terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Festival reúne 15 mil pessoas com programação independente em Belo Horizonte

Retirado de O Globo em 05/02/13 do endereço:

http://oglobo.globo.com/cultura/festival-reune-15-mil-pessoas-com-programacao-independente-em-belo-horizonte-7484426

S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L (Simpósio de Empreendedorismo Nada Sensato Articulado no Cenário Internacional e Organizado por Nossos Amigos Legais!)escala bandas desconhecidas do mainstream para festa pré-carnavalesca na capital mineira

Por Michele Miranda

Banda Pequena Morte se apresenta no festival mineiro Foto: João Miranda / Divulgação

BELO HORIZONTE - "A chuva vai passar / minha roupa vai secar" é a mais nova composição da parceria entre bandas que têm tudo para estourar nas cenas brasileira e internacional nos próximos anos. A canção de dois versos foi criada por integrantes de Strobo, Los Brosters e Tempo Plástico em meio ao temporal que caiu em Belo Horizonte, neste sábado, paralisando momentaneamente a quarta edição do festival S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L. A pausa gerou um diálogo musical através do batuque, misturando ritmos vindos do Pará, com hard rock mineiro e a latinidade da Colômbia.

O exemplo do que aconteceu no camarim, enquanto os músicos aguardavam a tormenta passar, reflete perfeitamente o cenário do evento que reúne grupos de diversas vertentes, com uma expansão cada vez maior das fronteiras culturais. Cerca de 15 mil pessoas marcaram presença para ver bandas que ainda estão longe do mainstream e aproveitam oportunidades como essa para trocar experiências, dicas, formar parcerias, lançar discos e divulgar seus trabalhos.

— Como o festival está inserido no contexto de carnaval, nossa preferência é por bandas que tenham músicas festivas, com veia contemporânea e repertório autoral — esclarece Tamás Bodolay, um dos idealizadores do evento, além de ser baterista da Pequena Morte. — Queremos provar que não necessariamente o que é bom está à vista. Tem muita coisa incrível acontecendo, sem que chegue ao mainstream. E o público quer conhecer bandas novas, porque o retorno aumenta a cada edição.

Participar de eventos como este também dá a chance de ver equívocos perdoáveis no palco e cenas de humor pastelão, como cabo do microfone soltando e o próprio vocalista montando um tripé enquanto canta o refrão daquela música que pode virar o hit do próximo verão.

O festival nasceu por iniciativa de um grupo que queria voltar a ocupar as ruas com eventos culturais (incluindo uma possível revitalização do carnaval), que haviam sido desestimulados pela gestão política, como relatam os produtores. As primeiras edições foram bancadas com o lucro da venda de bebidas. Atualmente, com auxílio de verba do Ministério da Cultura e apoio da secretaria de turismo local, o evento cresceu, ganhou dois palcos, infraestrutura satisfatória, programação descolada e garantia de remuneração para todos os artistas participantes, coisa que frequentemente não acontece em festivais de bandas independentes.

Apesar da estrutura eficiente, a chuva atrapalhou a programação. As bandas que teriam cerca de 50 minutos para se apresentar, tiveram que reduzir o show a 20 minutos em alguns casos para manter a agenda pontual, que deveria chegar ao fim às 22h.

Cicerone do evento, a banda local Pequena Morte encerrou as atividades no palco principal promovendo o ápice da noite, com letras já conhecidas pelo público e ska empolgante. No mesmo palco, merece destaque a banda colombiana Monsieur Periné, que, embora não seja popular entre os milhares de mineiros presentes, cativou o público com um ritmo retrô, que mescla música francesa e salsa latina. Também se apresentaram no palco principal a mineira Zimun, que levou fanfarra ao festival, além do fiel afrobeat de Iconili e da representante carioca Dona Joana.

O intimista palco amarelo - aquele da batucada mencionada no início do texto - foi reservado para duos, trios e instrumentais, à exceção da carioca Mohandas, que fechou a programação prejudicada pela concorrência do palco principal e a debandada dos que não concordam com aquele velho ditado que inclui "chuva" e "se molhar". A originalidade do duo paraense Strobo merece atenção, ao misturar (com bateria, guitarra e sintetizadores) pop, guitarrada e hard rock às influências mais clássicas da região de onde vêm.

"Uma mistura pesada e elegante de sons" é como a roqueira Tempo Plástico (BH) se apresentou ao entrar no palco. De fato, a sonoridade instrumental pesada e crua ganha um balanço com a suavidade dos vocais, que flertam com a MPB. Também se apresentaram o trio argentino de violão Los Brosters e as locais Tião Duá e 7 Estrelo.

O público, parte fundamental para dar vida a um festival como este, saiu satisfeito com a programação e a segurança. Segundo a polícia local, o número de ocorrências foi nulo.

— É a terceira vez que venho ao S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L. Costumo vir porque sei da tradição de ser bem organizado e pela variedade de artistas. A única coisa que não concordo é com a exclusão do punk e hardcore. Acho que podiam passar a incluir bandas desse estilo também — pondera o estudante Lucas Grossi, de 24 anos.

* A repórter viajou a convite do festival.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente