípios de Araçaí, Curvelo, Inimutaba, Presidente Juscelino, Corinto, Morro da Garça, Felixlândia, Lassance, Várzea da Palma, Três Marias, Pirapora e Buritizeiro, região que foi percorrida por Rosa durante o ano de 1952.

O Museu Casa Guimarães Rosa vem se firmando, desde a década de 1980, como centro de atração de pesquisadores nacionais e internacionais, interessados em conhecer o seu acervo museológico, bem como o patrimônio cultural e ambiental disperso nas áreas urbana e rural do município de Cordisburgo, paisagem que deixou marcas indeléveis expressas na obra do escritor. Em 2011 o Museu recebeu 32.217 visitantes.

Crédito: Sumav  - Foto de Guimarães Rosa em seu escritório

 

Sobre a viagem de 1952– Algumas viagens entraram para a história. Outras entraram também para a literatura. Foi o que aconteceu com o escritor João Guimarães Rosa quando, em maio de 1952, há 60 anos, se lançou em uma empreitada pelo sertão mineiro que marcaria sua vida e sua obra. Acompanhado de oito vaqueiros e levando 300 cabeças de gado, o escritor percorreu, em 10 dias, os 240 quilômetros que separam Três Marias e Araçaí, na região central de Minas Gerais.

Durante o trajeto, Rosa trazia amarrada ao pescoço uma caderneta, onde anotava tudo que via e ouvia – as conversas com os vaqueiros, as sensações, as dificuldades e tudo que brotasse daquele mundo que ele reencontrava depois de anos vivendo como diplomata no exterior.

As cadernetas, que hoje fazem parte do acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, foram reunidas em dois diários, que Rosa chamou de “A Boiada 1” e “A Boiada 2”. As anotações seriam utilizadas como elementos de suas próximas obras – entre elas, “Corpo de Baile”, “Grande Sertão: Veredas” (lançados em 1956) e “Tutameia”, de 1967.

No dia 16 de maio de 1952, o escritor chegava à fazenda Sirga, de seu primo Francisco Moreira, no município de Três Marias. Três dias mais tarde, a boiada partiria para a viagem, fazendo seu pouso em várias fazendas e vilarejos da região. Rosa fez questão de acompanhar o dia-a-dia dos vaqueiros em tudo, comendo da mesma comida – carne-seca, toucinho, feijão e arroz com pequi – e dormindo nos mesmos locais. Já próximo a Cordisburgo, etapa final da viagem, a comitiva teve um encontro com uma equipe da revista “O Cruzeiro”, que cobria a viagem do famoso autor de “Sagarana”.

As obras de Rosa possuem uma infinidade de referências diretas e indiretas à viagem de 1952. A principal delas está em “Corpo de Baile”, mais especificamente na novela “Uma Estória de Amor”, inspirada na vida de Manuel Nardy, um dos oito vaqueiros integrantes da comitiva. Ele aparece transfigurado no personagem de Manuel Jesus Rodrigues, o “Manuelzão”.

Outro vaqueiro que se destacou durante a viagem foi o João Henrique Ribeiro, o “Zito”. Embora não tenha ficado tão famoso quanto Manuel, era “Zito” quem seguia o tempo todo ao lado do escritor. Assumiu as funções de guia e de cozinheiro da tropa e tirava quase todas as dúvidas de Guimarães Rosa. Embora não tenha resultado na criação de um personagem, a relação entre “Zito” e o escritor também teve seu destaque na obra. A perspicácia do vaqueiro chamou tanto a atenção de Rosa que, anos mais tarde, ele o homenagearia em “Tutameia”, lançado no ano da morte do escritor. Em um dos quatro prefácios, Guimarães Rosa transcreve trechos de conversas com o vaqueiro e elogia sua inteligência e criatividade.

Evento: 24ª Semana Roseana – “Guimarães Rosa: 60 anos da viagem de 1952 pelo sertão de Minas”

Data: de 24 a 30 de junho

Local: Museu Casa Guimarães Rosa - Rua Padre João, 744, Cordisburgo – Minas Gerais

Informações: (31) 3269-1109

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Dirigentes e indígenas debatem o plano setorial

Retirado do Cultura e Sustentabilidade na Rio+20 em 21/06/12 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/riomais20/blog/2012/06/20/dirigentes-e-indigenas-debates-o-plano-setorial/

Rio de Janeiro – O Seminário de Culturas Indígenas que começou ontem(20) e segue até hoje (21), no Galpão da Cidadania, reuniu representantes de cerca de 20 nações indígenas entre as instaladas nos acampamentos Kari-Oca e Terra Livre.

Hoje o seminário apresentou e debateu o Plano Setorial para as Culturas Indígenas, que é parte do Plano Nacional de Cultura, sancionado em 2010. Para amanhã está reservado o lançamento da 4ª edição do Prêmio de Culturas Indígenas e dos Pontos de Cultura Indígena iniciados pelo MinC em 2012.

À mesa de abertura estavam a índia e pedagoga, Dora Pankararu, membro do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), órgão ligado ao Ministério da Cultura (MinC), que representa a sociedade civil na formulação das políticas públicas de cultura, e o índio Kretã Kaingang, do colegiado setorial para culturas indígenas.

Completaram a mesa o secretário-executivo da Cultura, Vitor Ortiz, a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Marcia Rollemberg, e o diretor do Museu do Índio (Funai), José Carlos Levinho.

A discussão tratou dos avanços conquistados pelos povos indígenas, das dificuldades que ainda vivem e dos desafios que têm pela frente.

Conquista inédita

Considerado fato inédito pelas lideranças indígenas, o plano setorial para o segmento foi apresentado no final da manhã. “Somente agora, partindo de 2010, a cultura indígena consegue ter um plano setorial específico e fazer valer os marcos legais”, explicou Dora Pankararu.

“O desafio, agora, é o cumprimento das propostas do nosso plano setorial”, disse a conselheira do CNPC. O representante indígena, no conselho, é indicado pelo colegiado setorial indígena, criado em 2010.

Kretã Kaingang também comemorou a conquista e apontou os próximos passos. “O plano foi muito importante. Nossa primeira parte foi construir o plano, o próximo colegiado já vai trabalhar com orçamentos e metas. Somos muitos [há cerca de 180 nações indígenas no Brasil] e o plano tem que contemplar toda a diversidade e indígena”.

A plateia repleta de lideranças indígenas foi outro fator destacado por Kretã, que representa povos indígenas do sul do país. “É importante ter um mundo de lideranças no seminário, de várias partes do Brasil”.

Presidente da Associação que representa os Nukuni, do Acre, Xiti Nukini, mostrou-se grato por participar do seminário e da Rio+20, mas deixou uma reivindicação. “É um encontro mundial e o MinC está de portas abertas para nós, mas nossa dificuldade é de chegar nesses eventos, precisamos de mais atenção”.

Márcia Rollemberg ressaltou a importância do plano setorial e reforçou o papel dos Pontos de Cultura Indígenas como ‘articuladores’ entre as comunidades indígenas e os demais setores. “É um passo decisivo como política pública inclusiva”, disse. “Os pontos de cultura têm uma importância estratégica no processo de comunicação”.

Rodada de debates

O secretário de Políticas Culturais, Sérgio Mamberti, acompanhou a discussão na plateia. À tarde, o seminário desfez a formação convencional e prosseguiu com uma roda de debates em que o Secretário de Articulação Institucional do MinC, Roberto Peixe, falou sobre o plano, explicou como funciona, e ouviu os questionamentos e dúvidas de parte das diversas lideranças indígenas.

Mas quem falou mesmo foram os índios. “Agora é nossa vez de falar”, disse uma liderança. Uma das reivindicações foi quanto ao mecanismo de inscrição para votação de representantes que vão compor o novo colegiado setorial indígena. Os índios pedem prorrogação do prazo para inscrição e um sistema mais simples.

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, compareceu especialmente para deixar sua mensagem aos povos indígenas. “A presença da cultura indígena é muito forte nas nossas tradições, na nossa língua. Tenho todo o respeito pelos povos indígenas, é uma relação de brasileira que respeita a sua ancestralidade. Há muito o que fazer, mas não se faz da noite para o dia, estamos resgatando uma dívida de 500 anos”.

Confira a galeria de imagens.

(Texto: Ascom/MinC)
(Fotos: Caru Ribeiro e Luciana Avellar)

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

som no beco, neste sexta: banda driver

O Programa de Ocupação do Papo Café e Mucury Cultural apresentam:
A Cafeteria e Livraria Papo Café ficam ao lado do Restaurante Rua das Flores.
Para maiores informações: 3523 - 8081

A banda traz em seu repertório sucessos internacionais (rock e pop rock) e mpb numa mistura bem temperada.
como um beco é excelente lugar para música, cinema, arte e mais um monte de coisa que estamos descobrindo.

Confira a página no Facebook.

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Seminário Culturas Indígenas acontece hoje

Retirado do site do MinC em 20/06/12 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/site/2012/06/19/seminario-culturas-indigenas-acontece-amanha/

Representantes do MinC estiveram em acampamentos indígenas divulgando o evento

Rio de Janeiro – Representantes do Ministério da Cultura (MinC) estiveram no acampamento Kari-Oca para convidar grupos indígenas para o Seminário sobre Culturas Indígenas, que ocorre hoje (20) e quinta-feira (21), das 9h30 às 17h30, no Galpão da Cidadania, espaço da Cultura na Rio+20.

O coordenador geral de Cultura e Cidadania da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC), Pedro Domingues, explicou que “desde agosto de 2011 o MinC iniciou articulação com entidades indígenas para apoiar a realização da Kari-Oca e do acampamento Terra Livre; uma negociação conjunta do governo nesse período”.

Ele disse, também, que “o Ministério trabalha para que as representações indígenas estejam em diálogo com o órgão. O colegiado de Culturas Indígenas participa da elaboração de projetos e programas sobre a valorização, o resgate e, principalmente, a divulgação das culturas indígenas no Brasil”.

Sobre o Plano Nacional de Culturas Indígenas, a consultora do MinC, Luciane Ouriques, explicou que o plano é uma política pública voltada para o fortalecimento, a manutenção e atualização das culturas indígenas. “Foi construído durante cinco anos em discussão com tribos de diferentes regiões do país”.

O historiador Maurício Fonseca discorreu sobre o prêmio Culturas Indígenas, criado a partir de uma proposta construída com os índios e o Ministério.

Cristine Taquá, membro da aldeia ribeirão Silveira, do litoral norte de São Paulo, disse que os índios estão finalizando a Carta do Kari-Oca, que delimita as prioridades indígenas. “O documento será enviado para a ONU. Ainda há muito o que se fazer”.

A porta-voz do MinC junto aos indígenas, Graciliana Wakanã, explicou que a inscrição para a renovação do Conselho Nacional de Cultura acontece até o dia 24 de junho. “Gostaria de convidar a todos os presentes, o representante das aldeias para, unidos, termos mais representação no conselho”.

A Aldeia Kari-Oca é o mesmo espaço que abrigou os povos indígenas da América Latina durante a Rio 92.

A mesma ação foi desenvolvida ontem (19) no acampamento Terra Livre, outro espaço destinado ao abrigo dos índios. No próximo dia 21 haverá o lançamento do prêmio de Culturas indígenas no Galpão da Cidadania.

Veja, abaixo, imagens do acampamento Kari-Oca.

(Texto: Ascom/MinC)

(Fotos: Luciana Avellar)

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Bahia recebe encontro de negócios do mercado da música

Retirado do Cultura e Mercado em 20/06/12 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/agenda/bahia-recebe-encontro-de-negocios-do-mercado-da-musica/

Da Redação

De 4 a 8 de julho, a cidade de Salvador (BA) recebe o projeto Encounters, um espaço de negócios internacionais voltado ao mercado da música.

Durante os cinco dias, serão promovidos seminários, conferências, mesas de debate e encontros de negócios, reunindo compradores de música e jornalistas para negociar com produtores locais e promover a música brasileira no exterior.

Estarão presentes no evento: Crispin Parry, presidente da British Underground, agência de desenvolvimento do setor musical; Felix Hines, diretor administrativo da Westbury Music, editora independente de música contemporânea; o jornalista Bernardo Gutierrez; a empreendedora criativa Wozzy Brewster; e o representante da BM&A no Reino Unido, Jody Gillett.

O evento é uma realização da BM&A (Brasil Música e Artes) em parceria com a APEX-Brasil (Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos) e Bahia Music Export e QualiCultura, parcerias entre a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, o Sebrae-BA e a Fundação Cultural.

A ficha de inscrição está disponível aqui.

*Com informações do site Brasil Music Exchange

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terça-feira, 19 de junho de 2012

A Ética da Floresta e o espírito das economias criativas

Retirado do Cultura e Mercado em 19/06/12 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/a-etica-da-floresta-e-o-espirito-das-economias-criativas/

Por Newton Cannito

Vivemos uma crise civilizacional. O progresso e o crescimento econômico não tem conseguido deixar a sociedade mais justa e mais feliz.

Mais de um bilhão de pessoas continua passando fome e, mesmo as pessoas que são ricas, continuam ansiosas e infelizes. O consumo desenfreado e a disputa egóica por pequenos objetos “mágicos” de consumo (carros, roupas, etc..)  não tem conseguido gerar felicidade sequer para os milionários. Surgem novas doenças individuais e coletivas. A ansiedade celular gerou o câncer, a ansiedade social gerou a violência urbana e o trânsito. Toda essa ansiedade junta pode nos levar a um cataclismo ecológico. Tudo isso são tragédias democráticas que atingem ricos e pobres. Estamos num momento aonde já percebemos que temos duas opções: ou damos uma parada para respirar ou vamos morrer de ansiedade. E matar todo mundo. Literalmente, infelizmente. E, as vésperas da Rio + 20 e em pleno 2012, já ficou claro que temos que parar agora. E pensar na vida.

Acima de tudo nós temos que descobrir, fortalecer e irradiar uma nova ética, um novo modo de ser e estar no mundo. Mais do que uma pauta que disputa a prioridade com outras “Pautas Sociais”, a ecologia é uma nova forma de ver o mundo, uma nova cultura e uma nova ética. Um bom nome para essa nova ética é Ética da Floresta. Outros nomes possíveis são Ética Xâmanica, Ética das Redes ou do Rizoma. Podemos escolher ou inventar um novo.

O importante é que essa nova Ética já existe e está difundida muito além do movimento ecológico. Ela está presente nos coletivos artísticos, nas redes de cultura digital, em instituições que se reinventam e se tornam radicalmente democráticas, em novos modelos de gestão para organizações religiosas, em ONGs, em movimentos sociais e, até mesmo, em novos modelos de organizar as empresas e revolucionar as corporações capitalistas de todas ás áreas produtivas. Essa nova ética já esta sendo aplicada na prática e entender como ela funciona serve para trazer a consciência suas características, permitindo agilizar sua expansão. Todos os encontros, debates, vivências  ajudam a descobrir, conceituar e  irradiar essa nova ética. Descobrir é a palavra certa, pois ética não se inventa na mente. Ética se pratica primeiro e se conceitua depois.

A boa notícia é que essa nova ética é também uma tendência econômica e ela esta diretamente ligada ao Espírito das Economias Criativas.

Como Weber demonstrou em seu ensaio clássico, a Ética protestante era adequada ao Espírito do Capitalismo. Da mesma forma, a Ética da Floresta é adequada ao Espírito das Economias Criativas. E é essa economia criativa é que vai superar os limites do capitalismo e permitirá o surgimento de uma sociedade mais livre, justa e feliz. Sim, mais feliz.

E sim, é fato! Temos que respirar e admitir: nós temos uma nova Utopia! E é uma Utopia que já está se tornando real na prática de muitos grupos e que temos que ter a coragem de difundi-la. E essa nova utopia, como toda boa utopia, dissolve pequenos conflitos e recria antigos conceitos, descobrindo um novo caminho a ser seguido. Continuamos sem saber aonde chegar e gostamos disso. Mas agora podemos voltar a ter um caminho.

Para entender melhor tudo isso vamos conceituar a relação entre ecologia, cultura e ética e listar as características da Ética da Floresta. Ao final, voltaremos para discutir de que maneira essa nova ética favorece o crescimento da Economia Criativa.

A necessária aproximação entre cultura e ecologia

A cultura e a ecologia têm comum o fato de não poderem ser apenas “setores” da sociedade. Mais do que um setor da “luta” social, a ecologia é justamente uma forma sistêmica de ver o mundo. Ela não pode ser um “setor” (ou segmento) justamente porque é baseada na percepção de que tudo está interligado e de que não existem setores isolados. A ecologia é também a visão de rede rizomática muito debatida nos movimentos de cultura digital. Por isso, a ética da floresta e a cultura digital são tão parecidas e são, na verdade, a mesma coisa: pois ambos percebem que tudo está conectado a tudo! A ecologia já é muito mais que um movimento reivindicatório político e está se tornando uma nova cultura que propaga uma nova ética: a ética da Floresta.

Mais do que um Ministério pequeno da Esplanada, a Cultura é algo que deve perpassar todas as ações de um governo e de uma sociedade. A cultura é quem dá o amálgama de todas as coisas, é quem pauta o comportamento cotidiano, orienta nossa vida. Com a ecologia tem que ser igual. A ecologia tem que ser mais que ações bem intencionadas para maquiar catástrofes ecológicas provocadas por uma ética capitalista contrária à ecologia. A ecologia tem que ser preventiva e ir além de fazer remendos. Temos que atacar a doença e não apenas minimizar os sintomas. Temos que atacar na cultura e no modo de vida. A ecologia tem que estar incorporada à nossa forma de viver, à nossa ética, à nossa cultura. Temos que viver na Ética da Floresta.

A cultura e a ecologia têm que se aproximar imediatamente e de forma definitiva. Ambos são secundários no modelo atual de civilização, pois ambos são opostos à visão capitalista de desenvolvimento. Pessoas felizes são menos ansiosas, consomem menos e consomem melhor. E para além de nossa ansiedade por desenvolvimento econômico temos que admitir que o mundo precisa dar uma respirada e parar para ouvir uma musiquinha. Cultura, arte, criação e adoração da vida em todas as suas formas. Está aí uma boa pauta para ser ecológico sem ser ecochato.

Por que Ética? E como é viver em rede?

Quer queira, quer não, o ser humano está “condenado” a viver em rede. Então aproveitar e curtir essa onda. E nessa onda está a ética.

A ética é quem dá a liga para nossa atuação social. O ser humano tem livre arbítrio, mas toma suas decisões cotidianas a partir de sua ética. A ética é tipo o software (ou o sistema operacional, o DOS) que instalamos em nosso computador/cérebro para orientar nosso comportamento cotidiano. É a ética que estabelece nossas prioridades e nossos limites e, dessa forma, orienta nossas decisões. Se tivermos uma ética inadequada seremos infelizes e tomaremos decisões equivocadas. Temos que usar nosso livre arbítrio para além das pequenas decisões de consumo que a ética Capitalista define como liberdade. Liberdade para mim é mais que escolher entre duas marcas de carro caríssimas que eu compro me endividando no banco. Liberdade pode ser escolher andar de bicicleta e viver sem dívidas.

Temos que usar nossa liberdade também para escolher uma nova ética, um novo sistema operacional para nosso cérebro. E podemos optar por uma ética mais adequada aos tempos atuais e uma ética que nos tornará mais felizes.

Essa nova ética é a ética da Floresta, ou a ética xamânica, ou a ética das redes rizomáticas. E o melhor de tudo é essa ética é a Ética mais adequada a nova era das economias criativas.

Ética da Floresta x Ética Capitalista

Vamos listar rapidamente as diferenças entre Ética da Floresta e Ética Capitalista.

Xamanismo é fogo. A Ética Protestante busca a estabilidade, busca o eterno, busca as mensagens gravadas na rocha. A ética xamânica é a ética do fogo, que queima e transmuta, é a ética do “seja eterno enquanto dure”.  Viver na ética da Floresta é saber lidar com a morte (simbólica, real,etc..) e com o desapego (de funções, do poder, de tudo). Só quem tem desapego consegue correr os riscos necessários para viver a verdadeira inovação permanente. Xamanismo é uma ética nômade que tem desapego pelo passado e que aceita e valoriza a mudança que ocorre no presente.

Ética Protestante é também a Ética da Razão. Por isso, ela valoriza a racionalidade, busca de uma totalidade organizada, uma ordem. Quer sempre chegar a totalidade e ao definitivo.

A Ética da Floresta está sempre procurando criar a ordem a partir do caos. A ética da Floresta não nega a racionalidade. Mas a considera apenas como uma das ferramentas que podemos usar para sobreviver na selva. Uma ferramenta que funciona em certas situações, mas não funciona em outras. A Ética da Floresta nos prepara para trabalhar com um mundo menos “organizado” e mais complexo, onde temos que lidar com mais variáveis simultâneas. Por isso, apesar de curtirmos a razão e a usarmos sempre que é possível, não temos completa fé em nossa capacidade de realmente racionalizar o mundo. É por isso que é necessário valorizar a intuição.

Ética da Floresta vive num mundo que admite não ter limites definidos e que durará toda uma eternidade sem fim. Quem vive na Ética da Floresta não acredita totalmente na totalidade e aceita o fato de que vivemos em expansão permanente. Por isso, a Ética da Floresta lida melhor com o novo. Quem vive na ética da Floresta não tem medo do caos, entende que o caos é criativo. Mesmo quando é destrutivo, o caos é criativo. Quem vive na Ética da Floresta vive botando ordem no caos,  mas adora o novo que destrói a “ordem”. Não tem apego pela “ordem” perfeita, sabe que a ordem para ser perfeita tem que mudar permanentemente. A ética Protestante capitalista é a arte clássica e toda organizada, a arte da Floresta segue os princípios do Barroco, como a modularidade e a diversidade.

Selva para o racionalismo é sinônimo de barbárie. Ele vivia na selva. Para o xamânico a selva é o sinônimo da diversidade divertida e criativa do mundo.

Quem vive na ética da floresta adora paradoxos. O texto acima está cheio de paradoxos. Quem vive na ética da floresta sabe que só o paradoxo pode dar conta da complexidade da vida, e só o paradoxo permite que a linguagem não aprisione o movimento do mundo.

Quem vive na ética Protestante e racional quer chegar a verdade eterna. Quem vive na Ética da Floresta sabe que a verdade existe, mas está em eterna mudança. Quem vive na Ética da Razão quer aprisionar a verdade na jaula de sua mente, enquanto quem vive na ética da Floresta quer ver a verdade correndo tal como um lindo bicho solto. Adoramos a verdade, mas jamais tentaremos prendê-la e fixá-la.

A Ética da Floresta é a ética da cooperação. A ética capitalista é a Ética da competição. Para a complexidade do mundo hoje é cada vez mais necessário a criação de projetos que tenham diferentes expertises e inteligências, muitas vezes feitos por várias empresas e instituições atuando em conjunto. Quem fica preso à ética da competição acaba perdendo a “disputa”. Ganha quem sabe cooperar. No mundo de hoje, vence quem não está jogando. Também nos trabalhos criativos é cada vez mais comum a percepção da inteligência coletiva (conceito usado por Pierre Levy), que surge num coletivo de seres humanos e é muito maior que a soma de todas as partes. Isso é visível em qualquer ritual xamânico e em qualquer grupo de criação coletiva. Para efetivar projetos complexos que conseguem sucesso é necessário o surgimento dessa inteligência coletiva e ela só surge em ambientes colaborativos e não competitivos.

Ética Capitalista é baseada em Organogramas produtivos e funções rígidas. O problema é que isso não tem contemplado a rapidez de mudança do mundo atual.

Ética da Floresta preza por estruturas e organogramas complexos e em permanente transformação. Quem vive na ética da floresta pensa o mundo como rizoma e tem consciência que todos os pontos se ligam a todos os pontos. Não que consigamos isso em absoluto (isso seria ser totalmente natural), mas valorizamos a complexidade e a horizontalidade dos organogramas. Na verdade, para quem vive na ética da floresta fica um pouco estranho imaginar um organograma 2D em forma de pirâmide hierárquica eterna, tal qual eram os organogramas da era fordista. Não que não exista liderança. Mas a liderança é por projeto, por missão e pode mudar a qualquer momento. Alguém pode liderar um projeto e ser liderado no outro. Ou mesmo no mesmo projeto pode mudar rapidamente a liderança. Isso tudo é mutável e se transforma mais rápido. Um projeto orientado pela ética da Floresta é como uma verdadeira aventura de sobrevivência na selva. Para sobreviver tem que ter foco, liderança e atuação de todos os talentos individuais em funções específicas. A liderança é mais um maestro, mas cada um tem que ter sua total autonomia criativa para criar soluções a cada instante. Não há espaço para líderes egóicos e apegados ao poder. Um instante pode levar a tragédia e um grupo de sucesso está conectado e sabe dar o poder ao líder exato naquele momento específico e destituí-lo assim que necessário. Aliás, nem precisa destituir pois o próprio líder aceita que tem que passar a liderança para o outro. A liderança da ética da Floresta é a liderança que torna todos líderes de si mesmo.

A ética racional e protestante que permitiu o espírito do capitalismo prima pela exploração racional da Natureza. É o Robison Crusoé que vira náufrago e não tem um momento de fruição estética e diálogo. Ele apenas elabora um plano bem sucedido para usufruto dos bens materiais da natureza, incluindo o índio que ele consegue convencer a servi-lo como animal doméstico.

Já a Ética Xamânica da Floresta é a ética do Diálogo com a natureza. Tudo é diálogo, é conversa. Você pode matar um bicho, mas tem que pedir autorização. Você sabe que sua ação interfere e age no mundo como um visitante educado. O protestante se acha dono de tudo, o xamânico sabe que ele é visita. O xamânico tem, portanto, cuidado em não destruir a casa alheia. A Ética Xamânica acha estranho a própria apropriação privada e eterna da terra. É a ética do usufruto, o mundo é seu, desde que você use bem e deixe a casa arrumadinha para o próximo condômino. É naturalmente ecológico.

Ética da Floresta é a ética do dialogo permanente. Por isso o plano existe mas se transforma. Pois antes do plano tem o diálogo. Antes da ideia fixa existe os seres humanos. A realidade. A ética da floresta exige uma diplomacia eterna, usa a antropofagia como diálogo com o diverso, como forma de se misturar a diversidade. A transformação também ocorre no indivíduo que está aberto a se transformar. A identidade é baseada na alteridade, está mais para um devir do que para um ser.

A Ética Capitalista tem medo do futuro. Por isso acumula, guarda recursos. A Ética da Floresta tem fé no presente e fé no que a natureza pode lhe dar. A natureza inclui os seres humanos, sua comunidade, sua tribo. A natureza oferece uma rede de proteção que inclui, por exemplo, atendimento de saúde gratuito com o pajé, alimentação permanente, etc… A comunidade é maior que a família, é a aldeia, a família extensa, a vasta rede de primos e amigos que dão amparo e permitem a sensação de segurança. Isso somado à abundância de recursos naturais permite que um índio típico literalmente curta a vida sem medo exacerbado do futuro.

É claro que hoje não vivemos mais na Floresta e podemos e queremos ter nossos bens. Ainda mais que dentro da sociedade capitalista essa rede de proteção comunitária nem sempre funciona ou funciona de forma muito restrita.

No entanto, a Ética da floresta aplicada à vida urbana já começa a inverter a polaridade da ética capitalista. No capitalismo tem mais prestígio quem acumula mais bens, mesmo se viver de forma ascética (é a fábula da formiga). A ética da floresta começa a valorizar quem doa e quem promove a abundância ao seu redor. Tem mais prestígio na sociedade quem mais doa, não quem mais acumula. A doação pode ser em tempo, serviços, conhecimento, talentos ou dinheiro. O importante é que o princípio da doação se sobrepõem ao do acúmulo. É a lógica do ‘kula” analisada pelo antropólogo Malinowski no livro “Os Argonautas do Pacífico ocidental”. O kula é um sistema de trocas circular, místico e sem noção de posse permanente e foi usado como uma das inspirações do Movimento Gnu, um movimento pioneiro nos debates sobre cultura digital e que foi importante também no desenvolvimento do Sofware livre. Mais tarde, essas ideias orientaram também a criação de licenças como a Creative Commons. Evidentemente que nos dias de hoje não precisamos ter o “kula” como única forma de troca. Hoje uma mesma pessoa pode, em diferentes momentos, orientar seu “modelo de negócios” de forma diferente. Temos que lembrar que o coletivo não pode ser imposto ao indivíduo e ter direito autoral e patrimonial sobre obras de sua autoria é um valor básico, um direito humano. Mas o simples fato de termos hoje a opção estratégica de doar, de ter modelos de negócios que incluem a doação de direitos até mesmo como estratégia de marca, e de termos inúmeros casos de sucesso que vieram de modelos de licença mais abertos, mostra como a Ética do Acúmulo infinito não é mais hegemônica. Quem vive na ética da floresta tem que saber a hora certa de doar a rede e a hora certa de ficar com os bens para si e não deve nunca acumular exacerbadamente.

Eu poderia seguir fazendo comparações infinitas, mas acredito que essas comparações já dão uma idéia das diferenças e nos permitem avançar para entender como a Ética da Floresta permite o surgimento das economias criativas.

*Aguarde! Semana que vem publicaremos a segunda parte do artigo de Newton Cannito: “Como a Economia Criativa pode superar o Capitalismo e conquistar o mercado”

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Newton Cannito http://www.doutorcaneta.blogspot.com

Cineasta e escritor. Foi Secretario do Audiovisual do Ministério da Cultura. É presidente da Associacão Brasileira de Roteiristas. Para mais artigos deste autor clique aqui

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