Retirado do Cultura e Mercado em 13/01/12 do endereço:
Por Raul Perez
Em pouco mais de uma década, o mercado de musicais no Brasil cresceu e ganhou força. Em 2010, os espetáculos do gênero já haviam gerado 25 mil empregos diretos e movimentado R$ 60 milhões em investimentos, segundo dados divulgados pela revista Época Negócios. Grande parte deles, produzidos com o “selo de qualidade” da Broadway, a Hollywood dos musicais norte-americanos.
A importação de apresentações deste tipo foi se tornando mais comum desde 2000, quando houve uma espécie de retomada das produções do segmento no Brasil. A seu favor, os musicais importados trazem os bons resultados de público e rentabilidade em seu país de origem.
Stephanie Mayorkis, diretora de Family Entertainment da produtora Time For Fun, explica que durante o período, o Brasil ganhou mais relevância no cenário internacional e com isso, o país se tornou mais competitivo dentro do mercado mundial de musicais, o que facilita o processo de importação.
A T4F foi uma das responsáveis por essa retomada da produção de espetáculos do gênero. A empresa trouxe ao Brasil grandes produções como os musicais “Cats”, “A Bela e a Fera”, “Chicago” e “Miss Saigon”, entre outros. Na última sexta-feira (2/3), a produtora estreou, em São Paulo, o musical “A Família Addams”, inspirado na obra do cartunista Charles Addams. A peça remonta o ambiente mórbido e afetivo da família que já foi tema de série de tv, animação e filme.
Nos Estados Unidos, o musical arrecadou mais de US$ 64 milhões, em 875 apresentações. Para o Brasil, as expectativas também são grandes, segundo Stephanie. A versão nacional – montada sob os olhos atentos da equipe original do espetáculo norte-americano – é protagonizada pela atriz e cantora Marisa Orth e pelo ator experiente em musicais Daniel Boaventura, no papel do casal Gomez e Morticia Addams.
A supervisão e consultoria da equipe de produção do espetáculo original, aliás, é um dos requisitos básicos para a montagem de peças da Broadway no exterior. São Paulo é a primeira cidade fora dos EUA a receber uma adaptação do musical, que deve estrear em breve em Sidney, na Austrália, e em Londres, na Inglaterra.
De acordo com a diretora da T4F, a escolha de “A Família Addams” foi feita com base “no lado cômico do musical, que tem muito a ver com o humor brasileiro”. Este é um dos quesitos avaliados na curadoria deste tipo de espetáculo. “Antes de trazer uma peça, fazemos pesquisas para saber se ela se adequa ao público brasileiro. Avaliamos a popularidade do título, a dose de humor, se o nome não é muito ‘internacionalizado’, se a música tem apelo para o público daqui”, complementa. Para ser realizado, o espetáculo ainda depende da disponibilidade da equipe internacional em se deslocar até o país.
Stephanie explica que a ascensão dos musicais gerou um crescimento da qualidade dos atores e da equipe técnica responsáveis pelas apresentações. “No começo tínhamos dificuldade para encontrar pessoal qualificado. Hoje, montar um espetáculo está mais fácil neste aspecto”, afirma.
Para ela, no entanto, a maior mudança empreendida no período foi a criação de um mercado interno que consome musicais. “Atualmente temos mais liberdade para escolher os espetáculos pois sabemos que aqui vamos ter público”, comemora.
Raul Perez
Raul Perez é estudante de jornalismo e estagiário do Cultura e Mercado. Para mais artigos deste autor clique aqui
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