Enviado por e-mail por Fernanda Maísto.
Caros Amigos,
Parece brincadeira. Todo início e fim de legislatura tem algum deputado ou vereador criando uma lei para dar gratuidade nos nossos espetáculos. E o pior, nenhum deles pergunta: “Quem paga a conta?”. Quem paga o teatro, os salários, direitos autorais, os cachês e a sobrevivência de nossos artistas?
Agora mais uma, considerada “brilhante” pelos nossos deputados estaduais que se intitula “sua nota vale um espetáculo”. Esta propõe que os espectadores troquem por ingressos gratuitos nas bilheterias dos teatros, as notas fiscais que tiverem ou que obtiverem no comércio. È uma lei que visa arrecadar para o tesouro do estado e fiscalizar quem sonega, pressupondo que todo mundo vá exigir uma nota fiscal em qualquer compra. E o pior é que se a lei passar, irão mesmo pedir a nota.
O mais engraçado é que transforma a nós, artistas, em fiscais de arrecadação da secretaria da fazenda. Imaginem todos os produtores culturais despejando toneladas de notas fiscais na porta do secretário da fazenda todas as semanas como forma de protesto. Ia ser no mínimo tragicômico.
Como sempre não consultaram o lado de cá e lá vão eles votar fazendo acenos com nosso chapéu. Da mesma forma que as outras leis anteriores, esta proposta peca pela inconstitucionalidade. Mas é claro que os deputados mineiros nem ligaram pra isso. A proposição é da deputada Lúcia Pacífico, totalmente equivocada do início ao fim. Presumo que ela esteja tendo um surto ou esteja dando ouvidos a algum assessor totalmente imbecil, já que sempre foi frequentadora de teatros e espetáculos, já esteve ao lado dos artistas em várias lutas e ganhou notoriedade com o famoso movimento das donas de casa.
Volto a repetir a pergunta: Quem paga a conta? Será que o governo vai bancar os salários e cachês dos trabalhadores da cena e nós ainda não estamos sabendo? É isso, porque se a lei passar, não haverá uma única entrada paga na bilheteria dos espetáculos. A proposição da Lúcia diz que a lei se aplica a todos os eventos produzidos pelo estado ou patrocinados pelo estado. Acontece que 99% da produção cênica se faz com recursos da lei estadual de incentivo à cultura, portanto...
E onde estão ai as nossas lideranças? Sinparc, Sated, MTG e agora o Movimento Novacena que tanto briga para ter voz e vez?
Vejam abaixo a proposta “brilhante” dos deputados. Até posso concordar com ela se os 70 ou mais deputados estaduais doarem mensalmente seus salários, verbas de gabinete, recursos vários, para pagar os salários de quem trabalha todas as noites nos teatros mineiros. È só depositarem o dinheiro na conta dos produtores. Vai ser uma bela arrecadação.
Com meu abraço constrangido.
Pedro Paulo Cava
Proposição: | PL. 106 2011 |
Tipo: | PROPOSIÇÃO |
Publicação: | Diário do Legislativo em 18/02/2011 |
PROJETO DE LEI Nº 106/2011
(EX-PROJETO DE LEI Nº 3/2007)
Cria campanha de incentivo à arrecadação de ICMS e à
ampliação do acesso da população às manifestações artístico-
culturais.
A Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais decreta:
Art. 1º - Fica criada a campanha Sua Nota Vale um Espetáculo,
com o objetivo de incentivar o consumidor a trocar notas e cupons
fiscais por ingressos em espetáculos artístico-culturais
promovidos pelo Estado.
Parágrafo único - Ficam o Poder Executivo e as empresas
públicas e sociedades de economia mista, patrocinadoras de eventos
culturais, autorizados a negociar com os produtores de eventos
patrocinados, a realização da campanha Sua Nota Vale um
Espetáculo.
Art. 2º - A campanha Sua Nota Vale um Espetáculo será
realizada pelos órgãos oficiais gerenciadores da cultura no
Estado.
Art. 3º - O Poder Executivo, após regulamentada a lei, dará
ampla divulgação à campanha em todo o Estado.
Art. 4º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo
de noventa dias contados da data de sua publicação.
Art. 5º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Sala das Reuniões, 16 de fevereiro de 2011
Elismar Prado
Justificação: A proposição sob análise deriva da brilhante
idéia da Deputada Lúcia Pacífico, trazida já ao exame dessa Casa
por meio do Projeto de Lei nº 222/2003, que recebeu pareceres
favoráveis de todas as comissões que o apreciaram.
Em suma, a proposta legislativa cria para os cidadãos o
direito de entrar gratuitamente em eventos artístico-culturais
promovidos pelo Estado, ou mesmo naqueles com patrocínio do
governo estadual ou de suas empresas públicas e sociedades de
economia mista, desde que troquem notas fiscais por ingressos.
Esse tipo de permuta, apesar de repercutir nos custos de tais
eventos, também repercute positivamente na arrecadação tributária
e nas ações de educação tributária.
Por isso, fazemos apelo aos nossos ilustres pares pela
aprovação desta proposta, razão pela qual conto com o apoio dos
nobres Deputados.
- Publicado, vai o projeto às Comissões de Justiça, de
Cultura e de Fiscalização Financeira para parecer, nos termos do
art. 188, c/c o art. 102, do Regimento Interno.
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