quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Mas por quê?

Sempre passamos pela fase do por quê. Uns na infância. Outros se arrastam nela o resto da vida. Desta vez, façamos um pequeno exercício. Pensemos por um instante mais um por quê. Por que nossa cidade, Teófilo Otoni, não é uma cidade histórica? Por que não somos uma referência quando pensamos em cultura?
Pois bem. Diz-se por aí de coisas enterradas, atrasos e tantas outras falácias ou inverdades... Creio que a resposta seja mais simples do que o enorme problema que tal questão se nos apresenta. Mas o que?
queria mesmo
Nada de otimismos falhos ou meramente estúpidos. A resposta sugerida é que não o é por nossa causa! No século XIX, quando surgimos como civilização ocidental, uníamos o mais moderno desta e estávamos povoados dos homens primeiros de nossas terras. Nossos morros já testemunharam grandes feitos do homem moderno, dos aguerridos indígenas - ambos nossos “pais” e “mães”. Nada de eufemismos. Defendo nosso resgate.
Não somos cidade histórica, pois não sabemos de onde viemos, como surgimos, não conhecemos nossa história, em suma. Nada de aforismos nem devaneios tolos. Temos uma riqueza de vestígios arqueológicos impressionante e invejável. Ainda, certa arquitetura requintada de alguns casarões e prédios públicos, além das personagens anônimas as quais carregam nos ombros e em suas mentes parte da história vivida, que temos ainda de ouvi-las.
Não temos referência cultural. Será? Temos por essas terras do Mucuri grandes artesãos, cesteiros (as), ceramistas, paneleiros (as), lapidários (as), entre outros tantos. Grandes cantores, alguns premiadíssimos nacionalmente. Tantos outros de tantos mais ofícios. Entretanto, se temos tantos valores históricos e culturais por que não somos valorizados por isso? Simples. Não, nós mesmos não os valorizamos, pois a maioria dos que lêem estas linhas desconhecem boa parte do que foi apresentado até agora. Mas calma. Ainda há tempo. Pois surgem novas perspectivas pra nosso cenário histórico cultural, que talvez há muito não se via. Tratamos de existências quando nos remetemos aos temas históricos e culturais, que um dia passam.
Somente quando nos conhecermos nos tornaremos interessantes aos nossos próprios olhos. Só assim poderemos ser notados, conhecidos e tomados como referência, com nossa identidade histórico-cultural resgatada. E é por meio de ações singelas, como ouvirmos os mais velhos e respeitarmos suas lembranças e experiências, seus modos de fazer as coisas.
Apenas quando soubermos o que comemos, como nos vestimos, falamos, construímos, pensamos, é que conseguiremos nos reconhecer detentores de um grande cabedal, ou seja, conjunto de coisas de valor.Portanto, neste pequeno artigo, procuro alertar para a urgência na valorização e resgate de nossa cultura e história. E, sem grandes feitos, sem grandes e caríssimos empreendimentos, precisamos aprender a observar e respeitar tantos saberes atualmente dispersos aos nossos desatentos sentidos de sociedade moderna ou pós-moderna. E que bom será quando pudermos nos orgulhar de sermos uma CIDADE HISTÓRICA e de REFERÊNCIA CULTURAL não só de Minas Gerais, todavia, de todo o Brasil, oxalá do Mundo.



BENTO, Bruno Dias. Mas por quê?. In Revista Mucury. set/2007,ano 1, nº 1. Teófilo Otoni, MG.p.01

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