segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cine Palácio, Ministério Público e Patrimônio

Na semana passada os principais meios de comunicação locais, regionais e nacionais noticiaram com estardalhaço a situação do antigo Cine Palácio: a fachada interditada e descaracterizada.

Depois de mais de um ano o Ministério Público-MP se apercebeu que o letreiro em neon tinha sido retirado. E já tínhamos avisado ao Vice-Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Teófilo Otoni-CMPCTO logo na semana do ocorrido, que o tal letreiro fora retirado sem alarde e sem nenhuma justificativa.

De todo modo, foi muito bom ver pela televisão a indignação do MP, da Prefeitura Municipal de Teófilo Otoni e o CMPCTO. E agora? A prefeitura vai intervir? Como?

Lembremos que o tombamento da Praça Tiradentes e seu entorno. Ele só existiu por causa da tentativa desesperada, dos gestores da divisão de cultura da PMTO à época, para conseguirem tombar o antigo Palácio. Mas a própria PMTO iniciou uma reforma na referida praça que nunca acabou e causou inúmeros transtornos à população, como por exemplo, os tapumes que cobriram a praça por quase 1 (um) ano. Não terminou nem terminará nesta gestão.

Lembremos também de que há um painel belíssimo que resume nossa cultura e história no interior do antigo cinema que já está em situação deplorável. E quem entrou lá na Feira Internacional de Pedras Preciosas em 2009? Não vamos comentar, pois o interior não é tombado.

Lembremos ainda da árvore que caiu há quase um mês por cima da Poxixá - locomotiva símbolo da Estrada de Ferro Bahia e Minas. A árvore foi retirada, mas as providências ainda estão no nível burocrático. Não nos esqueçamos, há muito mais tempo, ela é uma das latrinas públicas, além de ser patrimônio de nossa cracolândia. Depredada e malfeitamente reformada ao invés de restaurada. Fica lá, como uma lápide violada em jardim público.

Onde está o MP? A Poxixá é muito mais simbólica que o símbolo do domínio da cultura estadunidense, tudo bem que era ela inglêsa, mas significa muito mais à formação de nossa região, nossa cultura, nosso imaginário.

Podemos ainda falar de dezenas de casarões que foram ao chão. Vamos a alguns:

    • O que deu lugar à nova e enorme loja do Magazine Luiza, a descaracterização do que abrigava a antiga sede do Laboratório Pasteur, a derrubada da antiga Magda Cozinhas, outro ao lado que era da família “Marx”, todos na Rua Epaminondas Otoni;
    • O da antiga sede do Partido dos Trabalhadores-PT e o de uma vidraçaria, ambos na Avenida Visconde do Rio Branco;
    • Outro no início da Rua Doutor João Antônio;
    • O dos Ribeiro e outros na Rua Doutor Manoel Esteves;
    • Ah, e o Hotel Central? A descaracterização da Villa Geysa, e outros mais na via principal, a Avenida Getúlio Vargas.

Neste pequeno e rápido apanhado já contabilizamos pelo menos 10.

Bem, chutar cachorro morto é fácil. O Palácio está fechado, a empresa ainda persiste, mas alguém já foi perguntar ao seu gerente se precisa de apoio para a conservação de todo o seu patrimônio particular? Pois bem, existem ainda por algum tempo, Películas, Roteiros e Fotografias de um dos pioneiros da cinematografia na nossa região, o Sr. Mauro. Vão fazer o quê?

Por que não há uma união de esforços para a desapropriação de espaços destinados à cultura que não são plenamente utilizados? Como o Teatro Vitória, por exemplo? A utilidade pública é patente!

Temos de nos desdobrar para conseguirmos trabalhar, os custos são muito altos, aluguel, divulgação, e tudo o mais que envolve a produção e a circulação cultural. Quem são os grandes parceiros?

Temos alguns, é verdade, não sejamos levianos. Mas o poder público e outras instituições que têm em seus estatutos a missão de fomentar a cultura agem muito aquém da necessidade, o que nos obriga a pular, para “não virarmos comida de cobra”. Temos de contar com o setor privado e a boa intenção de alguns empresários e de nosso público, claro.

Entretanto não paramos não. Estamos trabalhando bastante e investindo nosso sangue, nosso suor, nosso pouco dinheiro e algum dos apoiadores para atingirmos nosso objetivo: produzir e circular cultura.

E quando falamos “não paramos”, o fazemos não somente em nome da Mucury Cultural não, mas em nome de todo o setor cultural da cidade e região!

Há muito que ser feito para a preservação do patrimônio material e imaterial, e o principal: uma política clara para o fomento, preservação e circulação cultural. Aguardamos há tempos a votação e aprovação do Sistema Municipal de Cultura, pois sem ele, de que adianta olhar os prédios e fachadas que restam de pé sem a FRUIÇÃO da cultura nestes bens culturais?

A resposta é que não adianta muito, se conseguimos preservar o passado sem perspectiva para a fruição da cultura no nosso futuro no curto, médio e longo prazos.

E a grande responsabilidade é da nossa falta de articulação enquanto gestores, produtores e executores de cultura em nossa cidade. Sem nos articularmos, não há muito o que fazer, só uns textos como este e mais um bocado de protestos no Facebook, e de que nos adiantam? Somente desanuviam nossa raiva efêmera.

Ah, e quanto ao Cine Palácio, clique no link e vejam a tal matéria:

http://intertvonline.globo.com/mg/noticias.php?id=17747

Querem ais imagens históricas da cidade? Cliquem no link:

http://www.mucurycultural.org/p/imagens-mucury-cultural.html#.T6fXsutYuYs

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente