sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

o beco das cultura - 2011

Na semana passada estivemos todos no Beco das Cultura, isso mesmo, “das”. Fizemos descaradamente inspirados no Beco das Garrafas, movimento cultural carioca, que deu novo impulso à cultura brasileira.

O nome além de ser um bricolage, é nossa variação dialetal, uma brincadeira entre nossa gramática oficial e a mucuryana, a nossa oralidade, na qual o substantivo não precisa de plurais, costumeiramente nesta terra quente flexionamos somente os artigos, como “Os peixe”, “Os Menino”. No caso específico, adicionamos ao artigo a preposição “de” com valor situacional, como nos diria Celso Cunha, ficando “das Cultura”. Todavia, a ideia de pluralidade cultural é patente, desde a programação à concepção de cultura. Discutimos um bocado e como era de se esperar, não chegamos à definição de Cultura, então a deixemos como é, aberta, plurisignificante e viva!

O nosso Beco, o “das Cultura” é uma espécie de tropicalismo botocudo mucuriano, no qual uma série de expressões têm vez: Fotografia, Teatro, Música, Cinema, Graffitti, Quadrinhos, Performances, tudo quanto há de feito no Mucuri ou extra-Mucuri: ARTE – foi esta parte que a cantora Carol Trindade mais gostou da história.

Bem, este é o espírito desta proposta: liberdade criativa. Foi uma mostra de que Arte é possível e exequível neste nosso Mucuri, e aqui em Teófilo Otoni.

Foi uma proposta-evento planejada e executada coletivamente, por diversas pessoas, diversos grupos. Um dia bastante agradável, no qual as mais diversas expressões artístico-culturais coabitaram a rua, o Beco.

A programação foi classificada em Infantil, Livre e Adulta em dois locais, na Livraria e Cafeteria Papo Café (Infantil e Livre) e na rua Engenheiro Lindemberg em frente ao Alquimia Lanches (Adulta).

A vez das Crianças:

Nossa cidade é ainda mais carente na programação infantil, portanto apostamos e acertamos na programação para as crianças. Ao meio-dia, um pequeno cortejo convidou as crianças para a contação de histórias com a Cida Norte. Ela envolveu as crianças com a história da Sereia, que ficaram vidradas e envolvidas durante quase uma hora.

Ao meio dia também iniciou a mostra de quadrinhos Jogo do Bicho de J.J. Ribeiro e Enzo Bgdiar, neste jogo, os bichos sempre levam a melhor sobre o bicho-homem metido a esperto.

Logo depois da história, Os Caras de Palco apresentaram o espetáculo “O Palhaço e a Bailarina”, o espetáculo invadiu o imaginário infantil com personagens ricos e desafiadores. As crianças mais uma vez ficaram fascinadas.

De todos:

Depois de um intervalo, às 18h:30min a programação retornou, aberta com um esquete da Andréia Presley, com seu humor escrachado, logo colocou o público ainda tímido no clima para uma noite de muita música, teatro e tantas outras artes.

O primeiro número musical foi do grupo formado pelo Luiz Bugarelli, Rogério Macedo e Dênio Tavares, à força chamados de Los Del Chavo, com um repertório bastante diverso da música popular brasileira e da nova mpb. Logo depois tivemos a abertura oficial da Mostra de fotografia Ousia, da Michele Rodrigues, a exibição do curta Dia de Água Limpa, e o Vinícius Figueiredo com seus cartoons, e a Mayara Pascotto apresentando seu grafitti.

O grupo In-Cena apresentou dois esquetes, fragmentos de espetáculos, o primeiro pela Mayara Cruz e Andrine Maisch com “Em algum lugar”, premiadíssimo em diversos festivais mineiros e selecionado para o Festival de Curitiba – Fringe, o segundo fora um trecho do “Silêncio que corta!”, monólogo apresentado por Elmo Mendes, texto de Vítor Anchieta e André Luiz Dias.

Houve também o lançamento da Revista Mucury 8, que ficou linda, gostosa e inteligente, claro. A programação livre também contou com a apresentação num conjunto improvisadamente delicioso, Gregório Luz, Marcela Veiga, Carol Trindade e Dandara Tomich.

Adulto:

Depois d a correria geral de desmonte e remonte do equipamento, deslocamento do povo até o Alquimia Lanches e a chegada dos músicos, apareceu-nos Vinícius Medina, músico radicado em Belo Horizonte, com um violão emprestado pôs início à Programação Adulta ao som do bom reggae e mpb, seguido por Fabriny Ramos, Janice e banda com mpb, logo depois um bocado de hard rock com a Pleasure Machine.

Ainda a programação prosseguiu com a apresentação do Cabelo e Thomaz Baldow, seguidos de Saulo Fasciani e Zeus Reis, com repertórios da clássica e da nova mpb entre clássicos internacionais.

As duas últimas atrações da noite foram o performer Jhoe Nicolletty, que apresentou sua performance Ego Melon sempre surpreendendo o público, com sua brainstorm, traz inúmeras referências para nossa apreciação e reflexão. E finalmente o DJ Lucas Tolentino apresentou-se com seu repertório diverso, impecavelmente como sempre e fechando o Beco das Cultura abrindo o dia 24 de dezembro.

Sabemos que não é novidade a realização de um quase-festival como este, temos infinitos exemplos em todo o nosso país, mas por aqui isso ainda dá um trabalhão! E por isso agradecemos a todos os que trabalharam coletivamente neste Beco das Cultura de 2011 e que já estamos ralando para o de 2012, pois o Beco não pode parar!

Comecemos por Michele Rodrigues, Jhonathan Nicolletti, Papo Café, Alquimia Lanches, Sou do Mucuri, Grupo Criativa, Grupo In-Cena de Teatro, Má Companhia de Teatro, Cia de Teatro Os Caras de Palco e todos os que voluntariamente apareceram, carregaram, convidaram, palpitaram, discutiram e apareceram.

O resultado fora para lá de positivo, pois que além de trabalharmos nos prontos nevrálgicos do setor cultural e da economia criativa, o que seriam a profissionalização, articulação e formação de público, e que público!

Tivemos de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos durante o evento, circulando entre 400 a 500 pessoas em praticamente 16 horas de programação cultural, agradecemos a todos, lembrando que nossa mobilização foi através da internet, blog e redes sociais, colaboração das rádios e tevês, mensagens via celular e o melhor de todos, o boca-a-boca.

Este é mais um exemplo que não perdemos quando nos juntamos. Pelo contrário, conseguimos fazer o que demandaria anos a um grupo menor, tomara que aprendamos a lição que 2011 nos deu, desde a criação do Sou do Mucuri, e que já vínhamos a algum tempo discutindo, de que é preciso nos articularmos, só assim mostramos a importância de nosso trabalho, e só assim trabalhamos como devemos.

Viva à articulação!

Viva o Beco das Cultura!

Viva o Mucuri!

Confira as fotos do Beco das Cultura 2011.

 

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