terça-feira, 4 de janeiro de 2011

“É tempo de olhar para quem está criando”

Publicado originalmente por Leonardo Brant no Cultura e Mercado e retirado em 4/01/2011 do endereço:

http://www.culturaemercado.com.br/analise/%E2%80%9Ce-tempo-de-olhar-para-quem-esta-criando%E2%80%9D/

A frase da ministra Ana de Hollanda em seu discurso de transmissão de cargo, para uma plateia repleta de artistas, ativistas, políticos e muitas autoridades, dá o tom do novo Ministério da Cultura.

A noite chuvosa de Brasília não conseguiu estragar a grande comemoração que marcou a despedida de Juca Ferreira do Ministério da Cultura e a estreia de Ana de Hollanda como a primeira mulher a ocupar o cargo de Ministra da Cultura do Brasil.

O cerimonial armado por Juca Ferreira exaltava a sua própria presença. A cena, no entanto, foi delicadamente roubada por uma figura aparentemente frágil, de fala suave, porém firme, delicada e, ao mesmo tempo, ousada – como ela própria se define. Ana de Hollanda impôs-se com seu discurso assertivo, direto, em defesa dos artistas e criadores de todo o Brasil.

Não se trata de um deslocamento de eixo de atuação do MinC, que voltaria a viver de e para  os artistas, exclusivamente. O povo brasileiro continua sendo o beneficiário de todas as ações, mas com visão e sensibilidade para os criadores, artistas, construtores do campo simbólico – que nos define como povo e nação.

Diversidade finalmente reencontra sua irmã Criatividade. O pecado de viver do ofício da arte, com autonomia, sem dependência do balcão do Estado, encontra virtude ao lado da valorização do simbólico, dos saberes e fazeres em todos os cantos do país. Um saber que pertence ao povo, a cada um, e não ao governo.

Interessante a maneira como Ana de Hollanda eleva o MinC ao lugar mais estratégico que um governo poderia ter. Em vez de brigar por atenção, distinção, reconhecimento do próprio governo e da sociedade, Ana quer colaborar com os grandes desafios e metas do governo Dilma. Erradicar a miséria, qualificar as classes emergentes, estimular não só o consumo de eletrodomésticos, mas também de bens e ativos culturais. Exalta, pede apoio ao Vale Cultura.

Descentralizar, investir nos municípios, na construção da imagem do país no exterior: metas compartilhadas. A associação com as políticas de educação também recebe um novo tratamento, de contribuição com os desafios, qualificação dos processos, interlocução e mediação com a comunidade.

Pensar, fazer e escutar. Este será o novo estilo do MinC de Ana de Hollanda. E proclama: “não existe arte sem artistas”.

Um comentário:

  1. Mis saludos desde Santiago de Chile, muy interesante su espacio de comunicación y cultura, abrazo

    Leo Lobos

    ResponderExcluir

Comente