quarta-feira, 9 de março de 2011

Centrão vai virar mar desfila no Centro com divulgação somente no boca-a-boca

Para quem disse que carnaval não é coisa popular…
Publicado originalmente por Claudio de Souza em O Globo e retirado em 09/03/2011 do endereço:

http://oglobo.globo.com/carnaval2011/blocos/mat/2011/03/07/centrao-vai-virar-mar-desfila-no-centro-com-divulgacao-somente-no-boca-boca-923963035.asp

Centrão vai virar mar desfila no Centro. Foto: Cláudio de Souza

RIO - A cada ano, eles têm uma ideia de bloco diferente. Neste carnaval, a proposta desse grupo de amigos foi criar O Centrão Vai Virar Mar, que tocou músicas, de alguma forma, ligadas ao mar, praia ou água. O bloco mais famoso idealizado por esses foliões foi o Exalta Rei, que homenageou Roberto Carlos nas ruas da Urca, no carnaval de 2009. Mas, antes do tributo ao astro, os mesmos foliões já tinham feito o Se Melhorar Afunda, que começou a sair de Niterói para o Rio nas barcas, em 2005, mas "afundou" em 2008, devido ao próprio sucesso.

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Nesta segunda-feira, sem qualquer carro de som ou trio elétrico, o Centrão Vai Virar Mar arrastou cerca de mil foliões, que, fantasiados, cantaram as canções entoadas por uma banda de menos de 20 músicos, com instrumentos de sopro e percussão. A saída foi do Palácio Capanema, por volta das 15h, e o destino final, o Largo de São Francisco. A divulgação do desfile foi quase um segredo de Estado. Somente feita no boca-a-boca e, nas páginas das redes sociais, sem mencionar dia e hora marcados.

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O fato de o grupo não querer que seus blocos tenham divulgação para que não cresçam demais é um dos motivos para não solicitar autorização do desfile à Riotur, uma vez que o órgão disponibiliza o roteiro e horários dos blocos programados. Mas não é o único.

Centrão vai virar mar arrasta mil foliões no Centro. Foto: Cláudio de Souza

- A prefeitura quer que os blocos se inscrevam para o carnaval em agosto, quando ainda nem sabemos o que vamos fazer. Todos nós trabalhamos e não somos nem queremos ser profissionais de bloco. Resolvemos o que vamos fazer só em janeiro - diz Aurélio Aragão, um dos idealizadores do bloco e fantasiado de Moisés, abrindo "as águas do mar".

O público que segue o bloco também aprovou a espontaneidade e não formalização do desfile. O dentista Alexandre Wellos, de 35 anos, soube do desfile por amigos de amigos e chegou por volta das 14h ao Palácio Capanema para aguardar o cortejo.

- Os blocos estão muito cheios e esses que não são autorizados ficam mais vazios e são melhores para brincar carnaval. Não existe razão para que um grupo de amigos tenha de pedir autorização à prefeitura para sair cantando pelas ruas - contou.

A mesma opinião têm o jornalista Ricardo Diniz e o editor de vídeo Diogo Sinhoroto, ambos de 28 anos, e que estavam, como a maioria dos foliões, com fantasias relacionadas à água ou praia. Eles também souberam do bloco por amigos de amigos e acham que a iniciativa de ocupar um espaço público ocioso, como algumas áreas do centro durante o carnaval, é positiva para a cidade. Entre as vantagens, estaria até a diminuição da violência nesses locais.

No repertório do Centrão Vai Virar Mar, havia desde "Borbulhas de Amor", conhecida na voz de Fagner, e o "Mar Serenou", gravada por Clara Nunes, até "Água Mineral", de Carlinhos Brown. Esta última foi a senha, quando o cortejo chegou ao Largo de São Francisco, para que o carro-pipa que aguardava os foliões ligasse a água e desse um banho na galera.

Os músicos que tocaram no bloco Exalta Rei, em 2009, criaram uma banda de mesmo nome, que faz shows durante o ano inteiro, mas os fundadores dizem que eles nada tem a ver com os blocos. Além do Exalta Rei e do Se Melhorar Afunda, eles também fizeram no ano passado o Epa Rei, que tocou sucessos de muitos "reis" da música. Para o ano que vem, ninguém sabe o que virá ainda, mas uma coisa é certa: ninguém deve repetir bloco.

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