sábado, 20 de fevereiro de 2010

Micropolíticas de Comunicação

 

Autor: Poneyret

Existem maneiras tradicionais de se pensar política e de se fazer Comunicação. A primeira estaria ligada a gestão das macroestruturas, do Estado e da sociedade como um todo. A segunda seria a atuação em empresas, de acordo com determinadas normas e certos interesses. Quando se fala de Políticas de Comunicação, portanto, o entendimento que prevalece é a dos planos e resoluções do Estado em relação a Comunicação de uma nação ou de um povo.
A macropolítica, institucional, Partidária e institucional, do jogo da democracia representativa e do poder do Estado muitas vezes, serve para que as pessoas não façam política cotidianamente. O ato político por excelência da nossa sociedade é frequentar uma urna de quatro em quatro anos. Micropolítica é a política do cotidiano, de grupos e pessoas que agem para transformar a realidade em sua volta. Politizar o cotidiano. Explode-se a barreira entre público e privado. Todas as relações podem ser publicamente relevantes. Tudo é política em potência.
Pensar micropolíticas de Comunicação é o exercício de pensar uma outra Política e uma outra Comunicação, por conseguinte, uma outra Política de Comunicação. Ligada à uma noção de Poder não centralizada no Estado, mas o que envolve poder e é publicamente relevante. Como em Michel Foucault, que afirma que "nada mudará a sociedade se os mecanismos de poder que funcionam fora, abaixo e ao lado dos aparelhos do Estado a um nível muito mais elementar, cotidiano, não forem modificados". Ligada a teorias políticas autônomas e a coletivos de Comunicação que visam a transformação da realidade local por meio da ação direta. São coletivos de rádio livre, servidores autônomos na internet, centros de mídia independentes e muitas outras formas de atuação que pensam e todo dia criam uma nova política, inventam uma nova Comunicação.
São noções de atuação em Comunicação que estão distantes da prática incentivada pela Academia e um entendimento de Poder que não predomina em institutos de Ciência Política. Pensar micropolíticas de comunicação é fomentar a discussão sobre o que não é discutido, querer pensar o que não é pensado e arriscar falar sobre o que não é falado. Em suma, percorrer e fazer novos caminhos em termos de políticos e comunicacionais.

 

texto retirado do site do projeto dissontante:

http://dissonante.org/site/index.php?arquivo=textos&page=0&artigo=21

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