sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

CORAL DAS LAVADEIRAS RECEBE MEDALHA E ABRAÇO DE LULA NO RIO DE JANEIRO

Enviado por Carlos Farias e Lavadeiras de Almenara

lula_cultura

As lavadeiras de Almenara e o compositor Carlos Farias, regente do coral, foram recebidos com todas as honras no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na noite de quinta-feira, 02 de dezembro, onde participaram da 16ª edição da entrega de insígnias da Ordem do Mérito Cultural, na condição de agraciados.

De acordo com o Ministro Juca Ferreira “foram escolhidas pessoas que exprimem a nossa tradição, a nossa vanguarda, as diferentes correntes de criação cultural e artística do nosso povo. Uma parte de um todo rico e generoso. Pessoas que enfrentaram a repressão política e pessoas que enfrentaram o anonimato e o preconceito. Atores e líderes comunitários; religiosos e dançarinos; humoristas e diplomatas; escritores e artistas plásticos... Pessoas que, a exemplo de Darcy Ribeiro, o grande homenageado, recriam, inventam e refletem sobre a nação que somos e a que queremos ser.”

Relação dos agraciados na edição 2010 da OMC:

Andrea Tonacci, Anna Bella Geiger, Mestre Alberto da Paz, Azelene Inácio Kaingáng, Candido Antonio Mendes de Almeida, Carlota Albuquerque, Cesária Évora, Conjunto Época de Ouro, Coral das Lavadeiras, Demônios da Garoa, Denise Stoklos, Dom Pedro Casaldáliga Pia, João Carlos de Souza-Gomes, Escuela Internacional de Cine y Television de San Antonio de los Baños (EICTV), Maria da Graça Costa Penna Burgos (Gal Costa), Glória Pires, Companhia de Danças Folclóricas Aruanda, Hermeto Pascoal, Ilo Krugli, Ismael Ivo, Ítalo Rossi, Jaguar, Joênia Wapixana, Leon Cakoff, Leonardo Boff, Maracatu Estrela Brilhante de Igarassú, Mário Gruber Correia, Maureen Bisilliat, Maurício Segall, Rogério Duarte, Sociedade Cultural Orfeica Lira Ceciliana,Tinoco.

Agraciados In Memoriam:

Armando Nogueira, Carlos Drummond de Andrade, Agenor de Miranda Araújo Neto (Cazuza), João Cabral de Melo Neto, Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo, Moacir Werneck de Castro, Nelson Rodrigues e Vinicius de Moraes.

Fotos e dados biográficos de todos os homenageados podem ser vistos no link http://www.cultura.gov.br/brasilidade/agraciados-2010/

LULA ABRAÇA AS LAVADEIRAS

A simplicidade das lavadeiras e Lula - foto Luã Raoni

Além dos agraciados e das celebridades presentes (atores, cineastas, cantores, pintores, músicos, produtores culturais, políticos, jornalistas...) a grande atração da noite foi o Presidente Lula. Em emocionado discurso, ele saudou os homenageados e sancionou o Plano Nacional de Cultura (PNC), cujas diretrizes, objetivos e estratégias terão validade pelos próximos dez anos. Recebeu calorosos aplausos de todos os presentes.

Finda a cerimônia, ainda no palco, o Presidente posou ao lado de todos os homenageados, sendo que dedicou uma atenção especial aos integrantes do Coral. Pacientemente, ele abraçou e beijou cada lavadeira, recebeu afagos e recados ao pé do ouvido e demonstrou vivo interesse por Almenara, cidade que visitou durante suas primeiras campanhas à presidência.

Após a meia-noite, a confraternização continuou na Villa Riso, onde o Ministério da Cultura ofereceu um jantar aos agraciados e convidados. Mais uma vez, as lavadeiras atraíram as atenções dos presentes. Viraram celebridades.

Para Carlos Farias, regente e coordenador do coral, “o valor simbólico dessa medalha é imensurável e queremos dividir a alegria deste momento com todo o povo brasileiro, especialmente do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais , onde a cultura popular se transformou em verdadeiro veículo de inclusão para milhares de pessoas.

Para Adélia Barbosa, que recebeu a medalha em nome do grupo, “essa viagem e esse prêmio foram a realização de um sonho. Não temos palavras para agradecer tanto carinho. Esperamos que as portas continuem se abrindo e o nosso coral possa encontrar apoiadores para os novos projetos.”

A equipe presente no Rio de Janeiro foi composta pelas lavadeiras/cantoras Adélia Barbosa da Silva, Ana Isabel da Conceição, Juracy Lima da Silva, Mirian Fernandes Pessoa, Santa de Lourdes Pereira, Sebastiana Dias Silva, Teresa Fernandes de Souza Novais, Valdenice Ferreira Santos e por Carlos Farias. Também marcaram presença no apoio a cantora e diretora artística Beatriz Farias, a produtora Jucélia Alves, o fotógrafo Luã Raoni e o webdesigner e agente cultural Neilton Lima, responsável pela criação do sítio do coral (www.coraldaslavadeiras.com.br ), capas dos Cds e de todo o material de divulgação do grupo, há mais de dez anos.

Contatos com as lavadeiras e Carlos Farias:

55 31 9943-3414 / 9377-7501

epovaleeventos@yahoo.com.br

lavadeirasdealmenara@gmail.com

www.facebook.com/lavadeirasdealmenara

www.facebook.com/carlosfarias

Segue matéria publicada na página do Ministério da Cultura

Vídeos da cerimônia, aqui.

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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Planos Setoriais de Cultura - SID/MinC divulga Planos Setoriais para as culturas populares e indígenas

Originalmente publicado no site do Ministério da Cultura e retirado em 30/12/2010 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/29/planos-setoriais-de-cultura/

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), divulgou nesta terça-feira, 28 de dezembro, o Plano Setorial para as Culturas Populares e o Plano Setorial para as Culturas Indígenas. Os instrumentos integram o primeiro Plano Nacional de Cultura, sancionado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2 de dezembro de 2010.

“Estes Planos são frutos da decisão do Ministério da Cultura de valorizar as culturas populares e indígenas brasileiras como pilares para a formação da identidade e diversidade cultural do país”, declarou o secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do MinC, Américo Córdula.

Para Américo, o Plano Setorial para as Culturas Indígenas estabelece uma política de Estado decenal que contribuirá para a “proteção e promoção das culturas indígenas, por meio de programas, entre outras ações, que permitam fomentar a transmissão de saberes, a manutenção da cultura e a difusão para a sociedade”.

Já o Plano Setorial para as Culturas Populares trará, segundo o secretário da SID, as diretrizes priorizadas e sistematizadas nestas duas gestões do governo Lula. “Mapear as manifestações, cadeias produtivas das festas, fomentar a manutenção das manifestações e incluir os mestres da tradição nos processos de ensino formais e informais”.

Os Planos Setoriais são resultado de compromissos pactuados com estes dois segmentos em diversos momentos de diálogo com o Ministério da Cultura, como os dois Seminários Nacionais de Políticas Públicas para as Culturas Populares (2005 e 2006) e as duas Conferências Nacionais de Cultura (2005 e 2010).

O Ministério da Cultura trabalhou com a dimensão cidadã da cultura – além das dimensões simbólica e econômica – e chamou para si uma tarefa que vai além do simples reconhecimento dos direitos cidadãos dos mestres, mestras e demais praticantes de culturas populares, bem como dos povos indígenas. Promoveu o protagonismo destes setores no que diz respeito à discussão, elaboração e acompanhamento das políticas públicas de cultura, permitindo a organização e amadurecimento dos segmentos.

Atualmente, representantes dos povos indígenas e das culturas populares possuem lugar no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) e um Colegiado Setorial específico, encarregado de subsidiar a participação dos segmentos no Conselho, bem como de elaborar e acompanhar a implementação destes Planos Setoriais.

Plano Nacional de Cultura

O Plano Nacional de Cultura (PNC) é o primeiro planejamento de longo prazo do Estado para a área cultural na história do país. Sua elaboração como projeto de lei é obrigatória por determinação da Constituição desde que o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº 48, em 2005.

As prioridades e os conceitos trazidos por ele constituem um referencial de compartilhamento de recursos coletivos que norteará as políticas públicas da área num horizonte de dez anos, inclusive com metas. Seu texto foi aperfeiçoado pela realização de 27 seminários, em cada unidade da federação, resultantes de um acordo entre MinC e Comissão de Educação e Cultura da Câmara.

Pelo projeto, o governo federal terá 180 dias para definir metas para atingir esses objetivos, que serão medidas pelo Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), já em implantação no Ministério da Cultura.

Os estados e municípios que quiserem aderir às diretrizes e metas do Plano Nacional de Cultura terão de elaborar seu respectivo plano decenal em até 180 dias. Para isso, contarão com assistência do MinC. O conteúdo será desdobrado, ainda, em planos setoriais.

Nos links abaixo é possível acessar, na íntegra, os planos:

Plano Setorial para as Culturas Populares

Plano Setorial para as Culturas Indígenas

Os arquivos podem ser vistos, ainda, em iPaper na página eletrônica da SID/MinC.

(Texto: Sheila Rezende, SID/MinC)

(Fotos: Juvenal Pereira e Rafael Cavalcante)

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Lançado projeto do espaço que abrigará a vastidão cultural do sertão nordestino

Originalmente publicado no site do Ministério da Cultura e retirado em 30/12/2010 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/29/cais-do-sertao-luiz-gonzaga/

A noite desta terça-feira (28) foi festiva em Recife, com mais uma homenagem, neste mês de dezembro, ao compositor popular brasileiro Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”. Desta vez, foi lançado o projeto Cais do Sertão Luiz Gonzaga, trabalho já considerado um novo marco urbano e cultural na paisagem da capital pernambucana.

A cerimônia foi realizada no Marco Zero e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ministro da Cultura, Juca Ferreira, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, de deputados, senadores, prefeitos, diversas autoridades, intelectuais e do povo, que cantou e dançou forró com desenvoltura, embalado por artistas locais que abriram o evento. O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna assistiu atentamente toda a programação.

A solenidade também teve sabor de despedida de Lula, homenageado e saudado pelo povo pernambucano em seu último ato público como Presidente da República em seu estado natal. Depois de demonstrar emoção e agradecimento ao povo pernambucano, Lula disse que agradecia a Deus em primeiro lugar, e acentuou que “se não fosse o dedo de Deus, não seria normal o fato de um retirante de Caetés, que fugiu para não morrer da fome, se transformar em Presidente da República do Brasil”.

Cultura do sertão

O projeto Cais do Sertão Luiz Gonzaga será um espaço que oferecerá a oportunidade de redescoberta da cultura sertaneja. Ele funcionará no Armazém 10, na região revitalizada do Porto de Recife, como um abrigo à beira mar do imenso mundo do sertão nordestino. As obras deverão ser concluídas em 2012. O trabalho foi elaborado pela Brasil Arquitetura, que prevê, além do grande acervo de Luiz Gonzaga, alta tecnologia e interatividade, oficinas de instrumentos, diversão e conhecimento, biblioteca, midiateca, estações digitais e muito mais, dentro de 7 mil metros quadrados de área construída.

O projeto resulta de uma parceria entre o Ministério da Cultura, o governo de  Pernambuco e o Porto de Recife, com recursos de R$ 26 milhões, dos quais R$ 21 milhões serão repassados pelo governo federal.

O ministro Juca Ferreira falou de sua alegria pelo lançamento do Cais do Sertão. “Essa é uma homenagem a um dos maiores artistas brasileiros, que, na década de 1950, foi o artista mais popular do Brasil e que colocou o nordestino e o pernambucano no imaginário do povo brasileiro de maneira extremamente positiva”.  Segundo o ministro, essa homenagem a Luiz Gonzaga se estende a toda a cultura nordestina.

Violonista

A noite reservou outras surpresas, com o anúncio, pelo presidente Lula, da doação de um terreno da União para a construção de uma escola de música administrada pela Associação Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque. Para marcar a decisão, o presidente entregou simbolicamente o ato de cessão de uso gratuito do terreno ao garoto Daniel Mesquita da Silva, violonista da Orquestra, dizendo que aquele menino de condição humilde precisava apenas de uma oportunidade e de autoestima para poder tocar como qualquer músico alemão, francês, inglês, de qualquer outro país do mundo.

O governador Eduardo Campos ressaltou em seu discurso que o estado de Pernambuco, hoje, tem mais fé no futuro. “Se o Brasil cresce hoje, Pernambuco cresce o dobro”, afirmou ele, logo após ter mencionado que “o presidente foi do Brasil oficial, mas não largou o Brasil real”.

(Texto: Glaucia Lira, Comunicação Social/MinC)

(Fotos: Beto Oliveira)

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Artista ou foca amestrada?

Publicado Originalmente por Andreaha San no Cultura e Mercado e retirado em 29/12/2010 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/artista-ou-foca-amestrada/

Este ano houve uma liberação de verba significativa do MINC à produção cultural. Levando em conta a escassez de sempre, houve progresso no sentido material. Por outro lado não houve retorno, ao produtor cultural ou ao artista, que se traduza em transparência quanto as escolhas ‘cometidas’.

A definição de critério por parte da iniciativa pública orientada à cultura, é no mínimo suspeita de abuso de poder. Neste caso seria adequado uma discussão sobre concursos públicos que dão prêmios para artistas tão interessantes quanto outros tantos que ficam de fora. Prêmios nos moldes que circulam por intermédio da Funarte e do Sesc. Contra a natureza do artista, são segmentados e criteriosamente programados para atender a diretrizes de ordem política. Quando resistimos a um tal procedimento, somos apontados como românticos e fora da realidade. Uma intransigência ao ‘olhar’ do outro que chega a impressionar. Toma-se a realidade como um bem restrito, e quem pensa diferente está excluído. Que tipo de artista é esse que se submete ao enquadramento institucional? Não seria este condicionamento ao instituído o que tem esterilizado a capacidade criativa dos homens, e neurotizado a sociedade? Então como esperar que sob tais condições o artista provoque transformação?

Esses prêmios evocaram o ressurgimento em minha mente daquela música que diz: ‘Quer ver a foca bater palminha? É dar a ela uma sardinha’. E se repete, se repete.. Como se eu não tivesse mais nada com que me ocupar.

Ao invés de tratar o artista com o habitual extremismo – que ora o endeusa, ora o marginaliza, num infeliz e significativo movimento de distanciamento – deveríamos cuidar de valorizar o ser humano. O que existe de singular em cada um de nós. Do contrário como desenvolver a diversidade? Muito se fala e pouco se empreende a respeito. Salta aos olhos a quantidade ínfima de empreendimentos baseados na diversidade humana. Iniciativa que deveria ser incluída em toda política de ordem pública à fim de semear o respeito e a tolerância entre os ‘desiguais’. O homem tem-se esmagado por excesso de unilateralidade e progresso sem sentido,  uma filosofia de vida que agride a natureza humana, que não deveria ser diferenciada da artistica. Independente se uns façam disso profissão e outros simplesmente vivam a arte de Ser o que são.

Estamos ainda no velho mundo. A prova irrefutável da afirmativa está na estratégia pública do critério político destituído do espírito a que dedica investimentos. Uma maneira deslocada de se considerar o ser humano. Embora a vontade política pareça verdadeira, o despreparo quanto ao negócio cultural é grande. Boa parte dos referidos prêmios privilegiam medalhões ou panelinhas universitárias. Perspectiva viciada de um sistema retrógrado que promete acolher uma nova realidade. Retórica. Não há como fazer política em meio a arte. Não sob tais critérios.

Vamos ensaiar aqui um movimento de reorientação da filosofia: Se o critério fosse humano não haveria questão, apenas um mesmo caminho aberto à quem estivesse disposto e apto a trilhá-lo sob critério intrínsecos. Não promoveríamos premiações que alimentam o ideal de sucesso, contemplando alguns poucos, abrindo mão da maioria. Garantiríamos uma perspectiva de subvenção governamental direta que privilegiaria a diversidade de nossa manifestação expressiva. Além disso, ou seja o sucesso, dependeria do próprio caminhar.

Para desenvolver cultura à altura de nossas emergentes necessidades é preciso mudar de paradigma.  Novos meios de se fazer política e abordar questões culturais são necessários. A economia criativa nos oferece esse movimento transformador, especialmente na transição dos processos excessivamente unilaterais de motivações extrínsecas, aos processos criativos motivados intrínsecamente. Tudo que for possível fazer no sentido de instituir a economia criativa como estratégia, ou parte da mesma, é proposta de renovação cultural, social, econômica e política. Depois de tanto progresso funcional, seria saudável, por que compensatório, evoluir como seres humanos.

Afinal, podemos ser mais do que bons médicos, escritores, contadores, artistas, etc. Podemos ajustar a bipolaridade humana (termo junguiano) para sermos humanos na íntegra. De reprodução basta o que já passamos e teima em retornar.

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

“O Rei e o Baião” - Lançamento do livro sobre Luiz Gonzaga emociona convidados em Brasília

Como em nossa radioweb ele ganha em disparada, vai mais uma notícia sobre o Rei do Baião.

publicado originalmente no site do MINC e retirado em 28/12/2010 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/17/%E2%80%9Co-rei-e-o-baiao%E2%80%9D/

Com uma cerimônia emocionante o livro “O Rei e o Baião” foi lançado na manhã desta sexta-feira (17), no auditório do Ministério da Cultura. Estiveram presentes no evento o ministro da Cultura, Juca Ferreira, o organizador da obra, Bené Fonteles, e a secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, Valéria Cabral.

O livro resume, numa publicação recheada de fotografias e belos textos, a trajetória de Luiz Gonzaga, um dos grandes ícones da cultura brasileira e nordestina. “O Rei e o Baião” tem como objetivo fomentar e intensificar a obra do artista, que completaria  98 anos na última segunda-feira, 13 de dezembro, data em que o livro foi lançado em Recife.

O organizador da Obra, Bené Fonteles, destacou a importância de Luiz Gonzaga para a música brasileira. “Sem Luiz Gonzaga não existiria Gil, nem Vandré, nem Caetano, nem Edu Lobo, nem muita gente da música popular brasileira. Luiz Gonzaga é um dos seis compositores que formam o pilar da música popular, como Villa Lobos, como Tom Jobim, como Pixinguinha, como Noel Rosa e como Dorival Caymmi”.

Fonteles também agradeceu a participação do ministro Juca Ferreira no projeto, uma parceria entre a Fundação Athos Bulcão e o Ministério da Cultura. “Tenho um profundo agradecimento pelo ministro, pois sem ele esse livro não teria saído, e pelo respeito que ele tem pela diversidade cultural brasileira”.

Bené Fonteles aproveitou a oportunidade para ressaltar a importância dos nordestinos para Brasília e explicou que Luiz Gonzaga foi a trilha sonora da construção da capital. “Muitos nordestinos morreram construindo essa cidade. A minha homenagem hoje é para eles”.  Emocionado, ele chamou o taxista, Seu Ari, e o presenteou com um exemplar do livro.  “Eu dei o primeiro livro para o Juca, mas o segundo livro será dado para uma pessoa especial. Tenho a honra de ter o Ari como amigo, ele é apaixonado por Luiz Gonzaga. Ontem eu fiz uma corrida com ele e ele foi falando e cantando as músicas de Luiz Gonzaga”. Fontele explicou que Seu Ari chegou em Brasília em 1957 e que ele representa os nordestinos que construíram a cidade e ajudaram a disseminar a música de Luiz Gonzaga. Juntos, seu Ari e Fonteles cantaram um trecho da música Boiadeiro, de Gonzaga.

O ministro Juca Ferreira também se emocionou ao contar a importância da música de Luiz Gonzaga para ele durante o período em que ficou exilado.  “Gonzaga era o único músico brasileiro que toda vez que eu ouvia no exílio, eu era transportado rapidamente para o Brasil. Eu diria que ele foi, junto com outros, o repertório que me ajudou a viver esses oito anos obrigatórios fora do Brasil”.

O ministro afirmou ainda que a importância de Gonzaga extrapola a esfera cultural. “Mais do que importante para a cultura brasileira, Luiz Gonzaga é importante para o nordeste. Talvez sem ele, a hierarquia de regiões, o monopólio da imagem e da identidade, teriam se fixado mais fortemente no centro-sul,”. Segundo ele, o músico contribuiu para a formação da identidade nordestina. “Além da contribuição cultural, ele tem uma contribuição importante por ter alargado a perimetral da identidade cultural brasileira, incorporando os nordestinos com conseqüências tão profundas”, completou.

Juca Ferreira fez questão de explicar que o lançamento do livro não é um ato isolado, já que dia 28 de dezembro será lançado, no cais do Recife, o projeto Casa Cais do Sertão, um centro cultural que será construído em torno da figura de Luiz Gonzaga. O lugar será destinado à memória e a uma série de atividades culturais que terão o objetivo de ressaltar não só a obra do músico como também a música popular nordestina e todas as dimensões da cultura popular.

Durante o lançamento, o sanfoneiro Marcus Faria e os músicos Toninho Vieira e Antônio Cecílio tocaram repertório de Luiz Gonzaga.

Casa Cais do Sertão

Ainda em fase de construção, o projeto é resultado de uma parceria entre o Ministério da Cultura, o Governo do Estado de Pernambuco e do Porto de Recife, e representa um investimento de R$ 26 milhões, sendo R$ 21 milhões investidos pelo governo federal.

Ele será o primeiro museu nacional hi-tech de alto porte em Pernambuco e destacará a importância de Luiz Gonzaga, ícone do sertão nordestino, para a cultura e o imaginário brasileiro.

A pedra fundamental será lançada dia 28 de dezembro em Recife com as presenças do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Juca Ferreira e contará com o show do sanfoneiro e compositor Dominguinhos, Targino Gondim e outros cinco sanfoneiros, que se apresentarão no Marco Zero, a partir das 17h.

(Texto: Elisa Salim, Comunicação Social/ MinC)
(Fotos: Pedro França)

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VIVA LUIZ! em homenagem a Luiz Gonzaga

publicado originalmente no site do MINC e retirado em 28/12/2010 do endereço:

http://www.cultura.gov.br/site/2010/12/23/centro-cultural-cais-do-sertao/

Centro Cultural Cais do Sertão

Projeto, que leva o nome de Luiz Gonzaga, será lançado dia 28 em Recife

No dia 28 de dezembro acontecerá a segunda etapa do evento VivaLuiz! com o lançamento oficial do projeto Centro Cultural Cais do Sertão Luiz Gonzaga, no Marco Zero, em Recife, às 17h, com as presenças do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do Ministro da Cultura, Juca Ferreira, e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Na ocasião, ocorrerá também a cessão de uma área para a construção de escola de música que ficará sob a coordenação da Associação Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque.

O projeto é resultado de uma parceria entre o Ministério da Cultura, o Governo do Estado de Pernambuco e do Porto de Recife, e representa um investimento de R$ 26 milhões, sendo R$ 21 milhões investidos pelo governo federal.
O Centro Cultural Cais do Sertão Luiz Gonzaga será o primeiro museu nacional hi-tech de alto porte em Pernambuco e destacará a importância de Luiz Gonzaga, ícone do sertão nordestino, para a cultura e o imaginário brasileiro.

“O Rei e o Baião”

A primeira etapa do Viva Luiz!, ocorreu, em Recife, com o lançamento do livro “O Rei e o Baião”, de Bené Fonteles no dia 13 de dezembro e no dia 17 de dezembro, em Brasília.

O livro resume, numa publicação recheada de fotografias e belos textos, a trajetória de Luiz Gonzaga, um dos grandes ícones da cultura brasileira e nordestina. “O Rei e o Baião” tem como objetivo fomentar e intensificar a obra do artista, que completaria  98 anos no dia13 de dezembro, data em que o livro foi lançado em Recife.

(Texto: Juliana Nepomuceno, Comunicação Social/ MinC)

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Bem-Amado e o ativismo político-cultural

Por:

Minha foto

MAURÍCIO CALEIRO
Jornalista e cineasta (na foto, ao lado de Joca Caleiro, o cão mais simpático das redondezas).

Originalmente publicado por Maurício Caleiro em seu blog CINEMA & OUTRAS ARTES, retirado em 27/12/2010 do endereço:

http://cinemaeoutrasartes.blogspot.com/2010/12/o-bem-amado-e-o-ativismo-politico.html

A adaptação de O Bem-Amado por Guel Arraes não decepciona apenas pelo roteiro frouxo, repetitivo, por atuações demasiado histriônicas e pela tentativa de inserir a narrativa em um contexto histórico inverossímil, mas, sobretudo, por distorçer gravemente a criação de Dias Gomes, ao negligenciar um traço distintivo da obra do dramaturgo baiano: a crítica político-ideológica consistente.

Marco Nanini, na pele do “coronel” Odorico Paraguaçu, e Tonico Pereira, personificando o populista de esquerda Vladimir, substituem o que poderia ser um duelo entre dois grandes atores por um torneio de quem grita mais alto. Às lúbricas saracotices das irmãs Cajazeiras com Odorico é dispensado um tom de chanchada, o qual, somado à superficialidade dos jogos eróticos pudicos, tende a cansar pela repetição. O casal central da trama, formado pelo jornalista Neco Pedreira (Caio Blat) e pela filha de Odorico, Violeta (Maria Flor), não bastasse a chatice de suas coqueterias calienta huevos, é fotografado com uma luz que acentua os tons brancos, dando a suas cenas idílicas a aparência de um comercial de margarina.

Um dos poucos personagens que se salva é o soturno e árido Zeca Diabo de José Wilker: sem chegar a ser, de forma alguma, melhor do que a versão brejeira do personagem quando na pele de Lima Duarte, ao menos é inovador. Já o Dirceu Borboleta de Matheus Nachtergaele é talvez o pior momento da carreira desse ator fenomenal – ainda mais para os que guardam memória da impagável personificação do secretário de Odorico por Emiliano Queiroz, com direito a gagueira e a ar apalermado.

A trilha sonora de Caetano Veloso & cia. é, para dizer o mínimo, preguiçosa – e a canção-tema, dissonante ao extremo, está no rol das mais pobres contribuições do baiano ao cinema. Para completar, em termos de tecnologia sonora o filme regride algumas décadas, a uma era pré-desenho de som: com frequência música e falas se contrapõem, indistinguíveis, não há nivelamento máximo ou preenchimento mínimo – de forma que, enquanto os berros de Nanini ardem nos tímpanos, os sussurros de José Wilker são eventualmente inaudíveis -; há ruídos e efeitos em níveis desiguais e às vezes inverossímeis: por vezes é como se estivéssemos ante um daqueles filmes do Jabor dos anos 70...

Salva-se uma direção de arte cuidadosa, com um quê de cinema malasiano nos tons de verde e vermelho e no uso de cortinas à guisa de molduras, resultando em belos interiores para uma Sucupira praiana e em colonial baiano. Mas mesmo nesses ambientes predomina uma certa pasteurização inerente às produções da Globo Filmes, dadas sua modorra narrativa característica, em allegro ma non troppo, e sua linguagem cinematográfica quadrada, mais previsível do que a de uma novela das oito.

Mas tais problemas não são o pior: ao igualar os dois políticos rivais encarnados por Nanini e Tonico Pereira, caracterizando ambos como manipuladores corruptos e velhacos, o filme substitui a crítica mordaz e matizada que o original de Dias Gomes fazia aos dois espectros político-ideológicos – aos quais o autor sobrepunha de maneira clara uma teleologia de valores republicanos, ausente no filme - por um discurso niilista, de descrença na política, de “políticos são todos iguais e não prestam” que é o que há de mais contraproducente para o avanço da democracia no Brasil.


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TROCANDO IDEIA AO SOM DE VINÍCIUS CASTRO

Por Flávia Muniz · Rio de Janeiro, RJ, publicado originalmente no Blog Overmundo e retirado em 27/12/2010 do endereço:

Foram três anos de produção. Vinícius Castro preparou bem seu álbum de estreia. O cd está fresquinho e está vendendo feito água. São vários planos para 2011 e um imperdível show-palíndromo no dia 21/12. A música brasileira se renova sempre. Para conferir todas as músicas é só clicar aqui.

FLÁVIA: Eu sou suspeita pra te entrevistar pois te conheço da Unirio e sei o quanto teu trabalho é bom e o que é estar numa escola de Música popular brasileira e não poder ter o apoio da universidade para o processo de feitura de um cd, o que significa um encaminhamento para o mercado de trabalho. De que forma você vê isso e como foi a produção do "jogo de palavras"?

VINÍCIUS CASTRO: A produção de ‘jogo de palavras’ foi absolutamente independente. A universidade foi importante nesse processo de feitura, mas de forma indireta: graças a ela, tive contato com diversos instrumentistas amigos que compraram a ideia do disco e resolveram emprestar seu talento ao projeto!

FLÁVIA: Que tipo de diálogo o artista é capaz de criar com a sociedade em que vive e com o seu tempo?

VINÍCIUS CASTRO: Como já foi dito por muitos, eu acredito que o artista é uma espécie de cronista de seu tempo. Mas talvez isso vá além: quando bem feita, a obra de arte retrata o ser humano - e por isso, se torna atemporal.

FLÁVIA: Em "dos pés a cabeça" o jogo de palavras é quase um jogo lúdico. Parece música de criança. Que mundo você queria ver no futuro quando as crianças de agora forem adultas?

VINÍCIUS CASTRO: Parece não... é uma música infantil! =) Acho que a tendência do mundo é a melhora de forma concêntrica. Acho que as crianças de amanhã estarão no mesmo lugar (fechando nossos ciclos), mas um pouco acima.

FLÁVIA: Eu ouvi um passeio de influências no seu álbum de estreia. Eu li numa entrevista que você treinou bastante antes, né? Eram vinte músicas "toscas" por dia aos treze anos! (queria ouvir isso!!!). Qual o sentido que te dá mais sentido pra compor?

VINÍCIUS CASTRO: (Não queira ouvir, é um desastre!!) A visão, incrivelmente, parece estar até acima da audição. Sempre tenho uma imagem na cabeça na hora de compor. Se não há imagem, não há som e não há canção!

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Ana de Hollanda quer integração e transversalidade

 

Publicado originalmente por Leonardo Brant no Cultura e Mercado, dia 22 dezembro 2010, e retirado em 27/12/2010 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/analise/ana-de-hollanda-quer-integracao-e-transversalidade/

Não consegui embarcar hoje cedo para o Rio, onde foi realizada a primeira coletiva de imprensa após o anúncio de Ana de Hollanda para o Ministério da Cultura. Conversei com alguns presentes e com Vitor Ortiz, um dos grandes quadros da cultura no país, anunciado como coordenador do processo transição.

Quem esperava um clima de revanchismo e rivalidade com a atual gestão, em decorrência da “volta por cima” do grupo ligado a Antonio Grassi,  ex-presidente da Funarte, se decepcionou. A ideia é reconhecer os avanços, continuar programas como Cultura Viva (dos Pontos de Cultura), Sistema Nacional de Cultura, e aprimorar sobretudo na gestão e diálogo, considerando a “opinião de todos envolvidos no processo cultural”.

A turma que se despede do MinC teme que propostas com o projeto de Lei do Direito Autoral seja abandonada pela nova Ministra. Ana preferiu cautela em suas colocações. Diz ter opinião pessoal sobre o assunto, mas prefere analisar as propostas, tomar pé da situação e refletir sobre o correto encaminhamento da questão.

Parece que o tempo das frases inconsequentes e do embate ideológico se vai com o fim do mandato de Juca Ferreira. “Sóbria, serena, equilibrada e impessoal”, são as impressões de quem ouviu sua fala. Transversalidade, diálogo, integração com o governo em todas as esferas são as palavras-chave do novo Ministério da Cultura.

Ana de Holanda enxerga o MinC como parte de um desafio maior, do governo Dilma, que precisa encontrar caminhos de consolidação para as classes sociais emergentes. A nova ministra quer ver o MinC no centro da estratégia governamental. “Vamos buscar a inclusão social através das várias áreas de ação do ministério. Vamos buscar o diálogo principalmente com a Educação e áreas sociais. O Ministério da Cultura não é um apêndice. Ele é integrado”, disse.

Pelos relatos que recebi, a transição deve correr em clima amistoso, de companheirismo e colaboração. É o desejo expresso pela nova ministra e sua percepção das conversas mantidas com a atual gestão.

Embora a ministra não seja vinculada a nenhum partido, a primeira mulher ministra da história mostra-se fiel companheira ao grupo de Antonio Grassi, do PT: “é um quadro maravilhoso, com uma capacidade de trabalho e uma liderança muito grande. Gostaria muito de tê-lo comigo. Minha equipe só teria a ganhar”, disse Ana.

Minha vó já dizia: “o mundo é redondo. E dá voltas”.

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domingo, 26 de dezembro de 2010

não te esqueças nunca destas palavras

a água não pode mais do que a água

nem o fogo mais do que o fogo

nem a pedra mais do que a pedra

Deus não pode mais do que deus

nem tu mais do que o que tu és

pó e água 

ar e fogo

tudo no universo se curva ao peso

do tempo

à permanente sucessão da existência 

nada deve se curvar a teus pés

publicado originalmente no VIALAXIA e retirado em 26/12/2010

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JOÃO EVANGELISTA RODRIGUES
BELO HORIZONTE, MINAS GERAIS, BRAZIL

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sábado, 25 de dezembro de 2010

Lobão, antimonotonia contra a bundamolice

 

     Por Bruno Dorigatti
     Foto de Tomás Rangel

Publicado originalmente no  Saraiva Conteúdo e retirado em 25/12/2010 do endereço:

http://www.saraivaconteudo.com.br/Artigo.aspx?id=503
 


Lobão toma a cena novamente neste final de 2010. Com sua caudalosa autobiografia de quase 600 páginas, 50 anos a mil (Nova Fronteira) – escrita em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, responsável pela pesquisa sobre o músico na imprensa e nos arquivos judiciais e policiais – o carioca que mora em São Paulo há dois anos repassa sua intensa e acelerada trajetória, desde a tenra infância de classe média na zona Sul do Rio de Janeiro, até esta década que finda em alguns dias, mergulhando fundo em suas descidas ao inferno. Lobão apresenta a sua versão de histórias que ajudam a compor a cenário da música pop brasileira dos anos 1980, passando por bandas como Vímana (esta ainda no final dos anos 1970, onde tocou com Lulu Santos e Ritchie), a Blitz e a carreira solo onde se firmou como um dos mais importantes nomes de sua geração.

Lugares comuns como “metralhadora giratória” e “porra louca” são alguns dos epítetos que vemos associado ao seu nome. Preso em 1987 por conta de um galho de maconha, Lobão lançaria na época Vida bandida, um dos seus grandes álbuns, e chegou a tomar mais 132 processos nas costas, pelo fato de não se deixar ser tutelado pelo Estado, alega ele.

Outra boa nova para quem admira o seu trabalho é a caixa que a Sony Music lança em breve com três CDs com repertório selecionado pelo músico entre os trabalhos lançados entre 1981 e 1991, além do DVD com o Acústico MTV (2007). Acústico esse muito criticado pela mídia nativa na época do seu lançamento pelo fato de Lobão, sempre crítico aos músicos que gravavam no formato, ter se rendido a ele. Com o Grammy de melhor álbum de rock daquele ano debaixo do braço, ele não se cansa de reafirmar que a luta pela numeração dos discos, iniciada em 1999 quando rompe com as gravadoras, era justamente para que, após a sua instituição, ele pudesse gravar por uma grande gravadora.

Neste descontraído e acalorado papo em seu estúdio, que fica nos fundos de sua casa no quieto e sinuoso bairro do Sumarezinho, em São Paulo, Lobão comenta a bundamolice que reina não só na cena musical atual, mas no país como um todo, segundo ele por conta da AIDS. “As pessoas foram ficando bunda moles, viraram religiosas, evangélicas, ficaram caretas, começaram a ouvir bossa nova, tudo por causa da AIDS. É verdade. Porque estava tudo para sermos libertários. Pô, hoje em dia um cara mais ou menos doidão é favor da virgindade no casamento, quer uma mulher virgem, é contra o aborto, fã do Marcelo Rossi. Esse é um cara normal atualmente, o que seria um grande bunda mole em qualquer outra época da vida que não fosse agora.” Além disso, ele senta o pau na bossa nova, em bandas como Restart e critica os independentes que não ambicionam tocar nas rádios, o que ainda seria fundamental para “pontuar, entrar no chart da história”. Recorda da polícia e dos juízes que o perseguiram, proibindo e sabotando seus shows, “pessoas obtusas que têm pulsão de morte”. “Sei que já estou há muitos anos na frente desses babacas. Então, cabe a eles, ó, acelerar, porque gente feliz como eu não dá trabalho. [risos] Eles que me dão um trabalho terrível, porque não entendem as coisas, são inflexíveis, pessoas preconceituosas."

No livro, o velho Lobo garante ter amaciado muitas das histórias. Por isso a importância de Tognolli, que com sua pesquisa chancela muita coisa que para muitos não passam de lendas e mitos. Já no prólogo, recorda do velório de seu amigo Júlio Barroso, que havia formado a Gang 90, e morreu ao cair de seu apartamento, em 1984, quando Lobão e Cazuza passaram a madrugada cheirando em cima do caixão, no cemitério do Caju, no Rio. E há histórias como de um tiroteio no Buraco Quente, na Mangueira, quando pegou um 38 e saiu dando pipoco, relatos sobre o tempo na cadeia e o que viu por lá, a difícil fase imerso nas drogas, o dia onírico em que Elza Soares improvisou com ele no estúdio um dia depois de perder seu filho com Garrincha, registro que foi perdido pela gravadora, a convivência dura com a mãe que, assim com seu pai, se suicidou.

O músico também soltou o verbo para cima de uma intelligentzia da MPB meio de esquerda, que teria colocado “um tampo cultural na frente de todas as pessoas que querem emergir culturalmente”. E lembra também dos prestimosos colegas jornalistas que tentaram derrubá-lo por muitas vezes.

“Já me enterraram 500 vezes e não vão me enterrar, é evidente. Eu já vi vários jornalistas finalizando a carreira. E vou presenciar muito mais. Porque eu estou aqui não é de brincadeira. As pessoas não entenderam isso. Eu não sou nenhum bufão, porra! O que acho legal é que meus adversários me subestimam. Eu conheço todos eles. Vão se fuder, evidentemente.”

E apesar de certo histrionismo que pode transparecer na conversa, na verdade trata-se apenas de um quesito que anda em falta: honestidade. “Eu sou o cara mais normal do mundo. Sou um homem honesto, falo o que sinto, digo, seja duro ou não, o que eu penso. Isso é ser anormal? Eu não acho, né?”

Eis, Lobão. 

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@RadioMicrofonia - 1 ano apoiando a Música Independente brasileira

publicado originalmente por Blefe e retirado em 25/12/2010 do endereço:
Rádio Microfonia acaba de completar um ano de muito rock n’ roll. E em comemoração, prepara diversos especiais, sorteios e um CD para download grátis no site.
Idealizada em 2009, a Rádio Microfonia foi ao ar no final de dezembro e começou a dar as caras na web em janeiro de 2010. Neste tempo, divulgou um imenso número de artistas independentes e também a cadeia produtiva cultural nacional, que neste país tão cheio de barreiras, tem lutado heroicamente pela criação de novas idéias e espaços.

Muitas bandas fizeram parte ativamente da rádio, mobilizando ouvintes, mandando suas músicas e material de divulgação, ajudando assim, a desenhar a ‘cara’ que a Microfonia tomaria desde então. Em nosso CD comemorativo para download, apresentamos as seguintes bandas em ordem alfabética:

- El Mató a un Policía Motorizado  Mi Próximo Movimiento. Diretamente da Argentina, a banda vem representando o programa Cambio, com Marcus Losanoff. O Cambio < ouça aqui: http://bit.ly/dM7kC6 > tem divulgado na rádio o que de melhor acontece no rock independente ibero-americano. 

- Garotas Suecas  Tudo Bem. Lançando seu novo álbum, ‘Escaldante Banda’, a Garotas Suecas traz a deliciosa mistura de rock, swing, tropicalismo e levada anos 70. 

- Gilber T – Hey Menina. Participando do programa Na Veia, Gilber T nos
presenteou com uma linda versão acústica de ‘Hey Menina’, gravada no estúdio Tomba. O programa Na Veia http://bit.ly/eS0aEu > é comandado por Renata Brant e traz diversas entrevistas e muito rock n’ roll.</OUÇA>
 

- Jair Naves – Silenciosa. Ex-vocalista da banda Ludovic, Jair Naves lançou-se em carreira solo com o surpreendente EP ‘Araguari’. Nele, o cantor apresenta uma outra faceta de sua arte, em canções mais intimistas e com levada folk.

- Lenzi Brothers  Papo de Elevador. Diretamente de Camboriú, Santa Catarina, os Lenzi Brothers lançaram este ano o CD ‘Fora de Estoque’, que pode ser baixado grátis no site da banda. 


- Loomer  All Gone. Grande representante do rock alternativo nacional, a Loomer apresentou o EP ‘Coward Soul’, pelos selos Senhor F, Midsummer Madness e Sinewave. ‘All Gone’ estreou na Rádio Microfonia e rapidamente escalou nosso Top 10.
- Pata de Elefante - Diga Me Com Quem Andas E Te Direi Se Vou Junto. A Pata de Elefante nos presenteou este ano com o belo disco ‘Na Cidade’. ‘Diga Me Com Quem Andas E Te Direi Se Vou Junto’ é a escolhida para representar o rock instrumental nacional, que em 2010 mostrou sua força em diversos festivais e um grande número de bandas e propostas artísticas.
- Rinoceronte  Nasceu. Fazendo um som pesado com levadas swingadas e cantando em português, a Rinoceronte acaba de lançar seu novo álbum, ‘Nasceu’, pela Monstro Discos. Em nossa coletânea, você ouve a faixa-título do petardo.
- Tereza  Um Dia Inteiro. Um dos grandes destaques deste ano é a Tereza, que vem se apresentando por todo o Brasil e lançou em seu bandcamp diversas canções para download. O single mais recente trouxe ‘Didgeridoo’ e ‘Um Dia Inteiro’, esta última, presente no CD comemorativo da rádio.
- The Snobs  Duas Pra Lá Duas Pra Cá. Mais uma banda a escalar nosso Top 10 e atingir rapidamente o primeiro lugar foi a The Snobs, rock n’ roll garageiro e sem firulas.
- Wander Telles  Deserto. O cantor e compositor carioca apresenta uma mistura de influências como Rock, MPB e Jazz. Prepara o lançamento de um EP em 2011, adiantando aqui seu primeiro single, ‘Deserto’

Saiba mais e baixe grátis o disco aqui: 
http://bit.ly/fILQhK

Projeto gráfico do CD: Caio Otero, da banda Colombia Coffee!
www.myspace.com/colombiacoffee

*Além do CD para download, a rádio promove muitos sorteios no site e especiais na programação. Comemore também!

Rádio Microfonia, um ano de cultura, informação e muito rock n’ roll.

www.radiomicrofonia.com.br

E-mail: contato@radiomicrofonia.com.br / radiomicrofonia@gmail.com

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