terça-feira, 27 de setembro de 2011

EU, O TÉCNICO EM INFORMÁTICA, E A FUNKEIRA

Retirado do blog do Jefh Cardoso do endereço:

http://jefhcardoso.blogspot.com/2011/09/eu-o-tecnico-em-informatica-e-funkeira.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+Jefhcardoso+%28jefhcardoso%29

Eu estava com um problema em meu computador de mesa. Ele iniciava e, poucos minutos depois, surgia uma mulher na tela dançando funk sobre um fundo verde fluorescente e o aparelho desligava-se de súbito. Eu perdia tudo o que estivesse fazendo. No início isso acontecia a intervalos regulares de trinta minutos, creio. Com o tempo, os intervalos foram se tornando menos espaçados. Logo chegou ao ponto de absurdos três minutos de funcionamento constante. Por fim, era apenas a dançarina funkeira entusiasmada a exibir sua condição física de atleta antes do apagão vindouro.

Comentei com um amigo, que me indicou um técnico dizendo que o sujeito era bom e praticava preços justos - ‘preços justos’ é um conceito bem interessante em se tratando de relações comerciais. Tomei o aparelho e fui ao profissional bem recomendado.

La chegando, o cara me recebeu muito bem. Atendia em um velho sobrado, onde funcionava sua oficina, loja, lan house e casa. Exibiu seu conhecimento em informática, que parecia amplo. Levantou prováveis hipóteses diagnósticas. Descartou, rindo, minha sugestão de que poderia ser o caso de uma simples formatação, já que eu jamais havia formatado aquele aparelho. Preferi não insistir, afinal ele era o técnico. Batendo em meu ombro, ele disse pra que eu deixasse a máquina para teste e orçamento. E orçamentou, do verbo orçamentar. Pediu pela fonte e mão de obra de troca da mesma o equivalente ao que seria uma formatação. Aceitei. Trocou a fonte. Deu-me a fonte quebrada como se fosse um fígado carcomido por cirrose extirpado do corpo do aparelho. Disse que testou a máquina e que eu poderia levá-la para casa, pois agora estava perfeita. Levei. Uma hora depois, tempo que provavelmente superou o teste fail feito na oficina, o problema voltou com a mesma eficiência do costume, porém o fundo sobre o qual a funkeira dançava agora era azul enseada e ela estava mais magra, mais ágil. Em seguida, tudo desligado, tudo perdido. Dê-me paciência, Senhor!

Voltei ao técnico. Ele quis encontrar outras razões e explicações para aquele comportamento temperamental, instável e atípico de minha máquina. Não aceitei de modo algum trocar outra peça conforme me sugeriu. Acabamos por concordar em fazer uma formatação para ver no que resultava. Deu certo. Então perguntei sobre minha nova fonte, sobre sua necessidade e superfluidade. Ele gaguejou um pouco antes de discorrer com desenvoltura em mais uma explicação técnica recheada de fundamentos e jargões próprios do técnico.

Computador arrumado, tudo certo, vamos ao acerto. Tudo certo? Como assim tudo certo? Se ele tivesse formatado conforme eu pedi teria me poupado de despender o dobro do valor para resolver apenas um problema. E o tempo e deslocamentos que isso me custou, não entra na conta? E pareceu-me que eu não era a única pessoa ciente destes fatos. Havia um cheiro de constrangimento no ar. Mesmo assim o técnico não mudou sua expressão técnica para cobrar o valor integral de uma formatação. Eu tive que dizer de improviso parte da crônica supracitada ali mesmo, na hora, no local. Acabei saindo da oficina com meu computador de fonte nova, formatado, e com um vale formatação feito, muito contra gosto, pelo técnico. O computador atualmente funciona bem, está mais rápido, eficiente, porém a funkeira nunca mais deu o ar da graça.

Obs. Arte gráfica de Davi Santarosa

Um comentário:

  1. Parceiros, obrigado pelo apoio! Obrigado por sempre se lembrarem de meu blog! Abraço! Sucesso!

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