Retirado do Zema Ribeiro em 05/05/2011 do endereço:
http://zemaribeiro.blogspot.com/2011/05/balaiada-nas-ondas-do-radio.html
24 programas de 15 minutos são adaptação de histórias em quadrinhos. Magno Cruz é homenageado
ZEMA RIBEIRO
ESPECIAL PARA O IMPARCIAL
Insurreição popular ocorrida no Maranhão no segundo quarto do século XIX, a Balaiada será lembrada pela radionovela Dom Cosme, o tutor da liberdade. O título alude a Negro Cosme, liderança do movimento, até hoje um herói lembrado, sobretudo pelo movimento negro do Maranhão.
A radionovela foi aprovada pelo Grêmio Recreativo e Cultural Libertos na Noite, em edital público da Associação Brasileira de Rádios Públicas (Arpub), de 2010. A citada entidade ludovicense organiza o bloco afro Netos de Nanã e é ponto de cultura – o Dagbá Dijó Emi: em liberdade, juntos pela vida.
Os 20 mil reais assegurados pela seleção no edital garantiram a pesquisa, produção e gravação dos 24 programas, de 15 minutos cada – seis horas no total, tempo previsto no instrumento público de seleção. O time envolvido na feitura da radionovela ainda busca apoio para realizar um lançamento oficial da mesma, em São Luís. Magno Cruz, militante histórico do movimento negro maranhense, será homenageado: todos os programas são dedicados a ele, falecido em agosto do ano passado, durante o desenvolvimento do projeto.
“Uma das revistas em quadrinhos que adaptamos era de autoria dele [Negro Cosme e a Guerra da Balaiada]. A ideia da radionovela foi dele, que procurou a mim e a[o ator] Lauande Aires ainda em 2001. Na época havíamos acabado de fundar a Rádio Conquista FM [comunitária, sediada no bairro do Coroado]. O projeto à época acabou não vingando, só sendo retomado com o lançamento do Prêmio Roquete Pinto, em 2010”, explica a atriz e gestora cultural Elizandra Rocha, diretora-geral do projeto.
A outra revista adaptada para o rádio foi Balaiada: A Guerra do Maranhão, de Iramir Araújo, Ronilson Freire e Beto Nicácio. “Foi uma opção consciente, embora a literatura sobre o assunto seja escassa. As HQs retratam o movimento sob a ótica dos revolucionários, os líderes da Balaiada: Negro Cosme, Cara-Preta, Balaio, entre outros. Nas bibliotecas, o que encontramos sobre o assunto em geral trata estes herois como sanguinários desordeiros”, continua.
O elenco de Dom Cosme mescla nomes bastante conhecidos do teatro maranhense a talentos promissores: Urias de Oliveira e Gigi Moreira somam-se a Lauande Aires [diretor de elenco] e Neto de Nanã. Os dois últimos dividem a direção musical. Para Elizandra, “foi uma experiência muito interessante juntar saberes e fazeres tão distintos. Fazer rádio é estimulante. É um veículo de comunicação que ainda exerce muito fascínio nas pessoas. A dramaturgia em rádio exige muito talento e dedicação dos atores, já que toda a interpretação está na voz”.
A Arpub já disponibilizou todos os programas contemplados para audição e download em seu site. Os programas podem ser baixados por instituições que não tenham fins lucrativos, mediante cadastro no site. Os programas serão distribuídos a rádios públicas e educativas brasileiras, filiadas à associação.
No Maranhão Dom Cosme irá ao ar pelas ondas da Rádio Universidade FM, dentro do programa Santo de Casa, transmitido de segunda à sexta-feira, às 11h, dedicado à produção musical maranhense – até o fechamento da matéria, ainda não estava confirmada a data de início da veiculação, nem sua periodicidade.
Magno Cruz, o homenageado, era um aficionado por rádio. Apresentava um programa na Conquista FM e era ouvinte assíduo do Chorinhos e Chorões, dominical apresentado por Ricarte Almeida Santos, dedicado ao mais brasileiro dos gêneros musicais, como o nome já entrega. “Era costumeiro receber suas ligações nas manhãs de domingo. Às vezes para pedir maiores informações sobre determinado disco ou artista tocado. Às vezes simplesmente para um elogio sincero. Era um ouvinte fiel. Não há melhor meio para homenageá-lo que pela via do rádio, acertada escolha”, comentou o apresentador, vibrando ao saber, pela reportagem de O Imparcial, de Dom Cosme, o tutor da liberdade.
[O Imparcial, 3/5/2011]
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