segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ana de Hollanda quer integração e transversalidade

 

Publicado originalmente por Leonardo Brant no Cultura e Mercado, dia 22 dezembro 2010, e retirado em 27/12/2010 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/analise/ana-de-hollanda-quer-integracao-e-transversalidade/

Não consegui embarcar hoje cedo para o Rio, onde foi realizada a primeira coletiva de imprensa após o anúncio de Ana de Hollanda para o Ministério da Cultura. Conversei com alguns presentes e com Vitor Ortiz, um dos grandes quadros da cultura no país, anunciado como coordenador do processo transição.

Quem esperava um clima de revanchismo e rivalidade com a atual gestão, em decorrência da “volta por cima” do grupo ligado a Antonio Grassi,  ex-presidente da Funarte, se decepcionou. A ideia é reconhecer os avanços, continuar programas como Cultura Viva (dos Pontos de Cultura), Sistema Nacional de Cultura, e aprimorar sobretudo na gestão e diálogo, considerando a “opinião de todos envolvidos no processo cultural”.

A turma que se despede do MinC teme que propostas com o projeto de Lei do Direito Autoral seja abandonada pela nova Ministra. Ana preferiu cautela em suas colocações. Diz ter opinião pessoal sobre o assunto, mas prefere analisar as propostas, tomar pé da situação e refletir sobre o correto encaminhamento da questão.

Parece que o tempo das frases inconsequentes e do embate ideológico se vai com o fim do mandato de Juca Ferreira. “Sóbria, serena, equilibrada e impessoal”, são as impressões de quem ouviu sua fala. Transversalidade, diálogo, integração com o governo em todas as esferas são as palavras-chave do novo Ministério da Cultura.

Ana de Holanda enxerga o MinC como parte de um desafio maior, do governo Dilma, que precisa encontrar caminhos de consolidação para as classes sociais emergentes. A nova ministra quer ver o MinC no centro da estratégia governamental. “Vamos buscar a inclusão social através das várias áreas de ação do ministério. Vamos buscar o diálogo principalmente com a Educação e áreas sociais. O Ministério da Cultura não é um apêndice. Ele é integrado”, disse.

Pelos relatos que recebi, a transição deve correr em clima amistoso, de companheirismo e colaboração. É o desejo expresso pela nova ministra e sua percepção das conversas mantidas com a atual gestão.

Embora a ministra não seja vinculada a nenhum partido, a primeira mulher ministra da história mostra-se fiel companheira ao grupo de Antonio Grassi, do PT: “é um quadro maravilhoso, com uma capacidade de trabalho e uma liderança muito grande. Gostaria muito de tê-lo comigo. Minha equipe só teria a ganhar”, disse Ana.

Minha vó já dizia: “o mundo é redondo. E dá voltas”.

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