segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

quem “pindurou”, “pindurou”

O último sábado teve uma tarde e início de noite bastante interessantes.

Como tudo é desculpa para carnaval, ainda mais antes dele, este tal sábado foi o Encontro do Bloco Pré-Carnavalesco Pindura a Língua no Varal do grêmio recreativo homônimo, tudo isso aconteceu em nossa Teófilo Otoni, cidade que se gaba de já ter tido carnaval, o que não é mentira.

Por aqui tivemos escolas de samba, blocos carnavalescos, cordões de frevo e por aí vai. A disputa era acirrada entre os carnavais de rico e de pobre, as anedotas e confusões, além de algumas raras vezes, os ricos convidando uns pobres para se apresentarem em suas automobilísticas folias. As mulheres da vida nada fácil também neste tempo folião defendiam seu pão e desfilavam em seus blocos.

Mas o que aconteceu?

Este é ainda um mistério para os historiadores amadores e profissionais. O certo é que nos últimos 30 anos tudo mudou. Os blocos, os cordões, os bailes e as escolas se foram às brumas da memória. E há a lamúria sebastianista com o tom dos boleros tocados na repaginadamente bisonha fonte luminosa.

O certo é que todos foram para o sul da Bahia hipnotizados pelas doces melodias repletas de vogais para os trios elétricos do pedaço baiano que em parte já foi mineiro, pra não dizer que nunca tivemos mar (outra longa história), e ininterruptamente cheio de mineiros deste nosso nordeste todo o ano.

Sempre por aqui existiram os entusiastas do carnaval e os pudicas típicos, como aquela comentarista que agora trabalha para Sílvio Santos que seu depoimento indignado circulou no Facebook no ano passado com seu discurso anti-carnaval (clique aqui e veja o vídeo) .

Para alegria de uns e talvez futura de outros, há ainda muita saliva e pouco suor.

Voltemos à Língua no Varal.

Como disse lá em cima, no último sábado, 28 de janeiro, na Estação Doce Maria rolou o tal encontro do bloco pré-carnavalesco. Foi uma baita festa que começou por volta das duas horas da tarde e foi até perto das dez da noite.

No começo, como sempre nesta nossa cidade em que a turma espera pra ver o tombo, a Charanga do Sargento Brandão subira no palco semi-rente ao chão e começa a lançar seus acordes típicos das torcidas nos estádios. Para quem não sabe, esta banda há anos, e muitos anos nisso, é responsável por um espetáculo no mínimo sui gereris nas ruas de Teófilo Otoni. Seja nas portas de lojas, geralmente de móveis populares, ou qualquer um disposto a fazer uma boa campanha publicitária, a charanga vai para cima de caminhões, toca em sacadas, faz serenata, toca na rua mesmo e sempre sob o implacável Astro de nossa terra, o Rei Sol.

Num primeiro momento o surdo da Charanga fora tocado por Roberto Tomich, mesmo que seu instrumento no momento seja sua inseparável sanfona. Chegando o titular do surdo e nosso amigo Roberto logo se junta com seu instrumento típico.

Então estava formada a parte musical, a Charanga do Sargento Brandão mais o Acordeão de Roberto Tomich, inusitado e muito bom! O povo ainda estava sentado e olhando. Enquanto isso transmitíamos tudo pelo blog Mucury Cultural, os espectadores, que chegavam a mais de uma dezena, pelo chat perguntavam onde estava o povo a dançar. A resposta veio um pouco mais tarde quando um Giovane Cota, empresário, político, consultor e agora puxador de marchinhas, conseguiu levantar o povo, que timidamente foi tomando o “salão”, claro que aí o álcool ajudou na desinibição e finalmente a “porca torceu o rabo”, e a folia engendrou-se na casa até um bocado da noite.

Depois do frenesi de memórias afetivas, verídicas ou não, por um lado, e por parte dos que não tinham idade para acompanhar os carnavais antigos daqui, mas parece que aquela entidade mítica chamada de coletivo deu um remember nos mancebos, nosso amigo Roberto Tomich e David Saraiva com sanfona e violão tocaram um bocado para saciarem os foliões ainda sedentos de mais folia.

O resultado foi muito bom. A festa foi muito boa. E talvez o futuro também. A cada ano há mais gente por aqui que não vai mais para a Bahia, seja pela falência do modelo, pelo cansaço, pela falta de tempo, pelo enjoo mesmo ou ainda e principalmente pela falta de grana. Como não podemos ficar sem nosso carnaval de cada ano, este pode ser um bom cenário para repensarmos esta expressão cultural tão tipicamente brasileira, nosso bom e velho carnaval.

Talvez neste futuro sebastião a história seja um pouco diferente, quem sabe com um pouquinho mais de loucura carnavalesca consiga-se fazer um pré e um carnaval, mesmo que tímido, mas possamos reinventar nossa tradição, não é mesmo?

Então finalizamos aqui agradecendo e parabenizando a Estação Doce Maria e a insistência cármica de Sérgio Abdulah e Rose Medeiros.

Ah, como os fotógrafos estavam na folia as fotos não chegaram até o final deste texto, assim que chegarem, atualizaremos este texto.

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