segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Jandek concilia o primitivismo com o jazz livre no Maria Matos - Artes - DN

 

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Vestido de preto, e sentado ao canto do palco com um chapéu largo a cobrir-lhe as feições. Não fosse pelo foco de luz a iluminá-lo, dir-se-ia que a voz que ecoava pelo auditório do Teatro Maria Matos partia de uma presença desincorporada. Na verdade, Jandek (também conhecido por Sterling Richard Smith, ou "Representante da Corwood Industries") construiu uma longa carreira discográfica a partir do afastamento total do artista em relação à música, evitando deliberadamente qualquer tipo de exposição mediática.

Não se conhece, sequer, o seu nome de baptismo e até 2004 o seu aspecto físico era desconhecido, embora se especulasse que o homem retratado nas capas dos discos fosse o próprio Jandek.

No sábado, Jandek trouxe ao Teatro Maria Matos, em Lisboa, a desconstrução do country e do blues que lhe garantiu culto durante os últimos 30 anos. A acompanhá-lo em palco estavam o pianista André Abel, dos Aquaparque, o trompetista e compositor Sei Miguel e o saxofonista Peter Baastien, figura icónica do free jazz europeu. Este alinhamento mais orientado para o jazz parece ser o usual desde 2004, quando Jandek deu um concerto anónimo no Instal Festival em Glasgow, Escócia, e dão uma sonoridade mais urbana do que seria de esperar ao ouvir os seus discos, que são já quase 60.

No Maria Matos, a dimensão teatral da música tornou-se mais evidente. A persona de Jandek enquanto compositor ganha aqui um relevo adicional, adquire uma realidade maior do que aquela que as fotografias que adornam a capa dos seus álbuns lhe confere. Os músicos que o acompanhavam conferiam ainda assim mais estrutura às interpretações, dando mais ênfase à tonalidade e textura sonora do que aos ritmos fracturados que são imagem de marca do músico do Texas, com o saxofone e o trompete a trocarem interjeições sobre a base rítmica das notas marteladas no baixo e no piano.

Poder-se-ia designá-lo igualmente por vanguardista, por não se conformar com qualquer espécie de cânones artísticos, ou por um primitivista com um pé na mitologia tradicional americana, mas a verdade é que aqui não há nada, a não ser a música.

retirado em 25/01/2010 do endereço:

http://www.destakes.com/redir/42fb5d42a33af91ba4c2ab7fef541b0a?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

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