sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Arte e cultura negras dão o tom de série de vídeos

Retirado do Overblog em 16/12/2011 do endereço:

http://www.overmundo.com.br/overblog/arte-e-cultura-negras-dao-o-tom-de-serie-de-videos

Por: Lab Cultura Viva · Rio de Janeiro, RJ

Surgido em 2003, o Laboratório de Intervenção Artística-Laia através do Ponto de Cultura Tecer realiza trabalhos para colaborar com a garantia no acesso aos bens culturais e seus meios de produção, principalmente no que trata das culturas populares e tradicionais. Aprovado pelo Edital do Laboratório Cultura Viva, a equipe de Camaragibe, Pernambuco, é um dos Pontos de Cultura que está produzindo uma série de documentários que serão lançados no próximo ano na Revista Cultura Digital.

A ideia para realização do projeto surgiu a partir do interesse do grupo em documentar ações culturais ligadas às atividades do Ponto. "A princípio, quando definimos o que seria filmado, não nos preocupamos em definir um único tema ou de interligar os filmes, mas no decorrer do projeto, percebemos que isto aconteceu: todos os nossos documentários são permeados pela subjetividade negra, principalmente no lado artístico, o que está em perfeita sintonia com os trabalhos desenvolvidos pelo ponto, que ao trabalhar com as culturas tradicionais traz intrínseca esta temática", comentou Patrícia Araújo, da coordenação do Laboratório de Intervenção Artística-Laia e do Ponto de Cultura Tecer.

Os documentários são realizados em uma produção colaborativa entre o Ponto de Cultura e uma de suas integrantes, Éthel Oliveira, que mora atualmente no Rio de Janeiro e estuda na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. "O primeiro documentário, realizado em Campinas por Éthel, chama-se 'Terceira Diáspora'. O vídeo mostra o encontro entre dois músicos: o jovem Guitinho, pernambucano líder do Grupo Bongar e integrante da Nação Xambá e TC, da Casa Tainã, ativista negro muito reconhecido no país, inclusive por seus trabalhos a frente de uma orquestra de tambores de aço. O documentário é dedicado ao Orixá Ogum, senhor dos metais, aquele que abre os caminhos e reflete este som e energia", explicou Patrícia.

O segundo documentário volta para Camaragibe. "Este vídeo vagueia no universo subjetivo do Mestre Zé Negão: músico, percussionista, líder comunitário, luthier e Preto, sobre todas as coisas. Para o nome deste segundo documentário, escolhemos a frase mais dita em seus momentos de apresentação: ‘Negão, bem Preto'", disse Patrícia.

O terceiro documentário está em fase de finalização. "Produzido no Rio de Janeiro, permeia a identidade e o dia da Consciência Negra, nos berços africanos presentes no Rio e sua destruição, empurrando para o subúrbio a população negra", esclarece Patrícia.

O quarto e último documentário será novamente realizado em Camaragibe. Ainda sem título, o vídeo falará sobre a Sambada da Laia. A Sambada é uma ação cultural realizada mensalmente pelo Ponto e que reúne mestres, grupos e brincantes da cultura popular em sessões de cineclube, artes visuais, artes cênicas e apresentações musicais. "O foco deste documentário é mostrar a vibração ali presente, a construção realizada em cada toque, em cada aplauso e cada passo de dança", concluiu a coordenadora.

"A experiência com o Lab tem sido muito proveitosa. Difusão, é isso que estamos fazendo. Esse projeto é mais uma porta para levar ao grande público trabalhos que, muitas vezes, não possuem reconhecimento, histórias não-conhecidas, documentários riquíssimos e diversificados, que não se concentram apenas no famoso eixo sul-sudeste", disse Patrícia.

Mais sobre o Laboratório:

Foi responsável pela realização do documentário ‘Coco de Improviso e a Poesia Solta no Vento’ (2011), dirigido por Natália Lopes e que já foi premiado na 28° Jornada Internacional de Cinema da Bahia (menção honrosa), 3°Festival de Filmes Etnográficos do Recife ( melhor filme pelo voto de júri popular e 6° Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões (Melhor roteiro).

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