sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Artistas de Roraima e Minas Gerais fazem uma mistura de ritmos

Enviado por Carlos Farias e retirado do Folha Web em 10/02/12 do endereço:

http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=124024

Foto: Raynere Ferreira

Eliakin Rufino e o mineiro Carlos Farias se apresentam na noite de sexta-feira, no Palácio da Cultura

Por NEIDIANA OLIVEIRA

neidiana@folhabv.com.br

Uma mistura nortista que envolve a boa música brasileira junto com a cultura que, por mais que esteja afastada territorialmente, se converge com a tradição de conservar a natureza, os aspectos sociais e o romantismo das canções. Assim será o show Roraiminas, realizado no próximo dia 10, no Palácio da Cultura, na Praça do Centro Cívico, às 21h.

Como protagonistas do evento estarão os regionalistas Eliakin Rufino, roraimense nato, e Carlos Farias, mineiro de Machacalís. Roraiminas será a culminância de dois trabalhos que, apesar de serem produzidos em estados diferentes, possuem um mesmo caminho, ideal e pensamento, que é o de divulgar a cultura regional.

Com um estilo shot-reggae, samba de roda e chulas de terreiros, o cantor, compositor, produtor cultural e criador do conhecido Coral das Lavadeiras, Carlos Farias, mostrará seu estilo musical. “Vamos celebrar este encontro artístico, regional e de conhecimento, pois será uma forma de entretenimento cultural. Cada um vai mostrar seu trabalho e suas singularidades que, juntas, formam um caldo folclórico regionalista”, destacou o músico.

Oriundo de uma das regiões mais belas e potencialmente ricas de Minas Gerais, o Vale do Jequitinhonha, Farias veio a Roraima disseminar o ritmo de sua terra e conhecer o trabalho do renomado artista regional Eliakin Rufino. “O público vai conferir um conjunto de canções autorais, regravações e inéditas que farão parte do show”, ressaltou.

Roraiminas é uma iniciativa própria dos artistas, que busca a valorização cultural, social e ambiental, por meio de canções que trabalham os diversos aspectos da sociedade. A cultura popular estará em destaque nas canções que priorizam o negro, o índio e todo o contexto regional.

“Nos conhecemos via internet, por termos um amiga em comum. Nisso vimos que, apesar da distância territorial, nosso trabalho artístico era semelhante, tendo em evidência a divulgação da cultura regional”, declarou o escritor, poeta, músico e produtor cultural Eliakin Rufino.

Com o ritmos caribenhos, músicas do Movimento Roraimeira, letras regionalistas e a mistura da música brasileira, Rufino acrescentará seu trabalho ao evento. Para ele, esta é uma ponte que liga o Norte de Minas ao Norte do Brasil, com o intuito de envolver costumes, tradições, religiosidade e a arte local.

“Buscamos trabalhar músicas com temáticas amazônicas que está totalmente ligado a nossa realidade. Enquanto as canções de Carlos Farias, que surgem por meio de pesquisas, destacam os aspectos folclóricos, sociais e típicos da região de Jequitinhonha. Então o show nada mais é que uma mistura de ritmos”, complementou.

Eliakin Rufino comentou que o público será contagiado pelas culturas mineira e local, tendo como foco a valorização social dos povos que, independente de que nação seja, são essenciais na propagação de sua arte. Durante o show os CDs dos artistas estarão à venda.

Roraiminas acontecerá na próxima sexta-feira, 10, no Palácio da Cultura, às 21h. Os ingressos custam R$ 10,00 a inteira e R$ 5,00 a meia, para estudantes e idosos, e podem ser adquiridos na bilheteria do local do evento.

QUEM É CARLOS FARIAS

Cantor, compositor e produtor cultural, Carlos Farias nasceu em Machacalís, em Minas Gerais, ao lado da aldeia dos índios Maxakali. No período de 1985 a 1994, trabalhou na implantação e supervisão de projetos sociais/comunitários, mantidos pelo Governo Federal, em toda a micro-região do Médio e Baixo Jequitinhonha.

Paralelamente a estes trabalhos, participou de festivais, desenvolveu pesquisas etnomusicais e contribuiu decisivamente na criação do Coral das Lavadeiras, na cidade de Almenara, em 1991. Atua como regente e coordenador do coral, sendo co-responsável pela projeção alcançada pelo grupo, em todo o país.

Quanto à inspiração, Carlos Farias contou que o maior destaque vai para as questões ambientais, rios, verde e belezas naturais, além de aspectos de inclusão social, que hoje ainda é escasso na sociedade, e o amor, que retrata os encontros e desencontros do cotidiano.

PROJETO CORAL DAS LAVADEIRAS - As lavadeiras do Vale do Jequitinhonha, região do nordeste de Minas Gerais, são guardiãs de antigas canções, que envolvem batuques, sambas, afoxés, frevos, rodas, modinhas e toadas, cuja origem já se perdeu na memória do tempo. São músicas de trabalho, lúdicos e de louvor, de influência africana, indígena e portuguesa, que revelam a mistura étnica que originou a rica música popular brasileira.

A história do Coral das Lavadeiras começou em 1991, a partir da construção de uma lavanderia comunitária no bairro São Pedro, em Almenara, pelo ex-prefeito Roberto Magno. Incentivadas por Carlos Farias, elas passaram a cantar em grupo e criaram a Associação Comunitária das Lavadeiras de Almenara (ASLA), reunindo mais de 50 mulheres. O trabalho teve repercussão e começou a participar de festivais em diversas cidades brasileiras.

Em outubro de 1999, as lavadeiras tiveram a primeira experiência em estúdio ao participarem da gravação de um CD coletivo, em Teófilo Otoni, juntamente com outros grupos culturais do Vale do Jequitinhonha. Esse disco chama-se "Por Cima das Aroeiras" e ficou pronto no ano 2000.

Em 2002, com o lançamento do CD-Livro “Batukim Brasileiro – O Canto das Lavadeiras”, terceiro álbum de Carlos Farias, reunindo uma parte do repertório pesquisado, a música das lavadeiras cruzou as fronteiras do país e chegou à Europa, participando assim do 3º Festival de Arte, Criatividade e Recreação (FACR), realizado na Ilha da Madeira, em Portugal.

Atualmente, cerca de 39 mulheres ganham o seu sustento lavando roupas na lavanderia comunitária, em Almenara. Uma dezena delas participa do coral, que vem sendo considerado parte integrante do patrimônio cultural imaterial do Vale de Jequitinhonha.

QUEM É ELIAKIN RUFINO

Nascido em 27 de maio de 1956, em Roraima, Eliakin Rufino se mantém em sua terra natal até hoje, salvo breves períodos de estudo e trabalho fora do Estado. Escritor, poeta, músico, cantor, compositor, filósofo, produtor cultural, professor e jornalista, foi um dos fundadores do movimento cultural Roraimeira, que teve início na década de 80 e durou cerca de 16 anos.

Com a proposta de colocar em destaque a identidade cultural roraimense, por meio da produção de uma arte referenciada pelos elementos da vida e das paisagens locais, surgiu o movimento cultural Roraimeira, tendo como componentes principais: Eliakin Rufino, Neuber Uchoa e Zeca Preto.

Ao longo de sua carreira histórica no Estado, produziu oito livros de poesia, lançou quatro CDs solo e três coletivos, compartilhados com os companheiros do Movimento Roraimeira. E continua sua trajetória artística cantando e encantando o público, por meio de sua profunda observação do mundo e transferindo esta sensação.

Questionado sobre o que o inspira nas composições, Eliakin Rufino afirmou que, assim como o artista mineiro Carlos Farias, seus embasamentos estão sempre ligados ao meio ambiente, destacando a riqueza da região, a carência na inclusão social, ou seja, tudo o que se refere ao índio, negro e as minorias, e a valorização da cultura regional.

Em sua trajetória tem vários livros publicados, entre eles: Pássaros Ariscos (1984), Poemas (1987), Escola de Poesia (1990), Brincadeira (1991), Poeta de água doce (1993), Versão Poética do Estatuto da Criança e do Adolescente (1995) e Poesia para ler na cama (1997). Tem também poemas publicados em antologias e sites de poesia nacionais e internacionais.

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