segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

TROCANDO IDEIA AO SOM DE VINÍCIUS CASTRO

Por Flávia Muniz · Rio de Janeiro, RJ, publicado originalmente no Blog Overmundo e retirado em 27/12/2010 do endereço:

Foram três anos de produção. Vinícius Castro preparou bem seu álbum de estreia. O cd está fresquinho e está vendendo feito água. São vários planos para 2011 e um imperdível show-palíndromo no dia 21/12. A música brasileira se renova sempre. Para conferir todas as músicas é só clicar aqui.

FLÁVIA: Eu sou suspeita pra te entrevistar pois te conheço da Unirio e sei o quanto teu trabalho é bom e o que é estar numa escola de Música popular brasileira e não poder ter o apoio da universidade para o processo de feitura de um cd, o que significa um encaminhamento para o mercado de trabalho. De que forma você vê isso e como foi a produção do "jogo de palavras"?

VINÍCIUS CASTRO: A produção de ‘jogo de palavras’ foi absolutamente independente. A universidade foi importante nesse processo de feitura, mas de forma indireta: graças a ela, tive contato com diversos instrumentistas amigos que compraram a ideia do disco e resolveram emprestar seu talento ao projeto!

FLÁVIA: Que tipo de diálogo o artista é capaz de criar com a sociedade em que vive e com o seu tempo?

VINÍCIUS CASTRO: Como já foi dito por muitos, eu acredito que o artista é uma espécie de cronista de seu tempo. Mas talvez isso vá além: quando bem feita, a obra de arte retrata o ser humano - e por isso, se torna atemporal.

FLÁVIA: Em "dos pés a cabeça" o jogo de palavras é quase um jogo lúdico. Parece música de criança. Que mundo você queria ver no futuro quando as crianças de agora forem adultas?

VINÍCIUS CASTRO: Parece não... é uma música infantil! =) Acho que a tendência do mundo é a melhora de forma concêntrica. Acho que as crianças de amanhã estarão no mesmo lugar (fechando nossos ciclos), mas um pouco acima.

FLÁVIA: Eu ouvi um passeio de influências no seu álbum de estreia. Eu li numa entrevista que você treinou bastante antes, né? Eram vinte músicas "toscas" por dia aos treze anos! (queria ouvir isso!!!). Qual o sentido que te dá mais sentido pra compor?

VINÍCIUS CASTRO: (Não queira ouvir, é um desastre!!) A visão, incrivelmente, parece estar até acima da audição. Sempre tenho uma imagem na cabeça na hora de compor. Se não há imagem, não há som e não há canção!

FLÁVIA: Vinícius, o que é a coisa mais importante da vida pra você, além da palavra e da música?

VINÍCIUS CASTRO: Consciência.

FLÁVIA: "Sentença" é uma música que devia tocar em todas as aulas de português do Brasil. É um tango arretado! E tem muita gente tocando ela e até mesmo gravando, né? A Dani Calazans, por exemplo, certo? Qual é a sensação de ser gravado por outros novos compositores?

VINÍCIUS CASTRO: Acho muito interessante ouvir versões de outros artistas para as minhas canções. A sentença, pra mim, sempre foi uma canção triste. Mas já ouvi versões raivosas, irônicas... Interessante como as palavras batem de forma diferente em cada um que as escuta.

FLÁVIA: Eu gosto de perguntar uma coisa: o que é ser humano?

VINÍCIUS CASTRO: Ser humano é saber errar.

FLÁVIA: "Sangramento" é de uma beleza Chicobuarquinana. É uma das músicas mais bonitas do cd. Você está preparado para ser nomeado o novo "Chico Buarque"? Quantas vezes já ouviu isso? Qual sua música ou álbum preferida(o) do teu mestre?

VINÍCIUS CASTRO: Fico sempre lisonjeado com essa comparação... afinal, sou fã de carteirinha! Mas ao mesmo tempo acho que isso demonstra uma carência da sociedade por letras mais trabalhadas – é como se o povo estivesse tão acostumado com a ausência de qualquer embasamento nas poesias das canções, que ao ver o esmero desprendido em minhas músicas, acabam cometendo esse exagero de comparação!

Meu álbum preferido é “o grande circo místico”, e a música fica difícil, adoro todas desse álbum!

FLÁVIA: Música é reza? De que jeito vê a o ato de criar?

VINÍCIUS CASTRO: Criar é trabalhar - o braçal que se torna fluido.

FLÁVIA: Impossível deixar de falar de "Casa ao Revés". O arranjo é teu? Fala aí de sociedade, machismo e me diz: em que medida o mundo é das mulheres?

VINÍCIUS CASTRO: O arranjo é meu sim, aliás, todos os arranjos do disco são! Acho que essa música é extremamente feminista, e retrata de forma caricata o homem moderno. Esse homem que é dono de casa, que prepara o jantar pra mulher que foi trabalhar, mas, para afirmar sua masculinidade, impõe sua barba!

FLÁVIA: Onde as pessoas te ouvem, como comprar seu cd, planos pra 2011.

VINÍCIUS CASTRO: Para comprar o cd, basta acessar visitar
meu site. Lá você vê todas as lojas onde o cd está a venda e também pode encomendar via correios.

Meus planos pra 2011: lançar 2 livros infantis que já estão no forno, botar na rua a produção de 2 cantoras, fazer muitos shows com meu cd pelo Brasil e também compor um novo musical, para o qual já fui convidado.


clip segundas intenções

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